No mundo da lua
Saiu ontem a noite a notícia de que Temer ia se recolher em São Paulo, abandonando o teatro de operações. O que Temer e seus acompanhantes têm na cabeça? Acharam que o jogo estava ganho?
Acharam que Temer poderia se recolher num retiro para fazer uma reflexão profunda, preparando-se espiritualmente para assumir o governo de mão-beijada logo mais adiante?
Acharam que poderiam acreditar nas declarações de deputados do baixo-clero negocista (boa parte dos quais sociopatas e psicopatas) de que iriam votar a favor do impeachment?
Acharam que poderiam descurar do corpo-a-corpo com os que estão se vendendo?
Acharam que as ruas não teriam mais tanta influência sobre o que se passa na redoma parlamentar de Brasília (e aqui a pergunta se dirige também a movimentos como o MBL e o Vem Pra Rua, que convocaram manifestações para o domingo, 17 de abril, quando deveriam convocá-las para ontem e hoje)?
Esses caras vivem no mundo da lua?
Vejam a falta que faz a experiência política. As coisas não se passam assim na guerra em que o PT transformou a política. O PT não vai se render, não apenas porque não queira e sim porque não pode. O governo não vai entregar os pontos, nem mesmo depois de ter sido derrotado na Câmara. Vai continuar lutando até o fim. E pode até ganhar.
É claro que, neste caso, não terá condições de governar com uma coalizão de bandidos. Mas quem está preocupado com isso? O imperativo, para os petistas e seus aliados, é continuar podendo operar a partir do Estado para não desmontar o formidável esquema criminoso de poder que continua instalado e funcionando (não desempregando cerca de 100 mil militantes) e, é claro, não ir para a cadeia. Para eles, todo o resto se resolve depois.



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