in

ALIANÇA PARA O REGRESSO, a nova Arena da dinastia Bolsonaro

Leiam o manifesto de lançamento do novo partido monárquico-absolutista que está sendo organizado por Bolsonaro. É um partido para a família Bolsonaro reinar soberana. É um regresso a 1643, com Luís XIV de França. Pior, é uma espécie de religião baseada no culto à personalidade de uma pessoa viva.

E ele ainda pretende abrigar a grande maioria das pessoas de bem. Mas para ser pessoa de bem é preciso ser leal a uma pessoa – o Führer Jair, o Duce Messias – e, é claro, à sua dinastia Bolsonaro.

Nunca se viu, nos tempos modernos, tamanha regressão. Por isso, o novo (velhíssimo) partido deveria ser chamado ALIANÇA PARA O REGRESSO.

O manifesto de lançamento Segue abaixo em cor apropriada:

ALIANÇA PELO BRASIL

Aliança é união e é força. E a Aliança pelo Brasil é o caminho que escolhemos e queremos para o futuro e para o resgate de um país massacrado pela corrupção e pela degradação moral contra as boas práticas e os bons costumes.

Por isso estamos formando uma nova Aliança pelo Brasil. A Aliança por um país da liberdade, da prosperidade, da educação, da ética, da meritocracia, da transparência, do respeito às leis, da segurança e da igualdade para homens e mulheres no trabalho, na política e em todos os campos do desenvolvimento social.

Nossa Aliança se dirige a abrigar essa grande maioria de brasileiros e brasileiras que clamam por uma nova ordem de referências éticas e morais, que conduzam nossa gente honesta e trabalhadora de volta às ruas, às praças e a todos os recantos das cidades com segurança e com muito orgulho do país que ajudam a construir.

Nossa Aliança é com as famílias, com as pessoas de bem, com os trabalhadores, com os empresários, com os militares, com os religiosos e com todos aqueles que desejam um Brasil realmente grande, forte e soberano.

Por tudo isso o nosso novo destino é a Aliança pelo Brasil, a Aliança.

Isso mesmo! Muito mais que um partido, é o sonho e a inspiração de pessoas leais ao Presidente Jair Bolsonaro, de unirmos o país com aliados em ideais e intenções patrióticas.

Uma nova e verdadeira atitude de aliados que almejam livrar o país dos larápios, dos “espertos”, dos demagogos e dos traidores que enganam os pobres e os ignorantes que eles mesmo mantêm, para se fartar.

Portanto, convidamos você a ser um voluntário e a apoiar este sonho que está pronto para acontecer com a Aliança pelo Brasil – Aliança. Um partido inovador, integrado, transparente e aberto à participação dos brasileiros todos os dias, todas as horas, e capaz de se comunicar com as suas bases e filiados por meio das mais modernas e eficientes ferramentas de comunicação.

Aliança é participar, é inovar e é transformar nossa terra num novo e próspero Brasil.

Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!

Se faltava um partido para caracterizar o rebanho de Bolsonaro como uma força política fascistoide, agora não falta mais. Vamos monitorar para ver quem vai ter coragem de se filiar – e quem vai ter coragem de não se filiar – à ALIANÇA PARA O REGRESSO comandada pela família do ex-capitão.

Se só podem se filiar as pessoas leais a Jair Bolsonaro, será que a recíproca é verdadeira? Ou seja, quem recusar se filiar será desleal ao ex-capitão?

Fica, portanto, a curiosidade para ver quando Paulo Guedes e Sérgio Moro vão se filiar à ALIANÇA PARA O REGRESSO, a nova Arena da dinastia Bolsonaro. E os demais ministros, quando o farão? Para legalizar o partido em tempo hábil para as próximas eleições – coisa que a justiça eleitoral acha difícil – são necessárias muito mais de 500 mil assinaturas (quase 1 milhão, pelas novas regras). Recusar-se a assinar não será uma prova de deslealdade?

Bruno Boghossian, em artigo de hoje, na Folha, intitulado Um partido para a ultradireita, fez algumas observações pertinentes.

“A legenda que o presidente quer criar surge ancorada em valores reacionários, no populismo e no personalismo puro.

A aparente espinha dorsal da Aliança pelo Brasil coube numa sequência de publicações de Eduardo Bolsonaro. Na primeira frase, o deputado anuncia a criação da sigla com o objetivo de libertar a população “da destruição de valores cristãos e morais”. Em poucas linhas, ele repete essa fórmula e encerra com um resumo dos princípios do novo partido: “fé, honestidade e família”.

O ensaio de manifesto é carregado de tons messiânicos. Fala no “novo rumo brasileiro” e no que chama de “a verdadeira união com o povo”, como se Jair fosse o único capaz de representá-lo. Sem modéstia, cita ainda um “momento histórico” e o “grito solitário” do pai, que passaria a ecoar com a criação da legenda.

Isso, é claro, sem falar na defesa aberta de ditaduras e de torturadores, que os grandes próceres da sigla fazem questão de defender publicamente e a todo momento.

O partido parece se inspirar na Arena (Aliança Renovadora Nacional), que serviu de sustentação para o regime militar. Seu manifesto de 1975 mencionava a união dos brasileiros e uma aliança com o povo, mas não apelava tanto aos valores cristãos quanto Eduardo Bolsonaro.

O partido pode se tornar veículo para a difusão de ideias radicais, a exemplo do espanhol Vox e do alemão AfD. Essas duas legendas ainda brigam pelo poder em seus países, enquanto a Aliança já nasce no topo.

A migração de integrantes do PSL para a nova legenda deve acelerar uma depuração do bolsonarismo e definir em que ponto do espectro político o grupo mais afinado com o presidente passará a operar”.

Pois é… Cogita-se hoje que talvez o presidente da nova sigla político-religiosa reacionária seja o senador Flávio Bolsonaro. O filho do chefe – enrolado com rachadinhas, negócios imobiliários escusos e milícias – deve ser o melhor exemplo de honestidade que eles puderam encontrar.

Se não for o Flávio será quem? O próprio Jair? Algum outro filho? Pouco importa. A estrutura e as concepção da seita já estão determinadas: alto grau de centralização no presidente e na sua famiglia (que quer controlar tudo com mão de ferro: o dinheiro e as pessoas) e ideário populista-autoritário (regressivo ou retrogradador).

E não há nada, na nossa atual lei dos partidos, que é inepta para proteger a democracia, nada que impeça uma aberração como esta. Bolsonaro pode recriar a sua própria Arena, a sua própria Aliança Renovadora Nacional, erigida para apoiar a ditadura militar.

Sim, segundo Artigo 28 da Lei 9.096 de 19 de setembro de 1995 (a lei dos partidos em vigor), pode ser criado até mesmo um partido nazista ou qualquer outro com ideais antidemocráticos.

Art. 28 – O Tribunal Superior Eleitoral, após trânsito em julgado de decisão, determina o cancelamento do registro civil e do estatuto do partido contra o qual fique provado:
I – ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira;
II – estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros;
III – não ter prestado, nos termos desta Lei, as devidas contas à Justiça Eleitoral;
IV – que mantém organização paramilitar”.

Nada se fala da democracia. Como se sabe, o artigo 141 da Constituição de 1946, que dispunha que “é vedada a organização, o registro ou o funcionamento de qualquer partido político cujo programa ou ação contrarie o regime democrático…” foi abolido.

Eis então a ALIANÇA PARA O REGRESSO, a nova Arena da dinastia Bolsonaro.

Ainda sobre o deficit de liberais-políticos (quer dizer, de democratas)

Ainda sobre golpes: na Bolívia e alhures