in

Trinta e cinco mentiras sobre a Ucrânia

MENTIRAS SOBRE A UCRÂNIA QUE ESTÃO SENDO ESPALHADAS NAS MÍDIAS SOCIAIS

Desmentidas por Inteligência Artificial

Bolsonaristas e outros trumpistas, assim como lulopetistas e outros admiradores do ditador Putin, estão espalhando nas mídias sociais mentiras sórdidas sobre a Ucrânia e Zelensky, Rússia e Putin, os EUA e Trump. Selecionamos apenas trinta e cinco dessas alegações mentirosas para ao final comentá-las, usando Inteligência Artificial.

1 – A Ucrânia sempre foi Rússia.

2 – A Criméia sempre foi russa e houve um referendo na Crimeia em que a população, massivamente, escolheu fazer parte da Rússia.

3 – A guerra da Ucrânia é uma guerra por procuração do imperalismo norte-americano contra a Rússia.

4 – Putin está salvando os russos que vivem na Ucrânia do nazismo.

5 – Existe uma população neonazista na Ucrânia que precisava ser parada.

6 – Zelensky, no fundo, é nazista (e tanto é assim que não desmontou o batalhão Azov).

7 – Os territórios recuperados por Putin na Ucrânia têm uma população russa e na verdade foram libertados da opressão ucraniana.

8 – A resistência na Praça Maidan (Euromaidan), em 2013-2014 foi articialmente impulsionada de fora para dentro e financiada pelos Estados Unidos.

9 – Na verdade foi a Ucrânia que atacou a Rússia ao pleitear entrar na OTAN.

10 – A função da OTAN é atacar países anti-imperialistas a serviço dos EUA.

11 – A OTAN desrespeitou um acordo dos anos 90 com a Rússia, que previa uma não expansão da aliança além das fronteiras da Alemanha, em um claro ataque à soberania russa.

12 – A Rússia foi obrigada a invadir a Crimeia e depois a Ucrânia, pois os EUA tinham um plano de trazer a Ucrânia e depois a Geórgia para a OTAN, colocando em risco a soberania russa.

13 – A OTAN não quer paz, não queria em 2022 e não quer agora.

14 – A Ucrânia já perdeu a guerra porque está enfrentando uma potência nuclear (a Rússia) e não conta mais com a ajuda americana. O mais forte sempre vence o mais fraco. Sempre foi assim.

15 – A maioria das cidades da Ucrânia já está destruída pelos bombardeios russos. A Ucrânia já não tem mais soldados e agora se prepara para mandar crianças e idosos para o front.

16 – O acordo de minerais estava pronto para ser assinado, mas o Zelensky fez uma armadilha para não assinar: queria um acordo de proteção mútua em caso de ofensiva russa. A armadilha foi do Zelensky, não do Trump.

17 – Zelensky foi ingrato e desrespeitoso, agredindo os americanos em pleno Salão Oval.

18 – Zelensky não tem nem o respeito de se vestir adequadamente para encontros entre chefes de Estado, usando terno e gravata.

19 – Zelensky esta matando as pessoas do seu próprio povo com sua resistencia à paz.

20 – Zelensky não tem mais condições de permanecer no governo da Ucrânia. Está a um passo de renunciar ou convocar eleições para ser substituído.

21 – Zelensky só tem ódio no coração, por isso não aceita negociar a paz com Putin.

22 – Zelensky é irresponsável: está arriscando arrastar o mundo para uma terceira guerra mundial.

23 – Zelensky é um ditador e tanto é assim que não faz eleições para ficar no poder.

24 – Os EUA deram mais dinheiro para a Ucrânia do que toda a Europa junta, mas Zelensky roubou grande parte desses recursos.

25 – Essa guerra só interessa aos fabricantes de armas, que devem estar pagando Zelensky muito bem.

26 – Os EUA, tanto com Biden, quanto com Trump só querem uma coisa: os minérios e riquezas ucranianas (vide Hunter Biden).

27 – Zelensky tem uma fortuna espalhada pelo mundo, sendo dono de muitas casas, inclusive na Flórida.

28 – Zelensky é corrupto, está querendo negociar a venda de recursos minerais da Ucrânia para embolsar uma comissão.

29 – Zelensky é, na verdade, um agente do imperialismo norte-americano e do neocolonialismo europeu agindo contra o Sul Global.

30 – Putin tentou negociar até a ultima hora, sem sucesso. EUA e Europa não quiseram. Foi por isso que a guerra aconteceu.

31 – Se Zelensky quisesse a paz, teria aceitado a proposta do Brasil e da China, que é a mesma coisa que a dos EUA.

32 – Zelensky estava tão errado que já arregou, voltou atrás e concordou em assinar o acordo proposto por Trump.

33 – Zelensky é um comediante, despreparado para dirigir um país como a Ucrânia e usa a guerra para aparecer.

34 – Não há mais tempo de a Europa salvar a Ucrânia.

35 – A Ucrânia já era. Não adianta fazer nada. Já perdeu a guerra.

O QUE DIZ UMA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Vamos agora perguntar para uma Inteligência Artificial (o Grok 3, IA do X) o que há de verdade nessas alegações.

1 – A Ucrânia sempre foi Rússia.

Não, a Ucrânia não sempre foi Rússia. Essa é uma questão histórica complexa, e a relação entre os dois territórios mudou muito ao longo dos séculos.

A Ucrânia tem uma história distinta que remonta à Kyivan Rus’ (ou Rus’ de Kiev), um estado medieval poderoso que existiu entre os séculos 9 e 13. A Kyivan Rus’ é considerada um berço cultural e histórico compartilhado por ucranianos, russos e bielorrussos, mas não era “Rússia” no sentido moderno. Sua capital, Kiev (atual Kyiv), está na Ucrânia, o que destaca a centralidade da Ucrânia nessa formação histórica.

Após o declínio da Kyivan Rus’, a região que hoje é a Ucrânia passou por várias influências e dominações, incluindo o Grão-Ducado da Lituânia, a Comunidade Polaco-Lituana e os cossacos, que formaram uma entidade semi-independente conhecida como o Hetmanato no século 17. Durante esse período, a identidade ucraniana começou a se consolidar, distinta da russa.

A partir do final do século 18, grande parte do território ucraniano foi incorporada ao Império Russo após guerras e tratados, como a partição da Polônia e a subjugação dos cossacos. Mesmo assim, a Ucrânia manteve uma cultura, língua e tradições próprias, ainda que suprimidas em vários momentos pelo domínio russo.

No século 20, a Ucrânia declarou independência brevemente após a Revolução Russa (1917-1921), mas foi logo absorvida pela União Soviética, tornando-se a República Socialista Soviética da Ucrânia. Durante o período soviético, a Ucrânia sofreu repressões severas, como o Holodomor (fome induzida por políticas stalinistas nos anos 1930), mas continuou a preservar sua identidade distinta.

Com o colapso da União Soviética em 1991, a Ucrânia tornou-se um país independente, reconhecido internacionalmente. Desde então, tem afirmado sua soberania, apesar de tensões com a Rússia, especialmente após a anexação da Crimeia em 2014 e o conflito no leste da Ucrânia.

Resumindo: a Ucrânia tem uma história longa e independente que precede e difere da Rússia. Embora tenha sido controlada ou influenciada pela Rússia em vários momentos, ela não “sempre foi Rússia”. São nações com raízes históricas entrelaçadas, mas identidades e trajetórias distintas.

2 – A Criméia sempre foi russa e houve um referendo na Crimeia em que a população, massivamente, escolheu fazer parte da Rússia.

Não, a Crimeia não sempre foi russa. Sua história é marcada por múltiplos povos e governantes ao longo dos séculos:

Antiguidade e Idade Média: A Crimeia foi habitada por diversos grupos, como os citas, gregos (que estabeleceram colônias), e depois os tártaros da Crimeia, um povo turcomano que formou o Canato da Crimeia no século 15. O Canato era um estado vassalo do Império Otomano, não da Rússia.

Domínio Russo: Em 1783, o Império Russo anexou a Crimeia após derrotar os otomanos, marcando o início do controle russo. Antes disso, a Crimeia não tinha laços diretos com a Rússia.

Período Soviético: Após a Revolução Russa, a Crimeia tornou-se parte da União Soviética. Em 1954, Nikita Khrushchev, então líder soviético, transferiu a Crimeia da República Socialista Federativa Soviética da Rússia (RSFSR) para a República Socialista Soviética da Ucrânia, ambas dentro da URSS. Essa transferência foi administrativa e simbólica, mas não mudou o fato de que a Crimeia permaneceu sob o guarda-chuva soviético.

Independência da Ucrânia: Com o colapso da URSS em 1991, a Crimeia tornou-se parte da Ucrânia independente, como uma república autônoma. Isso foi reconhecido internacionalmente, inclusive pela Rússia, em acordos como o Memorando de Budapeste (1994).

Portanto, a Crimeia só esteve sob controle russo a partir de 1783, com uma interrupção entre 1954 e 2014 (quando considerada parte da Ucrânia). Antes de 1783, ela tinha uma história distinta, não ligada à Rússia.

O referendo de 2014

Sim, houve um referendo na Crimeia em 16 de março de 2014, organizado após a intervenção militar russa na península. Os resultados oficiais indicaram que cerca de 96-97% dos votantes escolheram se juntar à Rússia, com uma participação reportada de 83%. No entanto, esse referendo é amplamente contestado:

O referendo ocorreu após forças russas (muitas vezes chamadas de “homens verdes” por não usarem insígnias) tomarem o controle da Crimeia, seguindo a crise política na Ucrânia em 2014. Isso levanta questões sobre a liberdade e legitimidade do processo.

A maioria dos países e a ONU (via Resolução 68/262 da Assembleia Geral) consideram o referendo ilegal e não reconhecem a anexação da Crimeia pela Rússia. A Ucrânia e grande parte da comunidade internacional veem isso como uma violação do direito internacional e da soberania ucraniana.

Observadores apontam a falta de monitores internacionais confiáveis, a presença militar russa, a ausência de uma opção clara para manter o status quo (permanecer na Ucrânia) e relatos de coerção. A população da Crimeia, que inclui russos étnicos (maioria), ucranianos e tártaros da Crimeia, não teve um processo amplamente aceito como justo.

É verdade que muitos russos étnicos na Crimeia (cerca de 60% da população, segundo o censo de 2001) tinham afinidade cultural e histórica com a Rússia, o que pode ter influenciado o resultado. No entanto, os tártaros da Crimeia (cerca de 12%) e outros grupos se opuseram fortemente à anexação.

Conclusão

A Crimeia não “sempre foi russa” — sua história é diversa e só se conecta à Rússia a partir de 1783. Quanto ao referendo de 2014, ele ocorreu e mostrou apoio massivo à Rússia nos números oficiais, mas sua legitimidade é amplamente rejeitada fora da Rússia devido às circunstâncias em que foi realizado. A questão permanece um ponto de disputa entre Rússia, Ucrânia e a comunidade internacional.

