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“Disciplina MST”. Disciplina?

Outro ‘mecanismo’ que José Padilha não viu

Apareceu anteontem (27/03/2018), no Paraná, uma milícia fazendo a segurança de Lula composta por pessoas uniformizadas com camisetas com os dizeres “Disciplina MST”.

O assunto passou meio despercebido, mas o fato é gravíssimo. Não porque pessoas do (falso) movimento social chamado MST não possam proteger fisicamente Lula dos ataques de adversários (com ovos ou outros objetos). Temos de prestar atenção no que está escrito: não segurança ou organização (como é comum em eventos ou em casas de show) e sim disciplina.

Para os que investigam isomorfismos em padrões autocráticos, é um achado. Disciplina vai muito além. Disciplina para quê? O termo pressupõe a existência de um corpo separado de combatentes que deve seguir estratégias e táticas já traçadas. Evoca uma ordem determinada antes da interação (não uma ordem emergente, que seria própria de verdadeiros movimentos sociais) e invoca as noções cognatas de obediência, comando-e-controle e fidelidade impostas top down. Revela, assim, a existência de uma organização hierárquica e autocrática, que atua, segundo declarou o próprio Lula, como uma espécie de “exército”.

Está na cara que é uma milícia (e enseja a percepção de isomorfismos com outras milícias, como os colectivos bolivarianos La Piedrita e Tupamaros na Venezuela e com a própria SA – Sturmabteilungen, os camisas pardas – nos seus primórdios na Alemanha nazista).

Ademais, o nome sugere que se trata de uma força disciplinadora (uma espécie de polícia interna) dos próprios militantes do “movimento”.

Também passou meio despercebido o fato de que o único evento público que Lula conseguiu fazer na sua campanha eleitoral disfarçada de “caravana” pelo Sul do país sem ter sido alvo de protestos ocorreu em Quedas do Iguaçu.

Estive na região há uns dois anos, onde meus passos foram vigiados por agentes da organização política clandestina que dirige de fato o MST (talvez em razão do meu passado – alguns me conheciam – eles não tiveram coragem de me confrontar, mas deram a entender claramente que eu não era bem-vindo). Quedas do Iguaçu (ou pelo menos parte da sua zona rural) é mais ou menos assim como aqueles territórios liberados pela guerrilha. O MST tem controle total do interior do município (e sua presença como Estado paralelo é ainda maior do que a do narcotráfico nas favelas cariocas).

Tudo isso vem sendo articulado e implantado há anos (mais de duas décadas) e os poderes constituídos (para não falar dos partidos de “oposição” ao PT) nunca acenderam o alerta vermelho (e nem mesmo o amarelo).

Com que recursos, e vindos de onde, tudo isso é organizado? Esse é outro ‘mecanismo’ que o José Padilha não viu…

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