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Os 59 Tomahawk e os “liberais” trumpistas

Nossos “liberais” trumpistas estão um pouco confusos com o recente bombardeio, ordenado por Trump, contra a Síria.

O trumpismo de nossos “liberais” tem as características de uma doença cognitiva. Se Trump declara, em campanha, que era um erro combater Bashar al-Assad, criando uma instabilidade na região, entregando a Síria nas mãos dos terroristas e, ainda por cima, comprando briga com Putin, os nossos “liberais” diziam: está certo, Trump está preocupado com o que de interessa de facto (não é como Obama, aquele irresponsável que, com sua mania de denunciar Assad, não reconhecendo a soberania da Síria, podia acabar nos jogando numa guerra com a Rússia).

Mas agora Trump bombardeou uma base aérea de Assad com vários mísseis. Aí os trumpistas dizem: está certo, Trump está defendendo os direitos humanos, pois Assad ultrapassou todos os limites ao usar armas químicas contra a população. Direitos humanos, “Donald Gandhi”? Conta outra.

Não lhes ocorre, nem por um momento, que não foi a primeira vez que Assad (com o apoio de Putin) usou armas químicas. Aliás, massacrar populações é uma especialidade da dinastia dos genocidas Assad: Hafez, seu pai, devastou a população da própria cidade de Homs (local das instalações militares que foram vítimas do bombardeio de Trump). Recentemente, Bashar voltou a usar armas químicas (antes do evento que motivou o ataque dos 59 mísseis Tomahawk). E, mesmo assim, Trump fez as declarações que fez.

E agora Trump mudou bruscamente de opinião. O que mudou? E o perigo da guerra com a Rússia? E o perigo dos terroristas tomarem o governo da Síria? Não existem mais?

E os atentados passados de Assad aos direitos humanos (inclusive com armas químicas), não justificavam nenhuma ação contra ele? Onde então Obama errou: quando bombardeou a Síria ou quando não bombardeou? Deveria ter feito o quê, segundo Trump? Onde está a coerência?

Vejam dois tweets de Trump, em 5 e 7 de setembro de 2013 (quando já se sabia que a Síria era governada por um ditador genocida, que violava de montão todos os direitos humanos existentes ou imagináveis):

Trump 5set2013

Trump 7set2013

Cabe lembrar que foi o ditador Assad que instalou a guerra na Síria. Assim, não podemos acreditar nos que dizem que a situação na Síria é culpa dos grupos terroristas. Sim, há vários grupos terroristas atuando. Mas isso foi depois de Assad reprimir com mão de ferro as manifestações pacíficas de 2011. Com medo de uma “Primavera Síria” (e não querendo ter o mesmo destino de Mubarak, que foi deposto pela Praça Tahir, no Egito, em 11 de fevereiro de 2011), o ditador e genocida Assad (seguindo caminho de seu pai, o ditador e genocida Hafez) resolveu instalar a guerra. Para matar a rede, atirou contra as pessoas indefesas que protestavam pacificamente. A repressão brutal começou em março de 2011. Depois, deu no que deu. Leiam as notícias da época. Naquela ocasião a administração Obama pediu que todos os países parassem de comprar gás e petróleo da Síria, como forma de pressionar o presidente Bashar al-Assad.

Também não lhes ocorre – aos nossos “liberais” – que Trump está tentando se recuperar do fiasco que têm sido seus primeiros dias na presidência. É claro que – segundo ele – não há nenhum problema em mudar de opinião, desde que isso contribua para deter a queda da “nossa” popularidade. Afinal… Bush filho tinha razão. Nada como uma guerrinha para subir nas pesquisas. Assim, “America First”, mas se não colar fazemos um bombardeio em algum lugar.

Não se discute aqui se a medida de Trump foi certa. Ou se as ações (ou inações) de Obama foram erradas (provavelmente foram). Registra-se, apenas, um dos zigue-zagues desse doidão populista que chegou na Casa Branca para tentar devolver os USA ao mundo das chaminés. Sempre contando, é claro, com o apoio dos nossos “liberais”.

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