3 – A guerra da Ucrânia é uma guerra por procuração do imperalismo norte-americano contra a Rússia.

Não. A guerra começou com ações russas — a anexação da Crimeia em 2014 e o apoio a separatistas no Donbas — em resposta à revolução ucraniana de 2014 (Euromaidan), que derrubou um governo pró-Rússia. Para muitos, isso indica que o conflito tem raízes em ambições russas de manter a Ucrânia em sua esfera de influência, não em uma provocação direta dos EUA.

A Ucrânia não é apenas um peão passivo. O país tem buscado ativamente laços com o Ocidente desde os anos 1990, refletindo o desejo de parte significativa de sua população de se afastar da órbita russa. O apoio americano veio como resposta à invasão russa, não como o gatilho inicial.

Embora os EUA tenham interesse em conter a Rússia, a guerra também envolve questões de soberania nacional, direito internacional e resistência ucraniana. Reduzi-la a uma mera guerra por procuração ignora as dinâmicas locais e a determinação da Ucrânia em se defender.

4 – Putin está salvando os russos que vivem na Ucrânia do nazismo.

Essa é uma afirmação que reflete a narrativa oficial do governo russo, mas que precisa ser analisada com base em fatos históricos, contexto político e evidências disponíveis.

A narrativa russa

Vladimir Putin e o Kremlin justificaram a “operação militar especial” na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de “desnazificar” o país e proteger os russos étnicos ou falantes de russo, especialmente no leste da Ucrânia (como Donbas) e na Crimeia. Eles alegam que o governo ucraniano é dominado por neonazistas que oprimem essas populações. Putin frequentemente cita a necessidade de salvar russos de um suposto “genocídio” perpetrado por forças ultranacionalistas ucranianas.

Exame dos fatos

Nazismo na Ucrânia moderna:

Histórico: Durante a Segunda Guerra Mundial, alguns ucranianos colaboraram com os nazistas contra a União Soviética, como o controverso Stepan Bandera, líder nacionalista que é celebrado por alguns como herói da independência, mas visto por outros como colaborador fascista. Esse passado é explorado pela propaganda russa.

Atualidade: Há grupos ultranacionalistas na Ucrânia, como o Batalhão Azov, que usaram símbolos de extrema-direita no passado e foram integrados às forças armadas ucranianas após 2014. No entanto, sua influência política é limitada. Nas eleições de 2019, partidos de extrema-direita obtiveram menos de 3% dos votos, e o presidente Volodymyr Zelensky, que é judeu, não tem vínculos com ideologias nazistas.

Contexto: A “desnazificação” como objetivo é amplamente vista por analistas ocidentais e ucranianos como um pretexto, já que não há evidências de um governo nazista ou de políticas sistemáticas contra russos étnicos baseadas em ideologia nazista.

Situação dos russos étnicos na Ucrânia:

População: Antes de 2014, cerca de 17% da população ucraniana se identificava como russa étnica (censo de 2001), concentrada no leste e sul. Muitos são bilíngues ou falam russo como primeira língua.

Leis linguísticas: Após 2014, a Ucrânia implementou leis promovendo o uso do ucraniano em educação, mídia e administração, o que foi criticado por alguns falantes de russo como discriminatório. No entanto, isso não equivale a perseguição étnica ou “genocídio”. Organizações internacionais, como a ONU, não encontraram evidências de genocídio contra russos na Ucrânia.

Donbas: No leste (Donetsk e Luhansk), separatistas apoiados pela Rússia iniciaram um conflito em 2014, alegando discriminação. Relatórios da OSCE e da ONU documentam violações de direitos humanos em ambos os lados, mas não confirmam uma campanha nazista contra russos.

A guerra e seus efeitos:

Longe de “salvar” russos étnicos, a invasão russa trouxe sofrimento generalizado, incluindo para essas comunidades. Cidades de maioria russófona, como Mariupol, foram devastadas por bombardeios russos, matando civis independentemente de sua etnia.

Milhares de russos étnicos fugiram como refugiados, e a anexação de territórios como Donetsk e Luhansk pela Rússia em 2022 foi seguida por mobilização forçada de homens locais para lutar pelo exército russo.

Análise

Propaganda: A retórica de “nazismo” parece ser mais uma ferramenta de propaganda do Kremlin para justificar a invasão do que uma descrição precisa da realidade. Putin usa o trauma histórico da Segunda Guerra Mundial (a “Grande Guerra Patriótica”) para mobilizar apoio interno e deslegitimar o governo ucraniano.

Contradições: Se o objetivo fosse proteger russos étnicos, as ações militares russas — como ataques indiscriminados a áreas civis russófonas — contradizem essa meta. Além disso, Zelensky, sendo judeu, torna a acusação de liderar um regime nazista historicamente incoerente.

Perspectiva internacional: A maioria dos países e organizações, como a ONU e a Corte Internacional de Justiça, rejeita a narrativa de “desnazificação” como base legítima para a guerra, vendo-a como uma violação da soberania ucraniana.

Conclusão

Não há evidências críveis de que Putin esteja “salvando” russos na Ucrânia de um regime nazista. A Ucrânia não é um estado nazista, e os russos étnicos não enfrentavam um genocídio antes da invasão. A guerra, na verdade, piorou a situação dessas comunidades, muitas das quais agora sofrem as consequências diretas do conflito. A narrativa de “desnazificação” é amplamente considerada uma justificativa fabricada para objetivos geopolíticos russos, como impedir a integração da Ucrânia ao Ocidente e reafirmar influência sobre o território.

5 – Existe uma população neonazista na Ucrânia que precisava ser parada.

Essa questão está ligada à narrativa russa de “desnazificação” da Ucrânia, usada para justificar a invasão de 2022. Vamos analisar os fatos sobre a presença de neonazistas na Ucrânia, sua escala, influência e se eles representavam uma ameaça que “precisava ser parada”.

Neonazismo na Ucrânia: o que sabemos

Presença histórica:

Durante a Segunda Guerra Mundial, alguns ucranianos, como membros da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN) liderada por Stepan Bandera, colaboraram com os nazistas contra a União Soviética, buscando independência. Esse episódio é controverso: para alguns ucranianos, Bandera é um símbolo de luta pela soberania; para outros, especialmente na Rússia, ele representa colaboracionismo fascista.

Esse passado é explorado pela propaganda russa para sugerir uma continuidade de ideologia nazista na Ucrânia moderna.

Grupos modernos:

Batalhão Azov: Um dos casos mais citados é o Azov, formado em 2014 como uma milícia voluntária para combater separatistas pró-Rússia no Donbas. Inicialmente, incluía membros com ideologia neonazista ou de extrema-direita, como o uso de símbolos como a “Wolfsangel”. Após ser integrado às forças oficiais ucranianas (Guarda Nacional), o Azov se profissionalizou, mas sua origem controversa permanece um ponto de crítica.

Outros grupos: Pequenos movimentos ultranacionalistas, como o Setor Direito (Pravy Sektor), também surgiram durante a crise de 2014. Eles têm ideologias nacionalistas radicais, mas não são explicitamente neonazistas em todos os casos.

Escala: Esses grupos são pequenos. Estimativas sugerem que, no auge, o Azov tinha alguns milhares de membros, e o Setor Direito, ainda menos. Em uma população de cerca de 40 milhões (pré-guerra), isso é uma fração mínima.

Influência política:

Nas eleições nacionais, partidos de extrema-direita, como Svoboda ou aqueles ligados ao Setor Direito, têm desempenho fraco. Em 2019, eles obtiveram menos de 3% dos votos, sem representação significativa no parlamento.

O presidente Volodymyr Zelensky, eleito em 2019 com ampla maioria, é judeu e não tem qualquer ligação com ideologias neonazistas, o que contradiz a ideia de um governo dominado por extremistas.

Atividades:

Antes de 2022, grupos como o Azov estavam focados em combater separatistas no Donbas, não em perseguir russos étnicos ou promover uma agenda nazista em larga escala. Não há evidências de que fossem uma ameaça sistêmica à população ucraniana ou aos vizinhos.

“Precisava ser parada”?

Ameaça real:

Não há dados confiáveis de organizações internacionais (como ONU, OSCE ou Amnesty International) que indiquem que neonazistas ucranianos representavam um perigo iminente ou generalizado antes da invasão russa. Relatórios documentam abusos de direitos humanos no Donbas por ambos os lados (ucranianos e separatistas), mas não apontam para uma campanha neonazista contra civis.

A narrativa de “genocídio” contra russos étnicos, usada pela Rússia, não foi corroborada por investigações independentes.

Contexto da guerra:

A invasão russa de 2022 não parece ter como alvo específico grupos neonazistas. Cidades inteiras, incluindo áreas russófonas como Mariupol (onde o Azov lutou), foram bombardeadas indiscriminadamente, matando civis de todas as etnias. Isso sugere que o objetivo era mais amplo — controle territorial e enfraquecimento da Ucrânia — do que “parar neonazistas”.

Após a invasão, a resistência ucraniana, incluindo o Azov, ganhou apoio popular como defensores contra a agressão russa, não como promotores de nazismo.

Perspectiva internacional:

A maioria dos países e analistas rejeita a ideia de que a Ucrânia precisava de “desnazificação”. A Resolução 76/177 da Assembleia Geral da ONU (2021) condenou a glorificação do nazismo globalmente, mas não destacou a Ucrânia como um caso especial. A narrativa russa é vista como propaganda para justificar a guerra.

Conclusão

Sim, existem elementos neonazistas na Ucrânia, como o Batalhão Azov, mas eles são pequenos, com influência política limitada e sem controle sobre o governo ou a sociedade. Antes de 2022, não havia evidências de que representassem uma ameaça tão grave a ponto de “precisar ser parada” por uma invasão em larga escala. A guerra causou muito mais destruição do que qualquer suposta atividade neonazista, e a retórica de “desnazificação” parece ser mais uma justificativa geopolítica do Kremlin do que uma resposta a um problema real. A presença desses grupos existe, mas foi amplamente exagerada para fins políticos.

6 – Zelensky, no fundo, é nazista (e tanto é assim que não desmontou o batalhão Azov).

A afirmação de que Volodymyr Zelensky seria um nazista “no fundo” e que sua decisão de não desmontar o Batalhão Azov seria uma prova disso é uma narrativa que precisa ser analisada com base em fatos, contexto e lógica, especialmente considerando a complexidade do conflito na Ucrânia.

Zelensky é nazista?

Origem pessoal:

Zelensky é judeu, nascido em Kryvyi Rih, uma cidade de língua predominantemente russa no leste da Ucrânia. Seus avós sofreram diretamente com o Holocausto: um deles lutou no Exército Vermelho contra os nazistas, enquanto outros familiares foram mortos pelos nazistas. Ideologicamente, o nazismo é incompatível com sua identidade étnica e história familiar.

