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Revela-se, afinal, o objetivo da armação Janot-Fachin

Só estava faltando esta. Agora Temer é o chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil, segundo Joesley Batista. Então tá. A verdadeira organização política criminosa (chefiada por Lula, Dirceu e seus sequazes) pode respirar aliviada. A armação Janot-Fachin revela, afinal, o seu objetivo. Como queríamos demonstrar.

É engraçado de tão ridículo. Matéria da Época (Globo), que sai hoje, solta entrevista-bomba de Joesley Batista, do grupo Friboi – aquele que só cresceu como cresceu em razão da injeção de dinheiro barato do BNDES, seguindo a política dos “campeões nacionais” de… Temer!

Não vale a pena replicar aqui a entrevista. Até Josias de Souza percebeu que é demais. No post intitulado Joesley soa como virgem de Sodoma e Gomorra, publicado hoje (17/06/2017) no seu blog do Uol, ele escreveu o seguinte:

De passagem pelo Brasil, o corruptor confesso Joesley Batista falou à revista Época. Apresentou-se na conversa como uma vítima de políticos achacadores. Nessa versão, se não distribuísse mimos e propinas os interesses do seu grupo empresarial seriam prejudicados. A tese da extorsão é cansativa e ofensiva. Ela cansa porque já foi usada à exaustão pelas empreiteiras pilhadas na Lava Jato. Ofende porque supõe que a plateia é feita de imbecis.

Na definição do dono da JBS, “Temer é o chefe de uma organização criminosa” que inclui Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves, Eliseu Padilha e Moreira Franco. “Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles.” Por quê? “Para não armarem alguma coisa contra mim.” Há, hã… O problema dessa formulação é que, guiando-se por autocritérios, Joesley participa do enredo da rapinagem no papel de um anjo cercado de demônios.

As asas angelicais do entrevistado abriram-se com maior entusiasmo no instante em que ele explicou por que pagava pelo silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, que estão atrás das grades. “Virei refém de dois presidiários. Combinei quando já estava claro que eles seriam presos, no ano passado. O Eduardo me pediu R$ 5 milhões. Disse que eu devia a ele. Não devia, mas como ia brigar com ele? Dez dias depois ele foi preso.”

O anjo prosseguiu: “Eu tinha perguntado para ele: ‘Se você for preso, quem é a pessoa que posso considerar seu mensageiro?’. Ele disse: ‘O Altair procura vocês. Qualquer outra pessoa não atenda’. Passou um mês, veio o Altair. Meu Deus, como vou dar esse dinheiro para o cara que está preso? Aí o Altair disse que a família do Eduardo precisava e que ele estaria solto logo, logo. E que o dinheiro duraria até março deste ano. Fui pagando, em dinheiro vivo, ao longo de 2016. E eu sabia que, quando ele não saísse da cadeia, ia mandar recados.”

Que a política virou apenas mais um ramo do crime organizado, ninguém ignora. Nessa matéria, a Lava Jato eliminou até o benefício da dúvida. Mas Joesley só está solto para dar entrevistas porque sua delação foi superpremiada pela Procuradoria-Geral da República. O delator faria um favor aos brasileiros se não exagerasse na pose.

O que há de novo no país que a força-tarefa de Curitiba desencavou é que, pela primeira vez desde as caravelas, a polícia, a Procuradoria e a Justiça invadiram os salões do clube dos corruptores, do qual Joesley Batista é sócio-atleta. O barão da carne ainda não se deu conta da aversão que sua despudorada figura passou a despertar.

Hoje, só há dois tipos de brasileiros: os desinformados e os que torcem para que os lucros que a JBS obteve no mercado financeiro manipulando a própria delação resultem em nova ação judicial. Coisa séria o bastante para levar gente como Joesley à cadeia sem prejuízo da utilização de tudo o que foi delatado para fins criminais.

Até lá, convém a Joesley não diminuir sua importância como corruptor no maior esquema de rapinagem sob investigação no planeta. Do contrário, sua voz soará nos depoimentos e nas entrevistas como ladainha de uma virgem de Sodoma e Gomorra.

A entrevista da Época é apenas mais um movimento – com a colaboração dos meios de comunicação – no vale-tudo para tirar Temer. A grande mídia publica e veículos auxiliares, como O Antagonista – hoje um site de malfeitores – se lambuza na “revelação”.

