A oposição popular ao PT, que emergiu das ruas, não vai cair na armadilha de defender Temer contra Dilma. Dilma sofreu impeachment porque cometeu crime de responsabilidade. E caiu porque, além de ter cometido este e vários outros crimes, perdeu completamente sua base parlamentar e social. Temer assumiu porque era o vice, escolhido pelo PT, tendo sido eleito juntamente com Dilma. As ruas sublevadas contra a máfia petista no governo não escolheram Temer para nada. Não fizeram campanha, nem votaram nele. Mas as ruas defendem o Estado democrático de direito. Se Temer assumiu foi porque assim manda a Constituição.
Os petistas desesperados – que agora, sem perspectiva de futuro, voltam para o passado querendo reeditar a campanha Diretas Já de 1983 – estão dizendo que quem apoiou o impeachment faz parte da “turma do Temer”. Não se pode cair nessa armadilha. Temer veio do velho sistema político ao qual o PT se aliou para assaltar o Estado, não das oposições partidárias, muito menos da oposição popular.
Um governo constitucional sempre seria apoiado pelos democratas, fosse seu titular qualquer um. No caso é Temer o presidente, porque o PT o escolheu para vice de Dilma. Se fosse o Alencar (vice de Lula, já falecido), seria apoiado da mesma forma (caso o impeachment de Lula não tivesse sido bloqueado pelo PSDB em 2005). E isso não significaria que as ruas fizessem parte da “turma do Alencar”.
O PT só sabe trabalhar com falsas polarizações. Faz parte do seu modelo mental primitivo, imbecil e guerreiro. Tem que ser sempre um contra outro. E como o outro nunca presta, então eles dizem: ei, vocês estão apoiando um cara que fez isso e aquilo! Não, não estamos. Estamos apoiando as regras da democracia que temos, esperando que elas nos permitam caminhar em direção às democracias que queremos.
A proposta de requentar a campanha Diretas Já não poderá contar com o apoio da oposição popular. Em primeiro lugar porque é anticonstitucional. Em segundo lugar porque é um truque para que Lula possa escapar da justiça e da cadeia cavalgando uma nova candidatura.
Pessoas oportunistas, como Marina – que quer eleições para faturar na crise – costumam também ser um pouco burras. É claro que se houvesse eleições antecipadas, ela não seria a candidata da tal “frente eleitoral de esquerda” e sim Lula.
Lula sabe que a única chance de não ir parar na cadeia como chefe da quadrilha é sair candidato. E sabe também que 2018 está muito longe e que a Lava Jato anda rápido. Por isso, fará de tudo para escapar. Se a farsa de antecipar eleições não colar, vai então apostar no caos. Aliás, para que seja possível violar a Constituição antecipando eleições, será necessário também uma boa dose de bagunça institucional. Ou seja, de qualquer modo, ele vai apostar na confusão, tentando criar um clima de guerra para que possa se oferecer como o salvador.
Essa estratégia é muito arriscada, todavia. Se a maioria da sociedade concluir que se trata de um movimento de desestabilização da democracia e se o governo Temer deixar isso claro, por palavras e atos, os petistas correrão um sério risco. Serão rechaçados em todos os lugares pelas pessoas comuns e passarão a viver em guetos. Os que ainda têm esperanças de fazer carreira política por meio do PT abandonarão a legenda.
O tudo ou nada que o PT vem abraçando após o impeachment vai levar o partido a uma espécie inédita de clandestinidade em plena vigência de um regime democrático formal.





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