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Precisamos de gente nas ruas

É fato que o PT, até hoje, não decifrou o junho de 2013. Não percebeu que havia perdido o monopólio das ruas. E, até hoje, não consegue convocar grandes manifestações. Se Lula e Bolsonaro chamarem para um protesto é possível que o de Bolsonaro seja maior.

Isso não quer dizer que a sociedade civil brasileira não tenha condições de fazer uma grande manifestação de rua. Quer dizer apenas que o arrebanhamento petista não funciona mais como antes. Ainda que a massiva adesão eleitoral à Lula permaneça, isso não se traduz em gente na rua.

Se é absolutamente necessário que as pessoas se manifestem contra as investidas antidemocráticas de Bolsonaro, então a convocação deve ser feita por uma frente ampla de democratas. Não poderá ser um pretexto para turbinar a campanha eleitoral do PT. Ninguém gosta de ser usado.

Além disso, há outro fator que não é tão difícil explicar. Não é a população que ganha até 2 salários mínimos, base eleitoral principal de Lula, que comparece nas grandes manifestações de rua. São os setores médios (estudantes, professores, funcionários estatais, profissionais liberais, trabalhadores qualificados).

Parte desses setores, reacionarizados pelo bolsonarismo, transformou-se em população politicamente ativa. Por isso não é improvável que uma manifestação convocada por Bolsonaro possa ter mais gente do que uma convocada hegemonicamente pelo PT.

A vantagem eleitoral de Lula tem três motivos principais: a insegurança, a lembrança e a esperança. Esses três motivos poderiam ser justificados assim: 1) a identificação com um líder paternalista; 2) a memória do Bolsa Família; e 3) o querer acreditar na promessa de “picanha com cerveja” para todos.

Essa vantagem de Lula concentra-se na população que ganha até 2 salários mínimos. A última pesquisa Quaest revelou que a distância entre Lula e Bolsonaro caiu de 35 para 23 pontos no público que recebe o Auxílio Brasil (sendo que esse auxílio ainda não foi pago a ninguém).

Se Lula perder a vantagem que ainda tem nesse público (beneficiário do Auxílio Brasil), empata com Bolsonaro (ambos com pouco menos de 40%, segundo simulações feitas com os dados de pesquisas atuais).

Cabe refletir que a base eleitoral principal de Lula é social, quer dizer, não é composta – em sua maioria – por uma população politicamente ativa. Pelo menos em parte, essa base está sempre à venda (ou pode ser comprada).

Não é uma opinião. É um fato. Apesar de tudo de ruim que Bolsonaro fez, a parcela da população brasileira que não passa fome ou graves carecimentos sobrevivenciais – justamente aquela que poderia sair às ruas para defender a democracia – não opta claramente por Lula em sua maioria.

Precisamos de gente nas ruas, não há dúvida. Mas só uma frente ampla democrática poderia fazer essa grande mobilização, não uma (única) candidatura do PT First.

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