Todo democrata deve torcer para o governo Bolsonaro dar certo e deve fazer tudo que estiver ao seu alcance para o bolsonarismo dar errado.
Parece óbvio. Mas alguns analistas políticos continuam confundindo tudo: oposição (normal, como em qualquer democracia) ao governo legitimamente eleito de Bolsonaro (um bem público) com resistência democrática na sociedade ao avanço de uma força política maligna para a democracia (o bolsonarismo).
Não se pode fazer tal confusão. E você, que está lendo este artigo, não deve se fazer de desentendido. Explico.
Parece que acertei na mosca quando disse que um algoritmo super-simples para identificar bolsonaristas (não estou me referindo ao eleitores normais de Bolsonaro, mas aos militantes, aos cruzados) era perguntar:
“Você aprova Donald Trump?”
Estimei, com razão, que 100% responderiam: sim. A questão, porém, não é nem o Trump e sim o perigoso Steve Bannon que está por trás dele, hoje informalmente. Agora veio o chanceler de Bolsonaro confirmando tudo: o DEUS de Trump (leia-se Bannon) ACIMA DE TUDO.
E acertei também quando disse, há vários meses, que 70% dos bolsonaristas são olavistas (inclusive o tal Ernesto Araújo, o novo ministro da relações exteriores do Brasil).
Sim, os bannonistas estão chegando. Eduardo Bolsonaro disse que o nome do Ernesto Araújo (o novo chanceler trumpista anunciado) surgiu como indicação do Olavo de Carvalho, através do Filipe Martins (um integrante do site Senso Incomum, da nova direita olavista), que assessora o PSL (ou os filhos e a entourage de Bolsonaro) nessas questões de política internacional. É isso aí. É a chamada “nova” direita bannonista (do celerado Steve Bannon).
Não há mais o que discutir. Bolsonaristas e integrantes da chamada “nova direita” brasileira são bannonistas (de Steve Bannon) e, por isso, trumpistas (todos) e olavistas (em sua maioria). Não confunda bannonista com bananista: não tem nada a ver com a nossa velha república bananeira (o que seria um “mal menor” do ponto de vista da democracia).
Aos que dizem que não se pode fazer nenhuma crítica, posto que o governo nem começou, tenho perguntado:
“Você está falando do quê? Do governo Bolsonaro? Eu não estou. Estou falando do avanço do bolsonarismo na sociedade: uma força obscurantista, não somente anti-liberal, mas anti-democrática: a lama do fundo do poço da cultura patriarcal perversamente politizada”.
Não, não vamos esperar quatro anos para denunciar o bolsonarismo. Os democratas torcemos para que o novo governo dê certo (pois um governo é de todos nós, existe para servir à sociedade). Outra coisa, muito diferente, é o bolsonarismo.
Tudo vai depender, é claro, de se o bolsonarismo vai conseguir capturar o governo Bolsonaro e em que medida. A nomeação de um trumpista e olavista para chefiar o Itamaraty não é um bom sinal, mas ainda é cedo para fazer um juízo definitivo.
O fato é que os democratas temos agora três desafios diante de nós:
1) Como ser contra o bolsonarismo sem ser liderado pelo lulopetismo?
2) Como continuar criticando o lulopetismo sem ser liderado pelo bolsonarismo?
3) Como torcer para o governo Bolsonaro dar certo sem avalizar (e fortalecer) o bolsonarismo?
É isso aí.
Deixe seu comentário