Antes de entrar na política, Zelensky era um comediante e ator, conhecido por satirizar políticos, sem qualquer indício de simpatia por ideologias extremistas.

Posicionamento político:

Eleito em 2019 com 73% dos votos, Zelensky liderou o partido “Servo do Povo”, uma plataforma centrista focada em combater a corrupção e aproximar a Ucrânia do Ocidente. Não há evidências em suas políticas ou discursos de apoio a ideias nazistas, como supremacia racial ou autoritarismo fascista.

Zelensky tem promovido a memória do Holocausto e condenado o antissemitismo, alinhando-se com valores democráticos e contra ideologias extremistas.

Contexto da acusação:

A narrativa de que Zelensky seria nazista vem principalmente da propaganda russa, que usa o termo “nazista” de forma ampla para deslegitimar o governo ucraniano. Isso é amplificado pelo Kremlin como parte da justificativa da “desnazificação” na invasão de 2022. No entanto, chamar um presidente judeu de nazista é amplamente visto como contraditório e infundado fora desse contexto propagandístico.

O Batalhão Azov e a decisão de não desmontá-lo

O que é o Azov?:

O Batalhão Azov foi criado em 2014 como uma milícia voluntária para combater separatistas pró-Rússia no Donbas. Alguns de seus fundadores, como Andriy Biletsky, tinham ligações com grupos neonazistas ou ultranacionalistas, e o grupo usou símbolos associados à extrema-direita (como a “Wolfsangel”). Após 2014, foi incorporado à Guarda Nacional da Ucrânia, sob o Ministério do Interior, tornando-se uma unidade militar oficial.

Apesar de sua origem controversa, o Azov evoluiu para uma força de combate eficaz, especialmente na defesa de Mariupol em 2022, o que lhe deu apoio popular entre ucranianos como símbolo de resistência, não de nazismo.

Por que Zelensky não o desmontou?:

Contexto militar: Quando Zelensky assumiu em 2019, a Ucrânia ainda enfrentava um conflito ativo no Donbas contra separatistas apoiados pela Rússia. Desmantelar uma unidade experiente como o Azov poderia enfraquecer a defesa nacional, especialmente em um momento de tensão com a Rússia.

Controle estatal: Ao integrar o Azov à Guarda Nacional, o governo ucraniano buscou discipliná-lo e subordiná-lo à cadeia de comando oficial, reduzindo sua autonomia. Desmontá-lo poderia alienar setores nacionalistas em um país já polarizado pela guerra.

Prioridades: Zelensky focou sua gestão em reformas internas e na busca por apoio internacional contra a Rússia, não em dissolver uma unidade que, apesar de suas origens, não representava uma ameaça política direta ao seu governo.

Implicação de nazismo?:

Manter o Azov não equivale a endossar neonazismo. Não há evidências de que Zelensky tenha tolerado ou promovido ideologia nazista dentro do Azov ou em qualquer outra esfera. A decisão parece pragmática, não ideológica.

O Azov, enquanto unidade militar, não dita a política ucraniana. Sua influência é tática, não estratégica, e seus membros originais de extrema-direita foram diluídos ao longo do tempo com recrutas regulares.

Análise

Contradição: Acusar Zelensky, um judeu cuja família foi vítima do nazismo, de ser nazista por não dissolver o Azov ignora sua biografia e ações. O nazismo, historicamente, é uma ideologia antissemita que jamais poderia ser associada a ele de forma coerente.

Propaganda: A ligação entre Zelensky e o Azov é amplificada pela Rússia para justificar a invasão. Fora desse contexto, a acusação não encontra respaldo em análises independentes (como de ONU, OSCE ou grupos de direitos humanos).

Realidade: O Azov tem um histórico problemático, mas sua existência sob Zelensky reflete uma escolha militar e política em tempos de guerra, não uma adesão a ideologias extremistas.

Conclusão

Não, Zelensky não é nazista “no fundo”. Sua identidade, carreira e políticas contradizem essa ideia. Quanto ao Batalhão Azov, sua manutenção não prova simpatia por neonazismo, mas sim uma decisão prática em um país em guerra. A narrativa de que ele é nazista por causa do Azov é insustentável à luz dos fatos e parece ser uma construção propagandística, não uma descrição precisa da realidade.

7 – Os territórios recuperados por Putin na Ucrânia têm uma população russa e na verdade foram libertados da opressão ucraniana.

A alegação de que esses territórios foram libertados da opressão ucraniana é uma narrativa central da propaganda russa, mas precisa ser examinada criticamente com base em evidências:

Contexto pré-2014:

Antes da crise de 2014, não há registros amplos de organizações internacionais (como ONU ou OSCE) apontando uma “opressão sistemática” de russos étnicos ou falantes de russo na Ucrânia. A Ucrânia era um país multiétnico onde o russo era amplamente usado, mesmo sem status oficial em algumas regiões após a independência.

Após a revolução de Euromaidan (2014), que derrubou o presidente pró-Rússia Viktor Yanukovych, o governo ucraniano adotou políticas para promover a língua ucraniana (como a lei de 2019 sobre o idioma oficial). Isso foi visto por alguns falantes de russo como restritivo, mas não há evidências de perseguição étnica generalizada.

Alegações de genocídio:

A Rússia afirmou que russos no Donbas sofriam “genocídio” por parte da Ucrânia, uma justificativa para a invasão de 2022. No entanto, relatórios da ONU e da OSCE, que monitoraram o conflito no Donbas entre 2014 e 2022, documentaram violações de direitos humanos por ambos os lados (forças ucranianas e separatistas apoiados pela Rússia), mas não confirmaram um genocídio ou opressão étnica sistemática contra russos.

A guerra no Donbas, iniciada em 2014, foi impulsionada por separatistas locais com apoio militar russo, não por uma política ucraniana de repressão étnica.

Realidade sob ocupação russa:

Desde a ocupação, relatórios da ONU (como do Escritório do Alto Comissariado para Direitos Humanos) documentaram abusos graves nos territórios controlados pela Rússia, incluindo detenções arbitrárias, tortura, “passaportização” forçada (exigência de passaportes russos para serviços básicos) e supressão da cultura ucraniana e da língua tártara. Isso contrasta com a ideia de “libertação”.

Na Crimeia, os tártaros da Crimeia, que se opuseram majoritariamente à anexação, enfrentaram repressão, com prisões e proibições de suas instituições culturais.

Em áreas como Mariupol (Donetsk), de maioria russófona, a invasão russa destruiu a cidade, matando milhares de civis, incluindo falantes de russo, o que questiona a narrativa de “proteção”.

Perspectiva ucraniana e internacional:

A Ucrânia e a maioria dos países (conforme a Resolução 68/262 da ONU) veem essas ações como uma violação da soberania nacional, não como libertação. Os referendos de 2014 (Crimeia) e 2022 (outros territórios) foram amplamente rejeitados como ilegítimos, realizados sob coerção militar.

Conclusão

População russa: Sim, os territórios ocupados por Putin têm uma presença significativa de russos étnicos ou falantes de russo, variando de uma maioria clara (Crimeia) a uma minoria expressiva (Kherson, Zaporizhzhia). Isso reflete laços históricos e culturais com a Rússia.

Libertação da opressão: Não há evidências sólidas de que esses territórios foram “libertados” de uma opressão ucraniana sistemática. A narrativa de opressão é amplamente uma construção propagandística russa, não corroborada por fontes independentes. Pelo contrário, a ocupação russa trouxe repressão documentada contra grupos que resistem ao controle de Moscou, como ucranianos e tártaros.

Em resumo, os territórios têm uma população parcialmente russa, mas a ideia de “libertação” não se sustenta diante dos fatos: a intervenção russa parece mais alinhada a objetivos geopolíticos do que a uma resposta a uma opressão real.

8 – A resistência na Praça Maidan (Euromaidan), em 2013-2014 foi articialmente impulsionada de fora para dentro e financiada pelos Estados Unidos.

O Euromaidan começou em novembro de 2013 como um protesto pacífico em Kiev, após o então presidente Viktor Yanukovych, alinhado à Rússia, suspender a assinatura de um Acordo de Associação com a União Europeia (UE). Inicialmente, os manifestantes — muitos deles jovens e pró-europeus — exigiam integração com a Europa. Com o tempo, o movimento cresceu, especialmente após a repressão violenta do governo, e passou a demandar a renúncia de Yanukovych, culminando em sua fuga para a Rússia em fevereiro de 2014.

Argumentos de que foi “impulsionado de fora” e “financiado pelos EUA”

Narrativa russa:

O governo russo, incluindo Vladimir Putin, alega que o Euromaidan foi uma “revolução colorida” orquestrada pelo Ocidente, especialmente pelos EUA, para instalar um governo anti-Rússia na Ucrânia. Essa narrativa sugere que os protestos não foram orgânicos, mas sim manipulados externamente.

Em 2014, uma gravação vazada de uma conversa entre Victoria Nuland (subsecretária de Estado dos EUA) e o embaixador americano na Ucrânia, Geoffrey Pyatt, mostrou os dois discutindo a formação de um novo governo ucraniano. Nuland disse “foda-se a UE”, o que foi interpretado por críticos como evidência de interferência americana.

Financiamento alegado:

Críticos apontam que os EUA investiram em programas de “promoção da democracia” na Ucrânia por meio de organizações como a USAID e a National Endowment for Democracy (NED). Segundo dados públicos, entre 2004 e 2014, os EUA gastaram cerca de US$ 5 bilhões em assistência à Ucrânia (declaração de Nuland em 2013), mas isso incluía apoio econômico e humanitário ao longo de décadas, não especificamente para o Euromaidan.

Há alegações de que ONGs financiadas pelo Ocidente treinaram ativistas ucranianos em táticas de protesto, mas essas afirmações carecem de provas diretas ligando-as ao início ou à escalada do Euromaidan.

Presença ocidental:

Políticos ocidentais, como o senador americano John McCain, visitaram a Praça Maidan em dezembro de 2013, expressando apoio aos manifestantes. Isso foi usado pela Rússia como “prova” de intervenção externa.

Evidências contrárias

Origem local:

Os protestos começaram espontaneamente em 21 de novembro de 2013, após Yanukovych rejeitar o acordo com a UE, uma decisão que contrariou a vontade de muitos ucranianos, especialmente os mais jovens e urbanos. Postagens em redes sociais convocando manifestações surgiram de cidadãos comuns, não de agentes externos.

A repressão policial inicial (30 de novembro de 2013), quando estudantes foram espancados, inflamou o movimento, transformando-o de uma causa pró-UE em uma revolta mais ampla contra corrupção e autoritarismo. Esse foi um gatilho interno, não externo.

Diversidade dos manifestantes:

O Euromaidan envolveu uma ampla coalizão: estudantes, trabalhadores, intelectuais, nacionalistas e até grupos de extrema-direita (como o Setor Direito), mas sem uma liderança centralizada. Essa heterogeneidade sugere um movimento orgânico, não uma operação coordenada de fora.

