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13 critérios para escolher candidatos em 2022

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OS 13 CRITÉRIOS

As eleições vêm aí. Eis algumas orientações para uma opção democrática em 2022. Trata-se de uma lista de treze critérios para escolha de presidente, governador, senadores e deputados federais e estaduais, comprometidos com a democracia liberal.

Como a democracia é um processo de desconstituição de autocracia e só se aprende mesmo pelo avesso, todas as orientações começam com um NÃO!

1 – Não vote em quem ataca – ou não defende – as instituições da democracia (em especial o Supremo Tribunal Federal, o Congresso, a imprensa profissional etc.).

2 – Não vote em quem pretende estabelecer um controle partidário-governamental (mesmo que disfarçado como controle social ou civil) dos meios de comunicação.

3 – Não vote em candidatos que pregam a volta da ditadura de 1964, que elogiam o AI5, que defendem intervenção militar (mentindo que ela seria constitucional) ou que propõem qualquer tipo de tutela militar sobre o legítimo poder civil.

4 – Não vote em candidatos que apoiam (ou defendem, ou desculpam) ditaduras (autocracias fechadas ou autocracias eleitorais), sejam de esquerda (como Cuba, Venezuela, Nicarágua, Angola) ou de direita ou extrema-direita (como Hungria, Índia, Turquia, Filipinas).

5 – Não vote em quem adotou uma postura negacionista em relação à pandemia do coronavírus, em quem não se vacinou ou foi contra as vacinas (ou fez corpo mole para adquiri-las), em quem não defendeu o uso de máscaras e o distanciamento social.

6 – Não vote em candidatos demagogos, que prometem o que não podem fazer, nem em “salvadores da pátria”, populistas que – dizendo-se de esquerda ou de direita, pouco importa – convertem a política em uma guerra do “nós” contra “eles” (ou do “povo” contra as “elites”; ou do “povo” contra “o sistema”; ou do “povo” contra os “corruptos”).

7 – Não vote em candidatos i-liberais e majoritaristas (que acham que democracia é a prevalência da vontade da maioria), sejam populistas-autoritários (ditos de direita ou de extrema-direita), sejam neopopulistas (ditos de esquerda), ou mesmo ditos de centro (se tiverem comportamento moralista-punitivista); ou seja, não vote em ninguém que queira transformar nossa democracia eleitoral em uma autocracia eleitoral, ou que queira estacionar nossa democracia no estágio de democracia eleitoral impedindo que ela se torne uma democracia liberal.

8 – Não vote em quem pretende fazer cruzadas de limpeza ética, explorando o moralismo da população para transformar as pessoas em combatentes de uma guerra de punição, uma espécie de comando de caça aos corruptos, em vez de confiar nas instituições do Estado democrático de direito e de exigir dessas instituições que cumpram seus deveres constitucionais.

9 – Não vote em candidatos que acham que democracia é eleição e que querem transformar a democracia em guerra eleitoral: fuja de quem quer conduzir “o povo” como se fosse um rebanho ou arregimentá-lo para qualquer tipo de guerra (contra o comunistas ou globalistas, contra os capitalistas exploradores e imperialistas ou contra um suposto “mecanismo” ou sistema de corrupção).

10 – Não vote em candidatos que não respeitam os direitos humanos (ou que acham que os direitos humanos só devem valer para alguns, que seriam os “bons” – ou as “pessoas de bem” – e não para os “maus”) e que não respeitam os direitos das minorias (comunidades tradicionais, índios e quilombolas, mulheres, negros, população lgtbqia+ etc.).

11 – Não vote em candidatos que não preservam o meio ambiente, que estimulam ou concordam com o desmatamento e as queimadas (na Amazônia e em outros biomas) sob o falso pretexto de que as regras, os cuidados e as precauções ambientais impedem a expansão das atividades econômicas.

12 – Não vote em candidatos que atacam ou desprezam a política democrática (feita legitimamente pelos cidadãos e seus representantes) e que pregam que a solução virá de cima para baixo, autoritariamente, a partir de um líder com poder para passar por cima das instituições democráticas; ou que, achando-se ungidos pelo povo, se comportam como se tivessem o direito de aparelhar e usar as instituições com propósitos partidários, sobretudo se esse líder acredita (ou vende a ideia) de que tem uma missão, conferida por Deus ou pela história,

13 – Não vote em candidatos que não aceitam que o Estado é laico e queiram obrigar as pessoas a seguirem sua religião e nem em candidatos que não aceitam a diversidade e a pluralidade de opiniões e que dizem que todos os que não concordam com eles são do mal (xingando-os de traidores da pátria, inimigos de Deus, da religião, ou da família, exploradores do povo, corruptos, comunistas ou fascistas).

O fundamental, porém, é nunca acreditar apenas no que dizem os candidatos. Para conhecer o caráter de uma candidatura (e da força política que ela representa) é preciso observar atentamente o comportamento dos seus militantes, cabos eleitorais ou apoiadores. É esse comportamento que revelará o que os líderes, muitas vezes, querem esconder para capturar seu voto.

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