As FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – entraram numa encruzilhada. Em referendo, a maioria dos colombianos rejeitou o seu “acordo brucutu” com o governo. O acordo não era de paz. Era de não luta armada.
São coisas diferentes. É preciso entender isso: que a paz é não-guerra e não não-violência. Pode-se fazer guerra violenta e guerra não-violenta. A política pervertida como continuação da guerra por outros meios, não é paz: é guerra (em geral, não-violenta). A guerra pode ser guerra quente, guerra fria e política praticada como arte da guerra. Toda vez que há guerra, em qualquer uma dessas modalidades, não há paz. E na medida em que não há paz, a democracia fica ameaçada (pois guerra coimplica autocracia: sempre).
Com o acordo proposto pelo presidente Santos, em conluio com a ditadura cubana, as FARC continuariam organizadas e lutando contra a democracia. E degenerando a política como continuação da guerra por outros meios.
As FARC seguiram o conselho de Lula de depor as armas e fazer guerra com os votos. Tiveram apoio e assessoria dos ditadores cubanos em todo esse processo. O governo Juan Manuel Santos abusou da manipulação para convencer os colombianos. E mesmo assim tomou um contravapor das urnas. Agora vamos ver o que acontece. Se as FARC estavam convencidas de adotar a via não-violenta, não podem continuar a guerrilha, correto? Ou eles só abandonam a violência se vencerem? Sinuca!
O PERIGO DAS FARC ADERIREM AO NEOPOPULISMO
É óbvio que a maioria dos que votaram não ao acordo defendem sinceramente a paz. Mas pressentiram o perigo de ter uma força autocrática organizada legalmente, um contingente hierarquizado de militantes conspirando contra a democracia em plena luz do dia.
No caso do acordo do governo Santos com as FARC, rejeitado pela população, devemos insistir no seguinte: não era um acordo de paz e sim um acordo de não guerra quente. Se fosse um acordo de paz, em qualquer circunstância, mesmo não tendo sido referendado pela população, a condição deveria ser o preliminar desarmamento dos espíritos com a deposição das armas (físicas) por parte dos narcoguerrilheiros marxistas-leninistas. Isso, por si só, deveria ser bom, posto que além de defendermos a paz, defendemos também a não-violência. No entanto, as condições do acordo não eram boas para a sociedade democrática colombiana.
Santos negociou com as FARC como se estivesse fazendo diplomacia com uma força legítima, com um Estado reconhecido e não com um bando de foras-da-lei. Um Estado democrático de direito não pode fazer isso, nem mesmo em nome da não-violência. Gostemos ou não dele – e nós não gostamos muito – é o Estado que detém o monopólio da violência legítima. Mas Santos usou critérios de realpolitik para arquitetar o acordo, reconhecendo como sujeito de direito uma força alienígena em virtude de ela existir de facto. Conferiu-lhe, assim, o status de Estado de fato. Mas um Estado de direito não pode – sem violar a democracia – reconhecer como congênere um Estado de fato.
Tudo já indicava, antes e durante as negociações do acordo, que as FARC continuariam, como força autocrática organizada, a fazer guerra (ainda que na forma de política: por exemplo, usando seus recursos já obtidos com o narcotráfico para financiar esquemas criminosos de poder e, em breve, para financiar candidaturas). E que em pouco tempo virariam (se ainda não virarão) uma força política que usa a democracia (e as eleições) contra a democracia, tendo como objetivo chegar ao governo pelo voto para, então, seguir o caminho neopopulista de tomar o poder a partir do governo e enfrear o processo de democratização da Colômbia. Se transformariam assim em mais um projeto neopopulista semelhante ao chavismo e aos bolivarianismos em geral ou ao lulopetismo.
Não é possível que pessoas inteligentes não entendam isso.
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