Pesquisas da época (como do Kyiv International Institute of Sociology) mostravam que a maioria dos ucranianos apoiava a integração com a UE, indicando que o sentimento pró-europeu já existia antes de qualquer suposta intervenção.

Financiamento e logística:

Não há evidências documentais sólidas (como relatórios de inteligência ou registros financeiros) mostrando que os EUA financiaram diretamente os protestos. O apoio americano veio mais tarde, após a queda de Yanukovych, com assistência ao novo governo.

Os manifestantes sustentaram o movimento com doações locais (comida, cobertores, suprimentos), organizadas por cidadãos e pequenas empresas ucranianas, não por transferências estrangeiras em larga escala.

Contexto da política americana:

Na época, o governo Obama era criticado por uma política externa hesitante, focada em evitar confrontos diretos com a Rússia (como no “reset” das relações). Analistas como Stephen Walt argumentam que os EUA não tinham uma estratégia clara para “orquestrar” uma revolução na Ucrânia, e a gravação de Nuland reflete mais uma reação aos eventos do que um plano premeditado.

Análise

Influência externa: Os EUA e a UE tinham interesse geopolítico em uma Ucrânia pró-Ocidente, e seu apoio moral e retórico aos manifestantes é inegável. Programas de promoção da democracia existiam, mas não há provas concretas de que eles “criaram” ou “financiaram” o Euromaidan desde o início. A gravação de Nuland mostra influência na formação do governo pós-Yanukovych, não na ignição dos protestos.

Dinâmica interna: O movimento foi impulsionado por fatores locais: insatisfação com Yanukovych, corrupção endêmica e o desejo de alinhamento com a Europa. A repressão do governo foi o catalisador que o transformou em uma revolta massiva.

Narrativa russa: A ideia de uma conspiração americana é amplificada pela Rússia para justificar sua resposta (anexação da Crimeia e apoio aos separatistas no Donbas), mas carece de evidências específicas que mostrem o Euromaidan como uma operação “de fora para dentro”.

Conclusão

O Euromaidan não foi “artificialmente impulsionado” nem diretamente financiado pelos Estados Unidos em seu início. Ele surgiu de tensões internas e aspirações populares ucranianas, com a rejeição do acordo da UE como estopim. Embora os EUA tenham apoiado o movimento moralmente e influenciado o resultado após a queda de Yanukovych, a revolta teve raízes orgânicas. A narrativa de uma operação americana é mais uma interpretação geopolítica do Kremlin do que um fato comprovado por evidências independentes.

9 – Na verdade foi a Ucrânia que atacou a Rússia ao pleitear entrar na OTAN.

A ideia de que a Ucrânia “atacou” a Rússia ao pleitear entrada na OTAN é uma interpretação que reflete uma perspectiva específica, frequentemente associada à narrativa russa sobre o conflito. Vamos analisar isso com base em fatos históricos, o funcionamento da OTAN e o contexto geopolítico, para determinar se essa afirmação tem fundamento.

O que significa “pleitear entrar na OTAN”?

A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) é uma aliança militar defensiva fundada em 1949, cujo princípio básico (Artigo 5) é que um ataque a um membro é considerado um ataque a todos. Após o colapso da URSS, vários países do Leste Europeu aderiram à OTAN, buscando segurança contra uma potencial ameaça russa.

A Ucrânia começou a expressar interesse formal na OTAN em 2008, durante a Cúpula de Bucareste, quando líderes da aliança declararam que o país (junto com a Geórgia) poderia eventualmente se tornar membro, embora sem um cronograma definido. Esse interesse foi reforçado após 2014, com a anexação da Crimeia pela Rússia e o início do conflito no Donbas, quando a Ucrânia viu a OTAN como uma garantia contra a agressão russa.

Em 2019, a Constituição ucraniana foi alterada para incluir a adesão à OTAN e à UE como objetivos estratégicos, refletindo o desejo popular e político de se alinhar ao Ocidente.

A Ucrânia “atacou” a Rússia com isso?

Definição de ataque:

Um “ataque” geralmente implica uma ação militar ou hostilidade direta, como disparos, invasões ou sabotagem. Pleitear entrada na OTAN é um ato político e diplomático, não uma agressão militar. A Ucrânia não lançou operações armadas contra a Rússia ao buscar essa adesão.

Até a invasão russa em larga escala em 2022, os confrontos militares (como no Donbas) foram iniciados por separatistas apoiados pela Rússia em 2014, não por uma ofensiva ucraniana contra território russo.

Perspectiva russa:

A Rússia vê a expansão da OTAN para o leste como uma ameaça à sua segurança. Desde os anos 1990, Moscou argumenta que o avanço da aliança viola promessas informais feitas após a Guerra Fria de que a OTAN não se expandiria “nem um centímetro para o leste” (uma alegação baseada em conversas de 1990 entre líderes ocidentais e soviéticos, mas nunca formalizada em tratado).

Putin descreveu a possível adesão da Ucrânia à OTAN como uma “linha vermelha”, pois colocaria uma aliança militar hostil (do ponto de vista russo) diretamente em sua fronteira oeste, potencialmente com bases ou armas ocidentais. Em seus discursos, como o de 21 de fevereiro de 2022, ele sugeriu que isso ameaçaria a Rússia, justificando sua “operação militar especial”.

Cronologia dos eventos:

O interesse da Ucrânia na OTAN precedeu os conflitos com a Rússia, mas não houve adesão iminente. Até 2022, a Ucrânia não havia recebido um Plano de Ação para a Membresia (MAP), o passo formal para entrar na OTAN, devido à relutância de alguns membros da aliança (como Alemanha e França) em provocar a Rússia.

A Rússia anexou a Crimeia e apoiou separatistas no Donbas em 2014, após o Euromaidan, mas antes de qualquer avanço significativo no processo de adesão ucraniana à OTAN. Isso sugere que a ação russa foi uma resposta à perda de influência sobre a Ucrânia, não a um “ataque” iminente via OTAN.

A invasão de 2022 ocorreu sem que a Ucrânia estivesse perto de ingressar na OTAN, indicando que o movimento russo foi preventivo, não reativo a uma agressão direta.

Perspectiva ucraniana e ocidental:

Para a Ucrânia, buscar a OTAN foi uma resposta à ameaça russa, não o contrário. Após 2014, com a perda da Crimeia e a guerra no Donbas, o país viu a aliança como uma forma de garantir sua soberania, não de iniciar hostilidades.

A OTAN é uma organização defensiva, e seus membros argumentam que a expansão reflete a escolha soberana de nações livres, não uma conspiração contra a Rússia. A adesão exige consenso entre os 31 membros atuais (em 2025), e a Ucrânia não estava perto desse estágio.

Análise

Ação militar vs. diplomática: Pleitear a OTAN não é um ataque no sentido literal. É uma decisão soberana de política externa, não uma operação militar contra a Rússia. Não há evidências de que a Ucrânia tenha usado sua busca pela OTAN para ameaçar diretamente o território russo antes de 2022.

Causa e efeito: A Rússia interpreta a expansão da OTAN como uma provocação, mas os eventos mostram que suas ações (Crimeia em 2014, invasão em 2022) precederam qualquer adesão real da Ucrânia à aliança. Isso sugere que a Rússia agiu para impedir um cenário futuro, não para responder a um ataque presente.

Contexto mais amplo: A tensão entre Rússia e OTAN é anterior ao interesse ucraniano, remontando à adesão de países como Polônia e os Bálticos nos anos 1990 e 2000. A Ucrânia é um capítulo dessa disputa geopolítica, não o ponto de origem.

Conclusão

Não, a Ucrânia não “atacou” a Rússia ao pleitear entrar na OTAN. Essa busca foi uma tentativa de garantir segurança contra a Rússia, especialmente após 2014, e não um ato de agressão militar ou mesmo uma ameaça imediata, dado o lento processo de adesão à OTAN. A Rússia percebeu isso como uma provocação estratégica, mas essa percepção reflete seus próprios interesses de manter a Ucrânia em sua esfera de influência, não um ataque factual da Ucrânia. A narrativa de que a Ucrânia iniciou o conflito por meio da OTAN inverte a cronologia e a natureza dos eventos, que mostram a Rússia como o ator militar inicial em 2014 e 2022.

10 – A função da OTAN é atacar países anti-imperialistas a serviço dos EUA.

A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi fundada em 1949 por 12 países, liderados pelos Estados Unidos, como uma aliança militar defensiva contra a União Soviética durante a Guerra Fria. Seu objetivo central, conforme o Tratado de Washington, é a defesa coletiva: um ataque a um membro é considerado um ataque a todos (Artigo 5).

Após o fim da URSS em 1991, a OTAN redefiniu parcialmente seu papel, passando a incluir missões como “gestão de crises”, manutenção da paz e combate ao terrorismo, além de expandir-se para o Leste Europeu, incorporando ex-membros do Pacto de Varsóvia.

A OTAN não atacou diretamente muitos países “anti-imperialistas” proeminentes, como Cuba, Venezuela, Irã ou Coreia do Norte, mesmo sendo adversários claros dos EUA. Isso sugere que sua função não é simplesmente “atacar” esses regimes.

A maioria das ações da OTAN pós-Guerra Fria foi justificada por resoluções da ONU (Líbia) ou como resposta a crises específicas (Kosovo, Afeganistão), não como uma campanha sistemática contra o anti-imperialismo.

Países membros da OTAN, como França e Alemanha, nem sempre alinham seus interesses com os EUA (exemplo: oposição à guerra do Iraque), indicando que a aliança não é apenas um instrumento americano.

Conclusão

A função da OTAN não é, por definição, “atacar países anti-imperialistas a serviço dos EUA”. Seu propósito formal é a defesa coletiva, e suas ações são moldadas por decisões conjuntas dos membros, lideradas — mas não exclusivamente controladas — pelos EUA. No entanto, algumas de suas intervenções (Iugoslávia, Líbia) atingiram regimes que se opunham ao Ocidente, o que dá margem à interpretação crítica. Ainda assim, a OTAN não tem um histórico consistente de atacar todos os países anti-imperialistas, e suas operações refletem mais interesses estratégicos do que uma missão ideológica clara contra o anti-imperialismo. A percepção de sua função depende muito de quem a analisa: aliado ou adversário do Ocidente.

11 – A OTAN desrespeitou um acordo dos anos 90 com a Rússia, que previa uma não expansão da aliança além das fronteiras da Alemanha, em um claro ataque à soberania russa.

Não há evidências conclusivas de que a OTAN tenha desrespeitado um acordo formal com a Rússia que explicitamente previsse a não ampliação da aliança em direção ao leste. A narrativa de um suposto acordo quebrado é frequentemente mencionada pelo governo russo, em particular por Vladimir Putin, mas sua existência como um compromisso juridicamente vinculante é amplamente contestada por historiadores, diplomatas e documentos disponíveis.

