Este é o núcleo da oitava reflexão terrestre sobre a democracia
A política da destruição leva a mais destruição. Funciona como a espiral da vingança. Cortar cabeças pede sempre mais cabeças. A perspectiva dos vingadores é sempre apocalíptica. Mas como não haverá um Armagedom, após o qual surgirão novo céu e nova terra, não há solução fora da democracia.
Os que esperam que tudo será resolvido por uma enchente amazônica ou por uma explosão atlântica só conseguirão levar as multidões ao pânico. A solução não advém, nem sobrevém. Ela só pode ser construída por nossos atos cotidianos, singulares e precários, de ampliação da liberdade e da igualdade em todos os lugares, no Estado e na sociedade.
Quem não entendeu isso, não captou a essência (o genos) da democracia.
A sociedade é fêmea (seu bios é a rede-mãe). A via seca dos velhos alquimistas a ela não se aplica. Sua dinâmica é mais parecida com a da formação de um clone fúngico do que com a de uma erupção vulcânica. O processo é úmido: passa por repetidas operações de fermentação, destilação, calcinação, dissolução, sublimação, coagulação, separação e união. E depois começa tudo de novo.
Quem não suporta essa espera – ou seja intermitência – e quer resolver tudo de uma vez acaba aderindo a algum milenarismo ou conspiracionismo. Ou apostando num salvador com poderes sobre-humanos (quer dizer, antidemocráticos).
Sim, a democracia é terrestre. Se fosse utópica, seria celeste.
Para entender essas metáforas, comece do início:
Primeira reflexão terrestre sobre a democracia
Segunda reflexão terrestre sobre a democracia
Terceira reflexão terrestre sobre a democracia
Quarta reflexão terrestre sobre a democracia
Quinta reflexão terrestre sobre a democracia
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