Quem parar um minuto para pensar, percebe que a história não fica em pé. Temer pode ser tudo o que de pior existe no velho sistema político que apodreceu, mas não chefe da maior e mais perigosa organização criminosa do país. Não tem perfil político, nem psicológico, para tanto. Não há antecedentes conhecidos, nem evidências perceptíveis na sua trajetória, de que ele seja isso. Engraçado que Joesley – segundo a Época – usa a palavra Orcrim (inventada pelo O Antagonista, inicialmente para designar o PT e, depois, com a decaída do site para a rede suja, deslizada para designar o atual governo ou para carimbar qualquer grupo de desafetos dos jacobinos).

As pessoas devem estar pensando. Como são ingênuos esses bravos patriotas do PT, que escolheram Temer para vice, duas vezes, sem saber que estavam dormindo com o inimigo: nada menos do que o chefe da maior e mais perigosa organização política do Brasil. Carái, mano!

Enquanto isso… vamos aos fatos. Quais são os fatos, por trás das narrativas engendradas? Os fatos são os seguintes:

Lula (o chefe, segundo o próprio Deltan Dallagnol – que agora deve estar amargurado por ter se enganado tanto), continua solto. Verdade ou mentira?

Dirceu (o sub-chefe, o “capitão do time” de Lula) não voltou para a cadeia. Confere?

Do núcleo duro da organização política criminosa (chefiada por Lula, Dirceu e seus sequazes), apenas uma pessoa continua presa (em regime fechado): João Vaccari (não, Palocci – há muito tempo – não pertence mais ao inner circle). Certo?

Até agora, pelo menos, nunca se ouviu dizer que a organização criminosa que Temer chefia tenha repassado parte dos recursos de que se apropriou criminosamente para apoiar protoditaduras ou ditaduras na África ou na América Latina, nem para eleger ou reeleger gente como Chávez, Evo, Ortega, Funes etc. falsificando a vontade política dos povos dos países dominados e manipulados por esses meliantes. Ou será que estamos enganados e era Temer o tempo todo que levava o PT a proceder assim?

Não há nenhuma evidência de que perigosa organização criminosa chefiada por Temer tenha sequestrado, torturado e matado algum prefeito do seu partido, para calá-lo. Ou há?

Também não há nenhuma evidência de que essa “Orcrim” temerista tenha pensado ou tomado iniciativas para estabelecer o controle partidário-governamental (disfarçado de social ou civil) dos meios de comunicação e da internet. Mas quem sabe, tudo isso não tenha saído mesmo da cabeça maligna de Temer, sempre manipulando os ingênuos petistas por trás dos panos.

Igualmente não se ouviu dizer que Temer tenha planejado instaurar forças de segurança militarizadas (guardas nacionais) sob o controle do governo e não como entes de Estado. Errado! Quando Marcio Thomaz Bastos, ainda em 2004, bolou tudo isso, deve ter sido a mando de Temer.

E nem que ele tenha tentado criar novas instâncias participativas, dirigidas por seu partido, para cercar a institucionalidade vigente e subordinar a dinâmica social à lógica do Estado aparelhado. Hummm… Vocês não sabem, mas o Decreto 8243, assinado por Dilma, foi, na verdade, redigido por Temer.

Por último, por incrível que pareça, a organização de Temer nunca defendeu a formação de alianças internacionais por meio de uma política externa ideológica, de alinhamento com regimes antidemocráticos, ditatoriais e protoditatoriais. Nada disso! Ficou provado pela política externa imposta por Temer ao Itamaraty desde que ele assumiu o governo, que ele gosta mesmo é de ditaduras, vocês não estão vendo?

Mas não adianta analisar, protestar, estrebuchar: a ordem já está dada! Vamos abolir os fatos. O que vale é a narrativa. Foi Temer que bolou e operou o mensalão. E foi a sua organização criminosa (a maior e a mais perigosa do Brasil) que planejou e executou o petrolão. Ademais, foi também Temer que saqueou o BNDES para fabricar gente como Fake Batista e a dupla de Freeboys Joesley & Wesley.

É bom avisar, para quem não percebeu, que tudo isso é ironia e até um pouco de chacota. Não dá para encarar os conspiradores janotistas a não ser na base da chacota.

Estamos diante do maior processo de falsificação que já foi realizado no Brasil recente. Mas devemos ficar tranquilos. Porque “as instituições estão funcionando”. O problema é que instituições como a dirigida por Janot funcionando dão nisso que estamos vendo.

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