O contexto histórico remonta às negociações de 1990, durante o processo de reunificação da Alemanha, no âmbito do Tratado Dois-Mais-Quatro. Nessa ocasião, o então Secretário de Estado dos EUA, James Baker, teria dito ao líder soviético Mikhail Gorbachev que a OTAN não se expandiria “nem um centímetro a leste” além da Alemanha reunificada. Essa declaração, porém, foi feita em uma conversa informal, e não há registro de que tenha sido formalizada em um tratado ou documento assinado. Gorbachev, em entrevistas posteriores (como uma em 2014 ao Russia Beyond), confirmou que o tema da expansão da OTAN para além da Alemanha não foi discutido de forma concreta na época, e que nenhum acordo formal foi estabelecido nesse sentido.

O que existe de concreto é o Ato Fundador sobre Relações Mútuas, Cooperação e Segurança, assinado entre a OTAN e a Rússia em 1997. Esse documento não proíbe a expansão da OTAN, mas estabelece diretrizes para uma relação de cooperação, incluindo a Rússia no debate sobre segurança europeia, sem lhe dar poder de veto sobre novas adesões. A OTAN se comprometeu a não estacionar forças de combate permanentes nos novos membros do Leste Europeu, um ponto que, até certo momento, foi respeitado, mas não impedia a adesão de países como Polônia, Hungria, República Tcheca (1999) e, mais tarde, as ex-repúblicas soviéticas Estônia, Letônia e Lituânia (2004).

A Rússia interpreta a expansão da OTAN como uma traição ao “espírito” das conversas de 1990, argumentando que havia uma expectativa implícita de não ampliação. Já a OTAN e os países ocidentais sustentam que nunca houve um compromisso formal nesse sentido e que a política de “portas abertas” da aliança permite que nações soberanas escolham suas alianças, conforme acordos internacionais como os de Helsinque (1975). A expansão ocorreu em resposta a pedidos voluntários de países do Leste Europeu, muitos dos quais buscavam segurança contra uma possível ameaça russa após o colapso da URSS.

Portanto, embora a Rússia alegue um descumprimento de promessas verbais, não há prova de um acordo escrito ou juridicamente vinculante que a OTAN tenha violado. A questão é mais uma disputa de narrativas: para Moscou, a expansão é uma provocação; para a OTAN, é o exercício da soberania dos Estados e uma reação às circunstâncias geopolíticas pós-Guerra Fria. A falta de um documento claro deixa o debate aberto à interpretação, mas, com base nos registros disponíveis, não se pode afirmar categoricamente que a OTAN desrespeitou um acordo formal.

12 – A Rússia foi obrigada a invadir a Crimeia e depois a Ucrânia, pois os EUA tinham um plano de trazer a Ucrânia e depois a Geórgia para a OTAN, colocando em risco a soberania russa.

Essa questão reflete uma narrativa frequentemente apresentada pela Rússia para justificar suas ações na Crimeia (2014) e na Ucrânia (2022). Vamos analisar isso com base em fatos históricos, intenções declaradas, cronologia e contexto geopolítico, para determinar se a Rússia foi “obrigada” a invadir devido a um plano americano envolvendo a OTAN.

Contexto: OTAN, Ucrânia e Geórgia

Expansão da OTAN:

Após o fim da URSS em 1991, a OTAN expandiu-se para o Leste Europeu, incorporando ex-membros do Pacto de Varsóvia (como Polônia, Hungria e os Bálticos) entre 1999 e 2004. Isso foi visto pela Rússia como uma violação de promessas informais feitas em 1990 por líderes ocidentais (como James Baker) de que a OTAN “não se expandiria um centímetro para o leste”, embora nunca tenha sido formalizado em tratado.

Na Cúpula de Bucareste (2008), a OTAN declarou que Ucrânia e Geórgia “se tornarão membros” no futuro, mas sem um cronograma ou Plano de Ação para a Membresia (MAP), devido à oposição de países como Alemanha e França, que temiam provocar a Rússia.

Interesse da Ucrânia na OTAN:

Antes de 2014, o interesse ucraniano na OTAN era moderado. O presidente Viktor Yanukovych (2010-2014), pró-Rússia, adotou uma política de não-alinhamento. Após o Euromaidan (2014), que derrubou Yanukovych, o novo governo pró-Ocidente intensificou os esforços para se aproximar da OTAN, especialmente após a anexação da Crimeia. Em 2019, a adesão à OTAN foi incluída na Constituição ucraniana.

Interesse da Geórgia:

A Geórgia buscou a OTAN após a guerra de 2008 com a Rússia, quando Moscou reconheceu a independência de Abkházia e Ossétia do Sul. Como a Ucrânia, recebeu apoio retórico na Cúpula de Bucareste, mas sem avanços concretos devido às mesmas hesitações internas da OTAN.

A Rússia foi “obrigada” a invadir?

Crimeia (2014):

Contexto: A anexação da Crimeia ocorreu após o Euromaidan, quando Yanukovych fugiu e um governo interino pró-Ocidente assumiu. A Rússia alegou proteger russos étnicos (maioria na Crimeia) e garantir a base naval de Sebastopol, vital para sua frota do Mar Negro.

Relação com a OTAN: Em 2014, a Ucrânia não estava perto de ingressar na OTAN. Não havia MAP ativo, e o país ainda lidava com instabilidade interna. A ação russa pareceu mais uma resposta à perda de influência sobre a Ucrânia (virada para o Ocidente) do que a um plano iminente de adesão à OTAN.

Plano dos EUA: Não há evidências documentais de um “plano” americano específico para trazer a Ucrânia à OTAN naquele momento. A política dos EUA sob Obama era cautelosa, evitando confronto direto com a Rússia (exemplo: resposta limitada à Crimeia).

Invasão da Ucrânia (2022):

Contexto: Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia lançou uma invasão em larga escala, após anos de tensão no Donbas e meses de exigências para que a OTAN parasse sua expansão. Putin citou a “desnazificação” e a ameaça da OTAN como justificativas.

Relação com a OTAN: Até 2022, a Ucrânia ainda não tinha um MAP, e líderes da OTAN (como Macron e Scholz) sinalizaram que a adesão estava distante. Em dezembro de 2021, a Rússia apresentou demandas à OTAN (retirada de forças do Leste Europeu e garantia de não-expansão), que foram rejeitadas, mas não havia movimentação militar da OTAN na Ucrânia além de treinamento e armas.

Plano dos EUA: Os EUA apoiavam a Ucrânia com assistência militar desde 2014 (como mísseis Javelin), mas não há provas de um plano orquestrado para acelerar sua entrada na OTAN antes da invasão. A ajuda americana aumentou após 2022, como reação, não como causa.

Risco à soberania russa:

A Rússia vê a OTAN como uma ameaça existencial, especialmente na Ucrânia, que compartilha uma fronteira de mais de 2.000 km com ela. Bases da OTAN ou armas avançadas ali poderiam, teoricamente, reduzir o tempo de resposta russo a um ataque. Putin argumentou que isso comprometeria a segurança nacional.

No entanto, até 2022, a OTAN não tinha presença militar significativa na Ucrânia (apenas exercícios conjuntos), e a aliança enfatiza seu caráter defensivo, não ofensivo.

Análise

Cronologia:

A anexação da Crimeia (2014) e a invasão de 2022 precederam qualquer adesão concreta da Ucrânia à OTAN. Isso sugere que a Rússia agiu preventivamente para evitar um cenário futuro, não em resposta a um ataque ou plano iminente. A Geórgia, apesar de seu interesse, também não avançou significativamente na OTAN até 2025.

O Euromaidan e o giro ucraniano para o Ocidente foram gatilhos, mas não equivalem a um “plano dos EUA” para a OTAN.

Evidências de um plano americano:

Não há documentos desclassificados ou provas diretas (como comunicações internas) mostrando que os EUA tinham um cronograma para trazer Ucrânia e Geórgia à OTAN antes das ações russas. O apoio americano era mais reativo (pós-2014) do que proativo.

A hesitação de membros da OTAN (França, Alemanha) em acelerar a adesão ucraniana contradiz a ideia de um plano unificado liderado pelos EUA.

“Obrigada” a invadir:

A Rússia tinha alternativas à invasão, como diplomacia, pressão econômica ou fortalecimento militar interno. A escolha pela ação militar reflete uma decisão estratégica de Putin para reafirmar controle sobre a Ucrânia e enviar um sinal ao Ocidente, não uma necessidade inevitável.

A percepção de ameaça da OTAN é real para Moscou, mas “risco à soberania” não equivale a uma agressão direta que obrigasse uma resposta militar.

Conclusão

A Rússia não foi “obrigada” a invadir a Crimeia ou a Ucrânia por um plano americano de trazer Ucrânia e Geórgia para a OTAN. Embora a expansão da OTAN seja uma preocupação legítima para a Rússia, não havia um processo iminente de adesão antes de 2014 ou 2022 que justificasse a invasão como única opção. As ações russas foram preemptivas, baseadas em temores de longo prazo e na perda de influência na Ucrânia, não em uma ameaça concreta orquestrada pelos EUA. A narrativa de “obrigação” simplifica uma decisão política e militar ativa de Moscou, que poderia ter buscado outras vias para proteger sua soberania.

13 – A OTAN não quer paz, não queria em 2022 e não quer agora. 

A afirmação de que a OTAN “não quer paz” é uma crítica recorrente, especialmente em narrativas alinhadas à perspectiva russa ou de países que veem a aliança como uma força desestabilizadora. Vamos analisar isso com base no papel declarado da OTAN, suas ações em 2022 e atualmente (março de 2025), e os interesses em jogo, para determinar se há evidências que sustentem essa visão.

O que a OTAN diz sobre paz?

A OTAN se apresenta como uma aliança defensiva, criada para garantir a segurança coletiva de seus membros. Seu tratado fundador (1949) enfatiza a defesa mútua (Artigo 5), e desde o fim da Guerra Fria, a organização ampliou seu foco para incluir “gestão de crises” e promoção da estabilidade global, muitas vezes em parceria com a ONU.

Oficialmente, a OTAN afirma buscar paz por meio da dissuasão: manter uma força militar robusta para evitar conflitos, em vez de iniciá-los.

A OTAN em 2022: contexto da invasão da Ucrânia

Antes da invasão (fevereiro de 2022):

A Rússia exigiu em dezembro de 2021 que a OTAN parasse sua expansão, retirasse forças do Leste Europeu e garantisse que a Ucrânia nunca ingressaria na aliança. A OTAN rejeitou essas demandas, argumentando que a política de “portas abertas” (qualquer nação soberana pode pleitear adesão) é um princípio fundamental e que as exigências russas violavam a soberania de outros países.

A OTAN não tinha presença militar significativa na Ucrânia na época — apenas programas de treinamento e fornecimento de equipamentos (como os EUA enviando mísseis Javelin). Não havia bases ou tropas permanentes da aliança no país.

