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O mais perigoso erro político da atualidade

Promover a confusão entre a corrupção petista e a corrupção dos demais partidos (a corrupção endêmica, tradicional no meio político) é a única saída do PT.

Isso foi pensado: o PT depositou seus ovos dentro da carcaça podre do velho sistema político. Por que? Porque além de praticar a corrupção tradicional, por ganância individual – e até por estratégia coletiva de defesa: para criar um escudo de cumplicidade e impunidade – o que caracteriza o lulopetismo é que ele praticou a corrupção com motivos estratégicos, para bolivarianizar o regime e violar a democracia. Para impor o chamado “controle social da mídia” (na verdade, um controle partidário-governamental). Para financiar ditaduras mundo a fora. Para neutralizar pessoas que se tornam obstáculos ao seu plano de conquistar hegemonia sobre a sociedade a partir do Estado aparelhado pelo partido. Para nunca mais sair do governo. Tudo isso é uma ameaça infinitamente mais grave para a democracia – quer dizer, para nossa liberdade -, do que roubar dinheiro e comprar carros, barcos, jóias e ternos de luxo (como fez, por exemplo, Sérgio Cabral: ou alguém acha que ele roubou tanto para financiar Angola, Cuba, Venezuela ou Nicarágua?).

Não ver essa diferença ou julgá-la irrelevante conduz ao mais perigoso erro político da atualidade.

Os moralistas que querem limpar a política dos corruptos – colocando todos no mesmo bolo, como se fossem iguais em seus propósitos – estão, objetivamente, prestando um serviço ao PT e um desserviço à democracia.

O mais grave, porém, é que esse moralismo, que afeta as pessoas avessas ou indiferentes à política e de pouca intimidade com a democracia, está sendo estimulado neste momento por grupos autocráticos que querem faturar na crise, elegendo seus líderes. É um erro, que pode nos jogar no buraco.

Ora, se todos não prestam, por que não o PT? Por que não o Lula de novo? Se essa coisa pega (e pode pegar), os tais líderes que apostam na confusão para se dar bem não terão a menor chance eleitoral. O tiro sairá pela culatra.

Ou alguém imagina que, num clima de “ninguém presta”, um maluco autoritário como Bolsonaro, vai se sair melhor nas urnas do que um Lula (aquele que governou para os pobres, permitindo que eles andassem de avião ou fizessem faculdade)?

Essa estratégia é louca. Louca e irresponsável. Se prevalecer, certamente o PT voltará ao poder.

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