Lideranças do PT organizaram, por meio de suas correias de transmissão nos aparelhos sindicais e nos chamados movimentos sociais, uma manifestação na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no último dia 24 de maio. Na verdade, não foi bem uma manifestação, senão um atentado ao Estado de direito, ao estilo bolivariano.
Cerca de 500 ônibus, talvez mais, foram alugados, para trazer gente de universidades dos mais distantes recantos do país. Trouxeram até um estudante de física de São Carlos, interior de São Paulo, que ao manipular um morteiro (preparando-o para jogá-lo nas forças policiais) se acidentou perdendo parte da mão. Acarrearam gente de Afogados da Ingazeira, para não falar daquelas universidades fajutas criadas por Lula em série para virar madrassas.
Vagner Freitas, da CUT, trouxe o aparato adrede preparado, os balões, os cartazes, as camisetas e bonés e a turma de desocupados que vive do imposto sindical. Guilherme Boulos, comandante do MTST, trouxe seu contingente de agitadores profissionais e uma turma de manifestantes de aluguel. O mesmo fizeram o MST de João Pedro Stedile e a UNE de Carina Vitral.
Carros de som, com os mesmos sindicalistas barrigudos e barbudos de sempre no microfone, incitavam a multidão à pular as barreiras colocadas pelas forças de segurança. O objetivo era chegar ao Congresso e ao Palácio do Planalto. A coisa toda foi ultimada na véspera, em reunião no Congresso Nacional com a presença dos parlamentares petistas da tropa de choque contra o impeachment.
Vejam um tweet em que o deputado federal Guimarães do PT (sim, aquele da cueca) publicou na véspera do ato. Observem quem estava na preparação da manifestação:
Deu ruim, todavia. Então o pessoal adotou a tática mais manjada em movimentos de massa, desde a Primeira Internacional. Começar pacificamente, depois agredir a polícia, em seguida revidar e, quando a violência se instalar, colocar a culpa na repressão. O objetivo é conseguir um morto e, a partir daí, escalar a violência a partir da comoção popular com a tragédia. A explicação é padrão: a coisa até ia bem, mas aí a polícia entrou agredindo e deu no que deu. A esquerda repete esse tipo de tática há mais de um século e há quem caia na conversa.
Eu mesmo, pessoalmente, não só participei mas dirigi dezenas, quem sabe centenas, de atos de protesto com o mesmo script. Exatamente com o mesmo script. Nos diretórios acadêmicos – no início dos anos 70 – combinávamos como tudo seria feito, quem levaria bolas de gude e rolhas para derrubar a cavalaria, quem faria os coquetéis molotov, quem prepararia os grampos de ferro soldado (tipo tripé) para furar pneus, quem fotografaria tudo para passar para a imprensa… É claro que, naquela época, estávamos lutando contra uma ditadura e poderia haver justificativa para esse tipo de ação de guerra urbana. Marighella até escreveu um manualzinho para ajudar (o manual do guerrilheiro urbano), mas tínhamos também vários outros, mimeografados, inclusive com orientações de sabotagem, informação e contra-informação.
Todavia, fazer isso em plena vigência de um Estado democrático de direito, num país onde existe judiciário independente e zero de perseguição política, é insano.
O fato é que não caiu bem na opinião pública a depredação de prédios e equipamentos públicos e privados e então os líderes sindicais e partidários que organizaram e pagaram o confronto, quiseram logo tirar o corpo fora, ora dizendo que haviam infiltrados da própria polícia, ora alegando que houve uma invasão de Black Blocs que nada tinham a ver com o movimento pacífico. Essa justificativa também é de manual. A violência sempre é introduzida pelas forças de segurança ou por infiltrados, agentes provocadores que têm como objetivo desmoralizar o movimento e criar condições para mais repressão. É mentira sórdida.
Vejam abaixo algumas fotos dos infiltrados. Nenhuma dessas pessoas era do movimento pacífico. Nenhuma delas foi levada nos ônibus alugados pelos organizadores. Nenhum dos organizadores conhecem esses meliantes (quem sabe alguns são da P2 da PM ou de outras forças de segurança). Eles caíram do céu, de repente, vindos de lugar nenhum, mas já com seus paramentos, equipamentos e armas de guerra.
Pode-se perceber uma estética. Uma estética que revela uma ética ou um ethos adversarial e guerreiro. São militantes, jihadistas, que apostam no confronto como forma de luta. Gente que, por algum motivo, não quis se infiltrar nas grandes manifestações populares de 15 de março, de 12 de abril, de 16 de agosto de 2015 e de 13 de março de 2016, as maiores de nossa história, quando milhões ocuparam as ruas sem que uma janela fosse quebrada, uma lata de lixo danificada, uma estação de ônibus ou metrô danificada, nenhum prédio incendiado. Curiosamente, eles só se “infiltram” nos protestos organizados pela esquerda ou onde há esforço organizativo da esquerda, como ocorreu no rescaldo de 2013, mas não nos grandes swarmings de 17 a 20 de junho e sim quando quiseram afastar as famílias e as pessoas pacíficas das ruas, já a serviço do governo Dilma e do PT.
O bom de ver essa galeria é que nem precisamos pensar, interpretar nada. Basta olhar.
O pior é que os organizadores insistem em dizer – como se fôssemos imbecis – que todo esse pessoal apareceu de repente. Um contingente imenso de militantes, que não têm nada a ver com os universitários trazidos de ônibus e nem com a turma do Boulos, do Stedile, do Freitas e da Vitral. Eles nem são do PT.
As imagens falam. Vamos ouvi-las.
Deixe seu comentário