Líderes da OTAN, como Jens Stoltenberg (secretário-geral), pediram diálogo com a Rússia para evitar escalada, mas mantiveram a posição de apoio à Ucrânia como nação soberana. Críticos dizem que essa postura “provocou” Moscou, enquanto defensores argumentam que ceder às demandas russas enfraqueceria a credibilidade da aliança.

Durante a invasão:

Após a Rússia invadir a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, a OTAN condenou a ação, mas não enviou tropas diretamente ao conflito, já que a Ucrânia não era membro. Em vez disso, aumentou o apoio militar e econômico a Kiev (armas, inteligência, sanções contra a Rússia), enquanto reforçava suas próprias defesas no Leste Europeu (Polônia, Bálticos).

A decisão de não intervir militarmente foi vista por alguns como um esforço para evitar uma guerra direta com a Rússia (uma potência nuclear), sugerindo cautela em vez de beligerância. No entanto, o apoio contínuo à Ucrânia foi interpretado pela Rússia como uma escalada indireta.

Oportunidades de paz:

Em março de 2022, negociações entre Rússia e Ucrânia em Istambul chegaram perto de um acordo preliminar, com a Ucrânia considerando neutralidade (não ingressar na OTAN) em troca de garantias de segurança. Relatos sugerem que pressões ocidentais, incluindo dos EUA e Reino Unido, desencorajaram Kiev de aceitar, apostando em ganhos militares contra a Rússia. Isso alimenta a crítica de que a OTAN (ou seus líderes) priorizou enfraquecer Moscou sobre uma paz imediata, embora não haja provas públicas de que a OTAN, como organização, tenha vetado o acordo.

A OTAN em 2025: quer paz agora?

Situação atual (março de 2025):

A guerra na Ucrânia continua, com a OTAN mantendo apoio militar à Ucrânia (armas avançadas, como tanques Leopard e sistemas Patriot) e expandindo sua presença no Leste Europeu. Desde 2022, a aliança também cresceu, com Finlândia (2023) e Suécia (2024) aderindo, reforçando sua postura contra a Rússia.

Stoltenberg e outros líderes da OTAN afirmam que a paz depende de uma Ucrânia forte, capaz de negociar em posição de igualdade com a Rússia. A retórica oficial é que o apoio a Kiev é um caminho para a estabilidade a longo prazo, não para a guerra perpétua.

Ações e sinais:

A OTAN não propôs uma intervenção direta na Ucrânia nem escalou para um confronto aberto com a Rússia, sugerindo um desejo de evitar uma guerra mais ampla. No entanto, sua recusa em pressionar a Ucrânia por concessões territoriais (como ceder Crimeia) ou neutralidade total é vista por críticos como uma barreira à paz imediata.

Em 2024, a OTAN intensificou exercícios militares no flanco leste e aumentou o orçamento de defesa, o que a Rússia interpreta como preparação para conflito, não paz.

Análise: a OTAN quer paz?

Interesses da OTAN:

A OTAN tem interesse em conter a Rússia, vista como uma ameaça desde 2014 (Crimeia) e 2022 (invasão). Uma Ucrânia alinhada ao Ocidente fortalece essa contenção, enquanto uma vitória russa poderia encorajar mais agressões (ex.: Geórgia, Moldova). Isso sugere que a “paz” desejada pela OTAN é condicional à preservação de sua influência e credibilidade.

A aliança também busca proteger seus membros do Leste Europeu (Polônia, Bálticos), que temem a Rússia. Apoiar a Ucrânia é parte dessa estratégia defensiva, mas prolonga o conflito.

Críticas:

A Rússia e seus aliados argumentam que a OTAN “não quer paz” porque rejeitou demandas de desescalada em 2021-2022 e continua armando a Ucrânia, prolongando a guerra. Eles veem isso como uma política americana de usar a OTAN para enfraquecer a Rússia economicamente e militarmente.

Alguns analistas ocidentais (como John Mearsheimer) sugerem que a expansão da OTAN provocou a Rússia desnecessariamente, ignorando oportunidades de paz em favor de uma postura agressiva.

Contrapontos:

A OTAN argumenta que a Rússia é a responsável pela guerra, ao violar a soberania ucraniana. Sem apoio da OTAN, a Ucrânia poderia ter sido completamente subjugada, o que não garantiria paz, mas sim uma vitória russa que incentivaria mais conflitos.

A hesitação em intervir diretamente (evitando uma Terceira Guerra Mundial) mostra que a OTAN prioriza estabilidade global sobre uma escalada total.

Conclusão

É errado dizer que a OTAN “não quer paz” como objetivo inerente, mas sua definição de paz está ligada a seus interesses estratégicos: conter a Rússia, proteger membros e manter a ordem ocidental. Em 2022, ela rejeitou demandas russas que comprometiam sua autonomia e apoiou a Ucrânia em vez de forçar um acordo precoce, o que pode ser interpretado como prolongar o conflito. Em 2025, segue a mesma linha, buscando uma paz onde a Rússia não saia vitoriosa, o que a coloca em choque com Moscou. Se “querer paz” significa ceder à Rússia ou abandonar a Ucrânia, a OTAN não quer essa paz. Se significa estabilidade a longo prazo sob influência ocidental, então sim, ela a busca — mas às custas de uma guerra contínua no curto prazo. A resposta depende de como se define “paz” e de qual perspectiva geopolítica se adota.

14 – A Ucrânia já perdeu a guerra porque está enfrentando uma potência nuclear (a Rússia) e não conta mais com a ajuda americana. O mais forte sempre vence o mais fraco. Sempre foi assim.

Não podemos afirmar categoricamente que a Ucrânia já perdeu a guerra apenas porque enfrenta uma potência nuclear (Rússia) e perdeu o apoio militar direto dos EUA, nem que “o mais forte sempre vence o mais fraco” seja uma regra universal e imutável. Essa análise exige uma avaliação mais nuanced baseada em fatos históricos, dinâmicas atuais e exceções que desafiam essa lógica simplista.

Ucrânia já perdeu a guerra?

Situação atual (março de 2025):

A guerra continua, agora no seu terceiro ano desde a invasão em larga escala de 2022. A Ucrânia perdeu territórios significativos (Crimeia em 2014, partes do Donbas, Kherson e Zaporizhzhia em 2022), mas ainda resiste, controlando a maior parte de seu território original.

A suspensão recente da ajuda militar e de inteligência dos EUA (noticiada em março de 2025) é um golpe sério. Analistas estimam que, sem esse suporte, as forças ucranianas podem “começar a ceder” em meses (segundo o New York Times, 07/03/2025), mas a Europa está tentando preencher o vazio com mais armas e financiamento.

A Rússia, apesar de ser uma potência nuclear e ter superioridade em recursos, não conseguiu uma vitória decisiva. Suas perdas são altas (centenas de milhares de soldados, segundo estimativas ocidentais), e a economia sofre com sanções.

Potência nuclear como fator decisivo:

A Rússia tem armas nucleares, mas não as usou na Ucrânia, limitando-se a armamentos convencionais. Isso sugere que o status nuclear é mais uma ferramenta de dissuasão do que uma vantagem prática no campo de batalha atual.

A Ucrânia resistiu até agora graças a apoio ocidental (EUA, OTAN, UE) e sua própria determinação, mostrando que força bruta não garante vitória rápida contra um adversário motivado e apoiado.

Falta de ajuda americana:

A pausa no apoio dos EUA (iniciada sob Trump em 2025, conforme Al Jazeera e Reuters) reduz a capacidade ucraniana de antecipar ataques russos e manter linhas de suprimento. No entanto, a UE prometeu aumentar sua assistência, e a Ucrânia tem estoques para resistir por semanas ou meses, segundo ex-oficiais citados pela NBC (05/03/2025).

Historicamente, a ausência de um grande aliado não significa derrota automática (ver exemplos abaixo).

O mais forte sempre vence o mais fraco?

Exceções históricas:

Guerra do Vietnã (1955-1975): Os EUA, uma superpotência militar e nuclear, foram derrotados pelo Vietnã do Norte, apoiado por aliados comunistas, mas muito mais fraco em termos convencionais. Estratégia de guerrilha, apoio popular e resiliência superaram a força bruta.

Guerra de Independência Americana (1775-1783): As colônias americanas, menos equipadas e organizadas, venceram o Império Britânico, o “mais forte” da época, com ajuda francesa e táticas assimétricas.

Afeganistão (1979-1989 e 2001-2021): Tanto a URSS quanto os EUA, potências nucleares, falharam em subjugar forças afegãs menos equipadas, mostrando que terreno, motivação e resistência podem neutralizar vantagens materiais.

Fatores além da força bruta:

Resiliência e apoio externo: A Ucrânia tem demonstrado capacidade de adaptação (uso de drones, guerra assimétrica) e recebe suporte europeu, o que mitiga sua inferioridade militar.

Custo político e econômico: Para a Rússia, prolongar a guerra é caro (sanções, perdas humanas), o que pode forçar concessões mesmo sendo “mais forte”.

Vontade popular: O apoio interno na Ucrânia é alto, enquanto na Rússia há sinais de descontentamento (repressão a dissidentes, recrutamento forçado).

Reflexão sobre o “sempre foi assim”

A história mostra que o “mais forte” (em termos de poder militar ou econômico) nem sempre vence. Fatores como estratégia, alianças, moral e contexto internacional frequentemente alteram o resultado.

Na Ucrânia, a Rússia tem vantagens claras (população, recursos, arsenal), mas não conseguiu seus objetivos iniciais (tomar Kiev, desmantelar o governo) em 2022, sugerindo que força bruta sozinha não é suficiente.

Conclusão

Não é correto afirmar que a Ucrânia “já perdeu” apenas por enfrentar uma potência nuclear sem ajuda americana direta. A guerra está em andamento, e o desfecho depende de variáveis como o apoio europeu, a resiliência ucraniana e os limites da Rússia. Quanto ao “mais forte sempre vence”, a história prova que isso não é uma lei absoluta — o mais fraco pode prevalecer com estratégia, apoio externo ou desgaste do adversário. Até março de 2025, a Ucrânia não está derrotada, mas sua posição é mais frágil sem os EUA. O resultado final ainda está em aberto.

15 – A maioria das cidades da Ucrânia já está destruída pelos bombardeios russos. A Ucrânia já não tem mais soldados e agora se prepara para mandar crianças e idosos para o front.

Vamos analisar a veracidade dessa afirmação em duas partes, com base em dados disponíveis até março de 2025, considerando o contexto da guerra entre Rússia e Ucrânia, que começou em 2014 e se intensificou com a invasão em larga escala em 2022.

