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A farsa dos marqueteiros

O pagamento do casal Santana-Mônica não tem nada a ver com Caixa 2. Foi dinheiro do crime, roubado da Petrobrás. Eles só querem nos enrolar. Eles estão usando o mesmo truque, inventado por Thomaz Bastos em 2005 para Lula poder “lavar” o dinheiro do crime como Caixa 2. As delações de Santana e Mônica não devem ser premiadas enquanto eles não pararem de mentir e de tentar nos enganar com essa farsa do Caixa 2.

Merval Pereira alertou para o fato na sua coluna de hoje de O Globo:

Há um erro fundamental em tratar o pagamento do marqueteiro João Santana como mais um caso de caixa 2 de campanha eleitoral. O engenheiro Zwi Skornicki, representante do consórcio Fels Setal/Technip que vendia plataformas para a Petrobras, pagou US$ 4,5 milhões em parcelas a Santana a pedido do tesoureiro João Vaccari, para quitar uma dívida do PT da campanha presidencial de 2010 que elegeu pela primeira vez Dilma Rousseff.

Ninguém recebe dinheiro por fora em uma conta no exterior de uma pessoa que não conhece, muito menos quem, no caso de João Santana, era um dos principais artífices do projeto político que estava no poder.

Caixa 2 também foi a desculpa dada por Lula quando, em 2005, o esquema do mensalão foi descoberto. Há uma antiga piada política que diz que o candidato honesto usa o dinheiro de caixa 2 para fazer a campanha eleitoral, e os desonestos embolsam o dinheiro. Mas o que diferencia o esquema tradicional de caixa 2 do mensalão e do petrolão é que o dinheiro era desviado de obras das empresas estatais controladas pelo PT, e declarado pelas empresas como doações legais, declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral.

O fato é que o fantasma do Consigliere Marcio Thomaz Bastos ainda continua nos assombrando. Todos devem se lembrar da explicação que ele inventou para Lula, no final do 2005, para esconder a corrupção do PT dentro da corrupção tradicional do Caixa 2 ou dos “fundos não contabilizados de campanha” (segundo Delúbio, tesoureiro do PT) e que Lula repetiu, letra por letra, naquela deprimente entrevista de Paris. O PT teria errado apenas porque resolveu fazer o que todo mundo faz.

O espantoso é como a imprensa cai sempre no conto do vigário. Não é somente por falta de inteligência dos jornalistas e analistas. É porque, em grande parte, as consciências dos profissionais dos meios de comunicação – com honrosas exceções – foram colonizadas nos cursos universitários. Então eles pensam: por que vamos crucificar o PT por um crime que as elites vêm cometendo “desde Cabral”? Já que todo mundo é corrupto mesmo, defendamos aqueles que se corrompem do lado dos pobres. Não poderia haver atestado melhor de indigência intelectual e, não raro, moral.

Ao confundir as duas corrupções – a sistêmica (com objetivos estratégicos, praticada pelo PT), com a endêmica (praticada em todas as épocas e lugares por agentes políticos de todos os matizes, inclusive também pelo PT até para disfarçar) – a chamada “mídia” endossa a explicação de Thomaz Bastos e avaliza o pior de todos os crimes porque destinado a enfrear a democracia e reduzir os graus de liberdade das pessoas.

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