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Não há lado

Quando forças policiais chamadas para conter uma manifestação popular se juntam aos protestos e são aplaudidas pelos manifestantes (como ocorreu no dia 21 de março de 2016 em Brasília) é sinal de que esgotou-se a capacidade de exercer o governo pelos de cima.

Classicamente episódios como este foram considerados como indicadores de dualidade de poder. Mas não é bem disso que se trata agora. Não há propriamente um poder contra o poder de Estado, não há um lado contra o outro lado (como quer nos fazer crer a teratologia argumentativa petista).

As revoluções políticas tradicionais da chamada esquerda, que visavam substituir um poder por outro poder (não raro com a mesma estrutura hierárquica e a mesma dinâmica autocrática), sempre foram operadas por minorias. Mas o que estamos vendo neste momento no Brasil é a expressão da indignação de amplas maiorias.

Nestes casos, não há lado (a não ser nas mentes infectadas pelo malware da luta de classes). Porque não precisa de lado. Porque não é guerra. São as pessoas, simplesmente as pessoas normais, de todos os lugares, que não suportam mais ser manipuladas por um governo autoritário e corrupto.

Os fabricantes de guerra, estes sim, que precisam construir inimigos para configurar um lado sempre em luta contra “os demônios ruivos que habitam o outro lado da montanha” (como troçou Jung certa feita), hoje são uma ínfima minoria (a despeito de ainda contarem com forte apoio estatal) confinada em guetos jihadistas (quer dizer, que pervertem a política como continuação da guerra por outros meios): nos partidos estatistas, nos governos e nas empresas estatais aparelhados por partidos estatistas (sobretudo nos cargos de confiança), nos fundos de pensão de empresas estatais, nos sindicatos e associações profissionais, nos incorretamente chamados de movimentos sociais (que funcionam como correias de transmissão do partido), nos meios artísticos e culturais que se beneficiam de financiamento público (via renúncia fiscal), nas ONGs que viraram, na prática, organizações neo-governamentais (financiadas com dinheiro público), nos veículos de comunicação da rede suja financiada com dinheiro público (sobretudo via patrocínio de estatais), nas áreas de ciências humanas das universidades e em alguns escritórios de advocacia (que seguem a linha do falecido Consiglieri Marcio Thomaz Bastos).

Hoje essa turma toda somada, juntamente com suas áreas de influência, fora de períodos eleitorais, não perfaz mais do que 7% da população brasileira.

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