Parte 1: “A maioria das cidades da Ucrânia já está destruída pelos bombardeios russos”

Destruição causada pelos bombardeios russos: Desde o início da invasão em fevereiro de 2022, os bombardeios russos causaram danos significativos em várias cidades ucranianas, especialmente no leste e sul do país. Cidades como Mariupol, Bakhmut, Avdiivka e Severodonetsk foram amplamente destruídas, com grande parte de sua infraestrutura reduzida a escombros devido a combates intensos e ataques aéreos. Kharkiv, a segunda maior cidade, também sofreu danos graves em bairros residenciais e infraestrutura. A capital, Kiev, enfrentou ataques, mas não foi devastada como as cidades do front leste.

Escala da destruição: Um relatório da ONU de 2023 estimou que mais de 10.000 civis foram mortos e dezenas de milhares de edifícios danificados ou destruídos. No entanto, a Ucrânia tem cerca de 1.700 cidades e vilas (segundo dados pré-guerra). Mesmo com danos extensos em áreas de combate, como Donbas, a maioria das cidades no oeste e centro do país (Lviv, Ivano-Frankivsk, Vinnytsia, etc.) permanece funcional, com infraestrutura básica intacta, apesar de ataques esporádicos a instalações energéticas.

Avaliação: Afirmar que “a maioria das cidades da Ucrânia já está destruída” é um exagero. Embora cidades estratégicas no leste e sul tenham sofrido devastação severa, muitas outras, especialmente no oeste, continuam operacionais. Não há evidências de que mais da metade das 1.700 cidades esteja “destruída” a ponto de serem inabitáveis ou completamente arrasadas.

Parte 2: “A Ucrânia já não tem mais soldados e agora se prepara para mandar crianças e idosos para o front”

Situação das forças ucranianas: A Ucrânia mobilizou centenas de milhares de soldados desde 2022. Estimativas ocidentais (como do Instituto para o Estudo da Guerra – ISW) sugerem que, apesar de perdas significativas (dezenas de milhares mortos ou feridos), o país ainda mantém uma força militar ativa, reforçada por recrutamento contínuo e apoio externo. Em 2024, a Ucrânia reduziu a idade mínima de recrutamento de 27 para 25 e intensificou esforços para convocar homens em idade militar, indicando pressão, mas não esgotamento total.

Alegações sobre crianças e idosos: Não há evidências verificáveis de fontes confiáveis (ONU, OSCE, mídia internacional) de que a Ucrânia esteja oficialmente recrutando crianças (menores de 18 anos) ou idosos (acima de 60 ou 65 anos) para o front. A legislação ucraniana proíbe o alistamento de menores, e a idade máxima de mobilização é geralmente 60 anos para reservistas, com exceções raras. Relatos isolados ou anedóticos em redes sociais (como em posts no X) sobre “crianças” ou “idosos” no front não foram confirmados por organizações independentes e podem ser propaganda ou exageros.

Contexto de recrutamento: A Ucrânia enfrenta desafios com fadiga de guerra e evasão ao recrutamento, levando a medidas mais rigorosas, como buscas em cidades para encontrar homens elegíveis. Há também voluntários mais velhos (acima de 50) que se juntaram por iniciativa própria, mas isso não equivale a uma política oficial de enviar “idosos” ou “crianças” como última opção.

Veracidade geral

“A maioria das cidades da Ucrânia já está destruída”: Falso. Embora muitas cidades tenham sofrido danos graves, especialmente nas zonas de conflito, a maioria (em número) permanece habitável e funcional, particularmente no oeste e centro do país.

“A Ucrânia já não tem mais soldados e agora se prepara para mandar crianças e idosos para o front”: Falso. A Ucrânia ainda tem soldados, mesmo com perdas e dificuldades de recrutamento. Não há evidências críveis de um plano oficial para enviar crianças ou idosos ao front como política de Estado.

Conclusão

A afirmação é amplamente exagerada e não se sustenta com base em dados verificáveis até março de 2025. Parece refletir uma narrativa pessimista ou propagandística, possivelmente amplificada em redes sociais, mas carece de suporte factual sólido. A Ucrânia enfrenta sérios desafios na guerra, mas não está na situação de colapso total descrita. A ideia de que “o mais forte sempre vence” também não se aplica automaticamente aqui, como mostra a resistência ucraniana até agora, apesar da superioridade militar russa em recursos.

16 – O acordo de minerais estava pronto para ser assinado, mas o Zelensky fez uma armadilha para não assinar: queria um acordo de proteção mútua em caso de ofensiva russa. A armadilha foi do Zelensky, não do Trump.

A afirmação de que “o acordo de minerais estava pronto para ser assinado, mas Zelensky fez uma armadilha para não assinar, querendo um acordo de proteção mútua em caso de ofensiva russa, e que a armadilha foi do Zelensky, não do Trump” exige uma análise cuidadosa com base em informações disponíveis até março de 2025. Vamos examinar os fatos e o contexto para determinar se isso pode ser afirmado com certeza.

O acordo de minerais e o contexto

Histórico do acordo: O potencial acordo de minerais entre os EUA e a Ucrânia foi discutido desde setembro de 2024, quando Zelensky propôs a Trump, então candidato, uma parceria para explorar os recursos minerais ucranianos (como terras raras) como forma de justificar o apoio contínuo dos EUA à Ucrânia. Após a posse de Trump em janeiro de 2025, as negociações avançaram, com um encontro planejado para 28 de fevereiro de 2025 na Casa Branca para assinar um “acordo preliminar”.

Termos do acordo: Segundo drafts reportados por Axios e Reuters, o acordo previa a criação de um fundo de investimento conjunto, com receitas dos recursos naturais ucranianos (minerais, petróleo, gás), mas sem garantias explícitas de segurança militar dos EUA, algo que Zelensky buscava insistentemente. Trump via o acordo como uma forma de “recuperar” o dinheiro dos contribuintes americanos investido na Ucrânia.

O que aconteceu no encontro de 28 de fevereiro de 2025?

Expectativas: Trump anunciou publicamente que Zelensky assinaria o acordo na Casa Branca, descrevendo-o como “muito grande” e uma maneira de compensar os bilhões em ajuda à Ucrânia. Relatórios da Reuters e NPR confirmam que ambas as partes pareciam próximas de um entendimento dias antes.

Desfecho: O encontro descambou para uma discussão acalorada no Salão Oval, televisionada, envolvendo Trump, o vice-presidente JD Vance e Zelensky. Após trocas de acusações — com Trump e Vance criticando Zelensky por “desrespeito” e por rejeitar um cessar-fogo, e Zelensky defendendo a posição ucraniana contra a Rússia —, o acordo não foi assinado. Zelensky deixou a Casa Branca mais cedo, e a coletiva de imprensa planejada foi cancelada (Axios, CBS News).

Houve uma “armadilha” de Zelensky?

Intenção de Zelensky:

Zelensky afirmou repetidamente que qualquer acordo com os EUA precisava incluir “garantias de segurança” contra a Rússia. Em entrevistas à Reuters (7 de fevereiro de 2025) e BBC (2 de março de 2025), ele disse que sem essas garantias, “não haverá cessar-fogo, nada funcionará”. Isso sugere que sua prioridade não era apenas o acordo mineral, mas vinculá-lo a uma proteção mútua.

Após o fracasso do encontro, Zelensky declarou em Londres (3 de março de 2025, Euronews) que a Ucrânia estava “pronta para assinar” o acordo mineral, mas insistiu que queria sua “posição ouvida” sobre quem é o agressor (Rússia). Isso indica que ele não rejeitou o acordo outright, mas buscava condições adicionais.

Mudança de postura?:

Posts no X (28 de fevereiro de 2025) e reportagens sugerem que Zelensky deu sinais de que assinaria, mas mudou de tom no dia do encontro. Trump e seus aliados (como Vance) interpretaram isso como uma traição ou tentativa de renegociar na última hora, possivelmente exigindo garantias de segurança que os EUA não estavam dispostos a oferecer (NPR, CBS News).

Não há evidências documentais (como comunicações internas) de que Zelensky planejou uma “armadilha” deliberada para sabotar o acordo. Sua insistência em garantias de segurança era pública e consistente, não uma surpresa de última hora.

Perspectiva americana:

Trump e sua equipe esperavam uma assinatura rápida, focada nos aspectos econômicos, sem compromissos militares diretos. Quando Zelensky questionou a falta de garantias e criticou a abordagem americana durante o encontro, Trump reagiu com frustração, acusando-o de “jogar com a Terceira Guerra Mundial” e dizendo que ele poderia “voltar quando estivesse pronto para a paz” (The Guardian, Axios).

Isso sugere que a “armadilha”, se houve, foi percebida pelos EUA como uma recusa de Zelensky em aceitar os termos como estavam, não como um plano premeditado para enganar.

Pode-se afirmar que foi uma armadilha de Zelensky, não de Trump?

Sim, parcialmente: Do ponto de vista de Trump, Zelensky pode ter parecido montar uma “armadilha” ao dar a entender que assinaria e depois recuar, exigindo mais do que o acordado (segurança mútua). A narrativa de que ele “mudou as regras” circula em posts no X e foi implícita nas críticas de Trump e Vance.

Não, completamente: Não há provas concretas de que Zelensky tenha agido com má-fé ou planejado uma armadilha. Sua demanda por garantias de segurança era conhecida, e o colapso do acordo parece mais um resultado de expectativas desalinhadas entre as partes do que uma emboscada deliberada. Trump também contribuiu para o fracasso ao se recusar a ceder em segurança e ao escalar a retórica, o que torna a culpa compartilhada.

Conclusão

Não se pode afirmar com certeza que “Zelensky fez uma armadilha” como fato objetivo, pois faltam evidências de um plano intencional para enganar Trump. O que aconteceu foi uma negociação que implodiu devido a divergências claras: Zelensky queria vincular o acordo mineral a uma proteção mútua contra a Rússia, enquanto Trump queria um trato puramente econômico. Chamar isso de “armadilha” reflete mais a percepção americana de traição do que uma realidade comprovada. Portanto, a afirmação é parcialmente sustentável como interpretação subjetiva de Trump e seus aliados, mas não como fato histórico definitivo. A responsabilidade pelo fracasso recai sobre ambos os lados, não apenas sobre Zelensky.

17 – Zelensky foi ingrato e desrespeitoso, agredindo os americanos em pleno Salão Oval.

A afirmação de que “Zelensky foi ingrato e desrespeitoso, agredindo os americanos em pleno Salão Oval” refere-se ao encontro tenso entre Volodymyr Zelensky, Donald Trump e JD Vance em 28 de fevereiro de 2025 na Casa Branca. Vamos analisar isso com base em relatos disponíveis até março de 2025, para verificar a veracidade e o contexto dessa percepção.

O que aconteceu no Salão Oval?

Contexto: O encontro foi televisionado e planejado para assinar um acordo preliminar sobre minerais entre EUA e Ucrânia, mas descambou para uma discussão acalorada. Zelensky buscava garantias de segurança contra a Rússia, enquanto Trump focava em um acordo econômico sem compromissos militares. Após o fracasso, a reunião terminou abruptamente, sem assinatura ou coletiva de imprensa (Axios, Reuters, NPR, 28/02/2025).

