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Ah!… esses nossos “liberais”

O partido da frente liberal não era liberal (nem o seu sucedâneo, o DEM – cuja metade dos deputados acabou de votar para matar o Uber).

Os nossos institutos liberais só são liberais em termos econômicos, mas odeiam o liberalismo político, que confundem com a esquerda (eles sempre imaginam que estão nos Estados Unidos). Basta ver que todos (ou quase todos) são trumpistas convictos. Comemoraram a vitória de Trump com insuperável ardor, como se as eleições tivessem sido vencidas por uma Ayn Rand reencarnada. E por algum motivo até hoje não viram que Trump, além de maluco, é um populista, um nacionalista temporão, um localista conservador e absurdamente não-cosmopolita em pleno dealbar de uma sociedade-em-rede.

Os nossos intelectuais que se dizem liberais têm medo da globalização: aceitam, sim, a globalização em termos econômicos, mas não querem nem ouvir falar de globalização em termos políticos (que chamam de globalismo: uma construção ideológica semelhante àquela do neoliberalismo nos anos 90).

Os ditos liberais brasileiros estão mais ocupados em ser anticomunistas (na velha vibe da guerra fria) do que em defender a expansão da esfera das liberdades. Estão alarmados com o gayzismo, com a educação sexual e com estudantes usando saias nas escolas, querem a redução da maioridade penal, alguns até a pena de morte, se incomodam com o casamento de pessoas do mesmo sexo, pregam a modificação do estatuto do desarmamento (novamente delirando que vivem nos Estados Unidos, no caso, nos séculos 18 ou 19) e, tal como a esquerda, ficam todos revoltados com “a grande mídia” que não ecoa suas opiniões (talvez haja aí alguma conspiração).

Tolamente, querem constituir uma direita para combater a esquerda, não se importando que, ao fazer isso, assumem um comportamento militante em tudo semelhante, conquanto simétrico, ao da esquerda.

Não, meus caros “liberais”. Não me venham dizer que vocês são de fato liberais. Vocês são apenas conservadores, tal como o esquerda (só que com o sinal trocado).

Deliciem-se agora com a metáfora da imagem que ilustra este post com fórmulas da indução eletromagnética. O fluxo magnético total no circuito 2 é a soma do fluxo devido a sua auto indução e o fluxo proveniente do circuito 1 devido a indução mútua. E o fluxo magnético total no circuito 1 é a soma do fluxo devido a sua auto indução e o fluxo proveniente do circuito 2 devido a indução mútua. E vocês ainda me perguntam por que a direita se parece tanto com a esquerda?

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