Algumas pessoas estão preocupadas porque ainda não sabem em quem vão votar no próximo dia 2 de outubro. Ora… isso, que parece tão difícil, pode ser muito fácil.
Quem acha que são as pessoas boas que vão consertar o velho sistema político que apodreceu, pode começar a procurá-las, sabendo que os anjos estão meio em falta no mercado. Aliás, mesmo que existissem os tais (anjos), em pouco tempo de puteiro eles se prostituiriam (sempre há exceções, é claro: do contrário a regra não se confirmaria).
Mas sabemos que isso é duro de aceitar para a mentalidade autoritária, que acredita na história das “maçãs podres” (e que acha que se escolhermos os bons e excluirmos os maus, as estruturas e as dinâmicas das instituições políticas vão se tornar boas, sem necessidade de alterarmos essas estruturas e dinâmicas).
Assim, os que acham – a partir de uma perspectiva moralista – que a corrupção (e não a autocratização) é o grande problema, sem perceber como ela é funcional para o sistema, tal como ele está organizado, podem se iludir acreditando que se escolhermos pessoas honestas (definidas como pessoas que não roubam), tudo se saneará. Este é o mesmo tipo de mentalidade que avalia que um exército composto por clones do Mahatma Gandhi seria pacífico (e que por mais que a ciência mostre que o comportamento do formigueiro não é a resultante dos comportamentos individuais das formigas, não acreditam que exista um padrão que se replica).
Por isso costumo dizer que se Protágoras fosse dado a surtos moralistas para limpar a política, a democracia não teria sido inventada pelos atenienses, pela absoluta falta de anjos (ou de varões de Plutarco) na Agora, a praça do mercado, mas sei que a educação que recebemos na família, na escola e na igreja, impede que tenhamos um entendimento profundo dessa questão.
Portanto, quando alguém me pergunta em quem votar em 2016, respondo na lata: tanto faz, desde que não se vote em agentes que pretendam autocratizar a democracia que temos (que já não é essa Coca-Cola toda, mas é necessária – embora não suficiente – para alcançarmos as democracias que queremos). Claro que se você souber que o candidato, como se diz, é “ficha suja”, não deverá votar nele (mas isso é o óbvio: o difícil é saber quem são os “fichas limpas” que, do ponto de vista democrático, não merecem seu voto).
Penso, destarte, que a orientação democrática geral para o próximo pleito é muito simples: vote em qualquer um, menos nos candidatos do PT e dos partidos aliados (PSOL, PCdoB, PCO, PCB, PDT etc.) ou subordinados ao PT (como aquela falsa REDE da oportunista Marina, por exemplo).
Ou, se você tiver dificuldade com as siglas, siga apenas este conselho: não vote em ninguém que for recomendado ou apoiado pelos que disseram que o impeachment foi golpe ou que querem desestabilizar o novo governo constitucional de transição gritando Fora Temer.
Por enquanto é isso. Não vai resolver os nossos problemas, é claro. Mas pode evitar que eles se agravem.
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