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É tempo de novos pensadores

Quando falo em sociedade-em-rede as pessoas pensam que estou falando de uma sociedade de usuários do Facebook e do Twitter. Ou seja, ainda confundem redes sociais com mídias sociais. Essa dificuldade de comunicação não é só com este tema. Como houve uma volta coletiva no tempo, de várias décadas, quase tudo que falo em 2017 não é entendido por quem vive em meados de 1980. Mas vai piorar, pois a regressão continua. Daqui a pouco vamos ter que tentar conversar com os habitantes do século 17.

Vamos ver alguns exemplos.

Desentendimentos 1

Desentendimentos 2

Desentendimentos 3

Desentendimentos 4

Desentendimentos 5

Desentendimentos 6

Desentendimentos 7

NOVOS PENSADORES

Tendo em vista tais dificuldades, estou preparando um programa online sobre as novas visões emergentes do mundo no dealbar deste século 21, do ponto de vista das redes e da democracia. Novas visões da humanidade, da história humana, da civilização, da cultura, da sociedade, da comunidade, da política, da sabedoria, da inteligência humana, da criatividade e da inovação, da educação, da filosofia e da ciência.

O objetivo é entrar em contato com os novos pensadores que estão tratando desses assuntos nas fronteiras do conhecimento, porém ousando ser também um novo pensador. É o contrário de tentar reinterpretar o passado apoiando-se na visão de grandes pensadores clássicos, escolhidos cuidadosamente pelo seu potencial de modificar o passado para predeterminar um caminho para o futuro. Na sociedade-em-rede todos seremos pequenos pensadores (numa época em que small is desirable, beautiful and empowerful) em vez de nos ajoelharmos diante desse ou daquele suposto sumo-sacerdote do conhecimento, de ser seguidores fiéis de uma doutrina ou súditos intelectuais de algum mestre.

Para entender o mundo em que estamos vivendo você tem que ser um novo pensador. E se você é humano, ou seja, se tem essa maravilhosa faculdade que chamamos de inteligência tipicamente humana, você é um pensador: não importa quantos livros leu, quantos cursos acadêmicos frequentou ou quantos certificados, títulos e diplomas recebeu.

Será um programa semanal ao vivo, conduzido por mim, sem dia para terminar ou para começar.

PENSANDO NA CONTRAMÃO DO REBANHO

Não será um curso online de filosofia. Não sou filósofo, no sentido em que Platão usou o termo (e que se consagrou como definição oficial de filosofia), e sim no sentido geral em que Wittgenstein tomou a palavra filosofia: explorações que tentam articular construções de pensamentos de sorte a torná-los claros e definidos (sim, isto é filosofia, na acepção nua e crua de Ludwig Wittgenstein).

Platão, aliás, foi o responsável por empregar o termo filósofo com propósitos doutrinários, para fins de disputa e propósito odioso de separação. Eis aí a origem do julgamento hostil de Platão (e Aristóteles) sobre os sofistas, que não seriam, segundo eles, filósofos. Pior: além de não serem filósofos, os sofistas eram inimigos da filosofia. E, ainda por cima, os sofistas, segundo Platão, eram imorais (ou amorais). A justificativa para tão cruel – ademais de incorreto e calunioso – juízo era mais ou menos a seguinte: verdade e realidade eram objetivas, não subjetivas; logo, todos os que negassem isso se opunham à verdade e à realidade. E defender o ponto de vista segundo o qual o certo e o errado eram subjetivamente determináveis significava negar totalmente a validade dos valores morais. Pura doutrina.

Sou mais um cientista, ou seja, alguém dedicado a formular teorias que nascem de processos de observação-investigação-explicação realizados segundo certos critérios epistemológicos (isto é ciência). Mas, mesmo assim, sou um cientista open science, na medida em que não aceito que ciência seja apenas produto da academia (e toda academia é platônica), propriedade da escola (que é o sentido original da palavra escolástica e que era mais platônica, como se conclui estudando Robert Grosseteste, do que aristotélica). Também não aceito que o único método científico válido seja o mecanicismo, segundo a visão dos epistemólogos da ciência que pontificaram a partir do final do século 19 e reinaram na primeira metade do século 20, imaginando que a filosofia da ciência fosse uma espécie de ciência da ciência, o que não passa de mais uma doutrina.

Tudo isso é atividade de pensamento, dos pensadores que pensam na contramão do rebanho, não aceitam as verdades decretadas pelos candidatos a pastores (ou condutores de rebanhos) e nem os juízos dos tribunais epistemológicos que assumiram a função de validar as explicações do mundo, que seriam as únicas legítimas e corretas (invalidando as demais), para ambos. O que também é doutrina (e, como tal, uma espécie de religião, como, aliás, mostrou Paul Feyerabend).

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