E as 7 verdades que eles omitem
As perguntas feitas por João Fellet, da BBC em Washington, ao senador Aloysio Nunes, revelam a narrativa armada pelo PT para espalhar para a imprensa internacional que estaria havendo um golpe no Brasil. Vamos transformar parte das perguntas – com alguns acréscimos – num roteiro das alegações falsas.
1 – Ao votar pela abertura do processo, quase nenhum deputado citou o ponto central da denúncia, as pedaladas fiscais. Isso é uma evidência de que Dilma está sendo derrubada por outros motivos que não constam do processo.
2 – O governo diz que gestões anteriores e governos estaduais – inclusive do PSDB – também fizeram pedaladas e não foram derrubados.
3 – Ao votar, o deputado Jair Bolsonaro exaltou os militares de 1964 e o coronel Brilhante Ustra, condenado por tortura e sequestro. Isso prova que a direita está envolvida na conspiração para tirar Dilma do governo, sem que ela tenha cometido qualquer crime.
4 – Os EUA teriam interesse e estariam agindo nos bastidores em favor de uma troca de governo no Brasil.
5 – O passo seguinte ao impeachment será uma operação abafa da Lava Jato para livrar a cara dos políticos corruptos que querem dar um golpe em Dilma. A maioria dos que votaram pelo impeachment são corruptos e estão apenas tentando se livrar.
6 – O presidente da Câmara, Eduardo Cunha não tinha credibilidade para conduzir o impeachment. As denúncias contra ele tornam sua posição insustentável. Foi ele que armou tudo por vingança e conduziu o processo de modo a obter a aprovação do pedido de impeachment pela Câmara.
7 – Michel Temer não tem condições de presidir o país. As citações a Temer na Lava Jato complicam sua situação.
Conclusão. O processo é ilegítimo. Visa cassar os 54 milhões de votos recebidos por uma pessoa honesta, legitimamente eleita. É um golpe (parlamentar) desferido pelas elites, pelos setores conservadores e pela direita, que não aceitam o resultados das urnas de 2014, não suportam ver pobre fazendo faculdade e viajando de avião.
O que eles omitem
1 – Que o processo do impeachment foi validado pelo Supremo Tribunal Federal, cuja maioria dos membros (8 em 11) foram nomeados por Lula e Dilma. Que foi o STF que estabeleceu seu rito (que está sendo rigorosamente seguido pelo Congresso) e que a maioria de seus ministros (como são chamados no Brasil os juízes da suprema corte) repudia publicamente a falsa acusação de que estaria havendo um golpe no país.
2 – Que a imensa maioria dos deputados que votaram a favor do impeachment (367 do total de 513 contra apenas 137 favoráveis à Dilma) era da base do governo até há pouco. Que Temer é o vice-presidente da República, escolhido duas vezes seguidas por Dilma e pelo PT, como representante da sua principal aliança (com o PMDB), tendo sido inclusive nomeado por Dilma recentemente como seu articulador político. Que, até o momento, não há nada de consistente e desabonador à Temer na Lava Jato. Que Cunha é proveniente da base do governo e não da oposição e que não foi ele que aprovou o impeachment, apenas tendo cumprido o papel protocolar de acatar o pedido de impeachment e encaminhar o respectivo processo na qualidade de presidente da Câmara dos Deputados.
3 – Que todos os líderes da oposição parlamentar apoiam a continuidade da operação Lava Jato e que a imensa maioria da população também apoia, além de considerar o juiz Sérgio Moro como uma espécie de herói da democracia.
4 – Que o impeachment só foi encaminhado pelo parlamento em virtude do forte apelo de milhões pessoas nas ruas, nas maiores manifestações políticas da história do Brasil, ocorridas em 15 de março, 12 de abril e 16 de agosto de 2015 e em 13 de março de 2016. Que no Brasil há hoje uma oposição popular que não foi organizada, nem é dirigida, por qualquer ator político tradicional, mas que emergiu da sociedade e está disposta a exercer a resistência democrática. Que essa oposição popular nada tem a ver com Temer, com Cunha e, nem mesmo, com Aécio Neves (presidente do principal partido de oposição).
5 – Que a imensa maioria da população (quase 80%), segundo as pesquisas de todos os institutos sérios de opinião, desaprova o governo Dilma e que mais de 60% dos brasileiros são favoráveis ao impeachment.
6 – Que Dilma cometeu vários crimes de responsabilidade, que estão tipificados no relatório da comissão do impeachment da Câmara dos Deputados. Que houve realmente no governo Lula e no governo Fernando Henrique, durante alguns meses, um pequeno descasamento entre o momento em que os bancos públicos faziam despesas para financiar alguns programas sociais e o momento em que o banco recebeu o dinheiro do Tesouro, mas o montante total no governo FHC foi de R$ 500 milhões, no de Lula, a mesma coisa, enquanto que com Dilma foram R$ 57 bilhões (grande parte dos quais gastos irregularmente durante ano eleitoral). Que ela cometeu também – embora isso não esteja em julgamento no atual processo de impeachment – muitos outros crimes ligados à compra fraudulenta da refinaria de Pasadena e ao petrolão como um todo, que praticou obstrução da justiça (nomeando um ministro do STJ para livrar o chefe da quadrilha de empreiteiros, Marcelo Odebrecht, da cadeia), que estava envolvida com a fabricação de falso dossiê contra Ruth Cardoso, por intermédio de sua agente na Casa Civil, Erenice Guerra (que está sendo processada por uma penca de outros gravíssimos crimes). E que, além de tudo isso, se transformou em uma sub-chefe de facção (o chefe é Lula), transformando o Palácio do Planalto num bunker onde faz comícios para a militância partidária e desfere ataques solertes as instituições parlamentares e judiciárias do Estado democrático de direito. Que, na prática, já entregou a presidência à Lula (o qual não possui nenhum mandato, mas tem o poder de comprar parlamentares com cargos públicos e dinheiro vivo, em um quarto de hotel situado nas proximidades do Palácio da Alvorada, residência presidencial oficial). Por último, que inventou e vive repetindo, no Brasil e no exterior, a falsa narrativa do golpe, em desacordo com o que dizem as instituições da democracia brasileira.
7 – Que o pedido de impeachment não foi apresentado pela oposição e sim por Helio Bicudo (ex-membro da direção nacional do PT), Janaina Pachoal e Miguel Reale Jr, todos juristas conhecidos e com boa reputação, nada tendo a ver com corrupção.
Para ler a matéria da BBC clique no link: http://goo.gl/2tPf7a
P. S.: Seria bom traduzir para o inglês e o espanhol e enviar para os principais veículos de comunicação dos países democráticos.



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