Um resumo do que já sabemos e que é definitivo, não vai mudar
1 – Bolsonaro é populista-autoritário (nacional-populista), i-liberal e majoritarista. Como tal, é um adversário da democracia.
2 – Bolsonaro não é presidente do Brasil e sim um chefe de facção. Quando ele fala “o povo” refere-se a seus seguidores (a facção) e a seus futuros eleitores.
3 – Bolsonaro não veio para construir nada e sim para destruir. Por isso não se interessa em governar, mas apenas em fazer campanha eleitoral o tempo todo (desde que assumiu a presidência não saiu do palanque).
4 – O objetivo estratégico de Bolsonaro é transformar nossa democracia eleitoral em uma autocracia eleitoral (como aconteceu na Hungria e está prestes a ocorrer na Polônia).
5 – O comportamento negacionista de Bolsonaro em relação à pandemia faz parte do seu projeto de destruição (que é necrófilo): ele aderiu à tese de que seria possível alcançar imunidade de rebanho através da doença (matando, para tanto, 4 milhões de pessoas) – e ignorando os cuidados sanitários (sabotando o distanciamento e o uso de máscaras, inventando falsos remédios) – porque isso casava perfeitamente com sua necropolítica.
6 – Bolsonaro não tem força para dar um golpe à moda antiga (um golpe militar ou autogolpe com tanques nas ruas), mas alimenta a expectativa de que pode ser apoiado para praticar um governo cada vez mais despótico (se parte do seu “povo” – policiais e militares, donos e frequentadores de clubes de tiro, membros de empresas de segurança, caminhoneiros, garimpeiros, madeireiros e milícias – estiver armada nas ruas).
7 – Bolsonaro já está dando outro tipo de golpe desde que assumiu o governo e esse golpe em termos contemporâneos consiste em acelerar a erosão da democracia. Para tanto, está atacando e degenerando as instituições da democracia que podem colocar um freio ao seu poder (ou contrabalança-lo): a imprensa livre, o STF, o parlamento (os parlamentares que não estão dispostos a se vender no Congresso), os governos estaduais e municipais não-alinhados ao Planalto etc.
8 – Bolsonaro está aparelhando o governo com militares e controlando todos os órgãos de Estado que usam a força ou a coerção legal (parte das Forças Armadas, parte da Polícia Militar e das policiais civis, a Polícia Federal, a PRF, a PGR, o COAF, a Receita, a Abin, a AGU).
9 – Para acelerar a erosão da nossa democracia Bolsonaro está instalando uma guerra civil fria no Brasil, jogando o seu “povo” (o “nós”) contra o “sistema” (o “eles”: os que não o apoiam).
10 – Bolsonaro está apostando na polarização populista (é por isso que o candidato de seus sonhos é Lula) que – quando acirrada – tende sempre ao empate e torna verossímil o questionamento do resultado eleitoral pela acusação de fraude. A acusação de fraude será a senha para seus milicianos saírem às ruas negando o resultado das urnas, instalando um conflito violento e, com isso, dando a deixa para as forças armadas e policiais bolsonaristas intervirem em sua defesa.
11 – Bolsonaro sabe que só pode ser parado se as pessoas saírem às ruas aos milhões, em gigantescos swarmings, para exigir sua renúncia ou o seu impeachment.