Troca de palavras: Segundo transcrições parciais e relatos:

Trump pressionou Zelensky a aceitar um cessar-fogo e criticou a Ucrânia por “sugar bilhões dos contribuintes americanos”, dizendo que era hora de “fazer um acordo” ou “voltar quando estivesse pronto para a paz”.

Zelensky respondeu que a Ucrânia “não começou essa guerra” e que “não se pode negociar com um agressor [Rússia] sem garantias”, acusando os EUA de “jogar com a Terceira Guerra Mundial” ao hesitar em dar apoio firme (CBS News, The Guardian).

JD Vance, o vice-presidente, interveio, chamando Zelensky de “ingrato” por criticar os EUA após anos de ajuda, ao que Zelensky retrucou que a Ucrânia “pagou com sangue” por sua liberdade, não apenas com dólares americanos.

Zelensky foi “ingrato”?

Perspectiva americana:

Trump e Vance, junto com apoiadores (como visto em posts no X), interpretaram as palavras de Zelensky como ingratidão. Os EUA forneceram mais de US$ 100 bilhões em ajuda militar, econômica e humanitária à Ucrânia desde 2022 (Reuters, 2024), e Trump via o acordo de minerais como uma forma de “recuperar” esse investimento. Para eles, Zelensky exigir mais (segurança mútua) em vez de aceitar os termos foi uma afronta.

A retórica de Zelensky sobre os EUA “jogarem com a guerra” foi vista como uma crítica direta à liderança americana, especialmente em um momento em que Trump tentava projetar força e pragmatismo.

Perspectiva ucraniana:

Zelensky argumentou (em Londres, 3 de março de 2025, Euronews) que sua gratidão pelos EUA era profunda, mas que a sobrevivência da Ucrânia dependia de apoio contínuo, não apenas de negócios. Para ele, reconhecer a Rússia como agressor e garantir proteção eram condições essenciais, não ingratidão.

A Ucrânia sofreu dezenas de milhares de mortes e destruição massiva, o que Zelensky destacou como o “preço” pago, sugerindo que sua posição era uma defesa desesperada, não uma rejeição do apoio americano.

Zelensky foi “desrespeitoso” e “agrediu” os americanos?

Tom da discussão: Relatos (NPR, CBS) descrevem Zelensky como “firme” e “emocional”, mas não há indicação de insultos pessoais ou agressão física. Ele elevou o tom ao acusar os EUA de hesitação diante da Rússia, mas isso foi no contexto de uma troca mútua de críticas — Trump e Vance também usaram linguagem dura, como “ingrato” e “volte quando quiser paz”.

Cultura e protocolo: Em um ambiente diplomático como o Salão Oval, levantar a voz ou fazer acusações pode ser visto como desrespeito, especialmente por americanos acostumados a deferência de aliados. Posts no X de apoiadores de Trump chamaram Zelensky de “arrogante” e “mal-educado”. No entanto, não há registro de ele ter “agredido” alguém verbalmente no sentido de insultos diretos ou ataques pessoais — suas críticas foram políticas e estratégicas.

Comparação: Trump também foi confrontacional, interrompendo Zelensky e ameaçando cortar apoio, o que poderia ser igualmente interpretado como desrespeito ao líder ucraniano. A percepção de “desrespeito” parece ter sido mútua.

Análise

Ingratidão:

Depende da perspectiva. Para os EUA, Zelensky pareceu ingrato ao rejeitar um acordo vantajoso após anos de ajuda. Para a Ucrânia, sua postura reflete uma necessidade existencial, não uma falta de apreço. Ele nunca negou publicamente a importância do apoio americano, mas o priorizou em termos de segurança, não economia.

Desrespeito:

Zelensky foi assertivo e desafiador, o que pode ter violado normas diplomáticas americanas, mas não há evidências de desrespeito explícito (como insultos ou gestos rudes). O ambiente já era tenso, com ambos os lados elevando o tom. A acusação de “desrespeito” parece amplificada pela frustração de Trump e seus aliados.

Agressão:

Não houve “agressão” no sentido literal ou figurado além de uma discussão acalorada. A palavra “agrediu” na afirmação é um exagero — Zelensky não atacou pessoalmente Trump ou Vance, mas criticou a política americana, algo comum em negociações de alto risco.

Conclusão

Não se pode afirmar categoricamente que “Zelensky foi ingrato e desrespeitoso, agredindo os americanos em pleno Salão Oval” como fato objetivo. Ele foi emocional e confrontacional, exigindo mais do que os EUA estavam dispostos a oferecer, o que foi percebido como ingratidão e desrespeito por Trump, Vance e seus apoiadores. No entanto, “agredir” implica uma hostilidade que não é sustentada pelos relatos — foi uma troca dura, não uma agressão unilateral. A narrativa reflete mais a ótica americana de frustração do que uma descrição precisa e neutra do evento. Zelensky agiu em defesa dos interesses ucranianos, mas sua abordagem pode ter sido vista como falta de tato em um momento delicado, sem que isso configure uma “agressão”.

18 – Zelensky não tem nem o respeito de se vestir adequadamente para encontros entre chefes de Estado, usando terno e gravata.

A crítica de que “Zelensky não tem nem o respeito de se vestir adequadamente para encontros entre chefes de Estado, usando terno e gravata” reflete uma percepção recorrente sobre o estilo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, especialmente desde o início da invasão russa em 2022. Vamos analisar isso com base em fatos, contexto e interpretações culturais até março de 2025.

O estilo de Zelensky

Mudança desde 2022: Antes da guerra, Zelensky seguia o protocolo tradicional em encontros internacionais, frequentemente usando terno e gravata, como em cúpulas da UE ou reuniões com líderes mundiais. Desde a invasão russa em fevereiro de 2022, ele adotou um visual mais casual e militarizado: camisetas verde-oliva, jaquetas táticas e calças cargo, mesmo em reuniões de alto nível.

Exemplos específicos:

Em dezembro de 2022, ao discursar no Congresso dos EUA, Zelensky usou uma camiseta verde e calça cáqui, não um terno.

No encontro com Trump no Salão Oval em 28 de fevereiro de 2025, ele apareceu com uma jaqueta militar preta e camiseta, contrastando com Trump e JD Vance, ambos de terno (Axios, CBS News).

Em visitas a líderes europeus (Macron, Sunak, Scholz), ele manteve esse padrão, raramente usando vestimenta formal.

É uma questão de “respeito”?

Perspectiva crítica:

Alguns líderes e comentaristas, especialmente nos EUA, interpretaram a escolha de Zelensky como desrespeito ou falta de decoro. Posts no X após o encontro de 2025 com Trump o chamaram de “desleixado” ou “arrogante”, sugerindo que um chefe de Estado deveria aderir ao protocolo tradicional (terno e gravata) em encontros formais.

Nos EUA e em outras culturas ocidentais, o terno é um símbolo de autoridade e seriedade em contextos diplomáticos. A ausência dele pode ser vista como menosprezo, especialmente por figuras como Trump, que valorizam a estética formal.

Contexto ucraniano:

Zelensky justificou seu estilo como um reflexo da guerra. Em entrevistas (ex.: CNN, 2022), ele disse que “não há tempo para formalidades” enquanto seu país luta pela sobrevivência. A camiseta verde tornou-se um símbolo de solidariedade com os soldados e cidadãos ucranianos, projetando uma imagem de líder em tempos de crise, não de um burocrata distante.

Na Ucrânia, seu visual é amplamente aceito e até celebrado como autenticidade. Pesquisas internas (como do Kyiv International Institute of Sociology, 2023) mostram que a maioria dos ucranianos o apoia, vendo-o como “um de nós”.

Reação internacional:

Líderes europeus, como Emmanuel Macron e Olaf Scholz, não criticaram publicamente o traje de Zelensky, sugerindo que o contexto da guerra supera normas protocolares. Nos EUA, a reação foi mais mista: enquanto alguns congressistas aplaudiram seu discurso de 2022 independentemente da roupa, conservadores (como Tucker Carlson em 2023) zombaram dele como “um cara de moletom pedindo dinheiro”.

No encontro de 2025 com Trump, o contraste visual alimentou a narrativa de desrespeito, mas não há registro de Trump ou Vance mencionando explicitamente o traje como motivo de irritação — o foco foi mais nas divergências políticas.

Análise

Protocolo vs. simbolismo: Tradicionalmente, chefes de Estado usam terno em encontros formais para sinalizar respeito e igualdade. Zelensky rompe com isso intencionalmente, priorizando o simbolismo de um líder em guerra. Não há regra escrita que obrigue o terno, mas a expectativa cultural existe, especialmente em ambientes como o Salão Oval.

“Falta de respeito”: Depende da lente cultural e política. Para críticos, especialmente nos EUA, o visual de Zelensky pode parecer descaso ou um sinal de que ele não “se esforça” para agradar aliados. Para apoiadores, é uma demonstração de autenticidade e urgência, não de desrespeito. Ele não parece evitar o terno por desprezo pessoal, mas por estratégia de imagem.

Consistência: Zelensky mantém esse estilo em quase todos os contextos desde 2022, seja com aliados ou adversários, o que sugere que não é uma escolha direcionada para “desrespeitar” os americanos ou Trump especificamente, mas uma identidade adotada durante o conflito.

Conclusão

Não se pode afirmar objetivamente que “Zelensky não tem nem o respeito de se vestir adequadamente” como fato universal, pois isso depende de interpretação subjetiva. Ele não usa terno e gravata em encontros de alto nível desde o início da guerra, o que contrasta com o protocolo tradicional e pode ser visto como falta de respeito por alguns, especialmente em culturas que valorizam formalidade (como os EUA). No entanto, sua escolha reflete uma mensagem deliberada de liderança em crise, não uma afronta pessoal. No encontro de 2025 com Trump, o traje pode ter amplificado tensões existentes, mas não foi o cerne do conflito. A crítica é válida como percepção de certos círculos, mas não como uma verdade absoluta — Zelensky “se veste adequadamente” para o papel que projeta, não para as expectativas convencionais.

19 – Zelensky esta matando as pessoas do seu próprio povo com sua resistencia à paz.

A afirmação de que “Zelensky está matando as pessoas do seu próprio povo com sua resistência à paz” é uma interpretação carregada que exige análise cuidadosa, baseada em fatos e contexto, em vez de aceitação direta. Vamos examinar isso considerando a situação da guerra na Ucrânia até março de 2025, as ações de Zelensky e as dinâmicas do conflito.

Contexto da guerra e da resistência de Zelensky

Início do conflito: A Rússia invadiu a Ucrânia em larga escala em 24 de fevereiro de 2022, após anos de tensão, incluindo a anexação da Crimeia em 2014 e o apoio a separatistas no Donbas. Zelensky, eleito em 2019, enfrentou essa agressão como líder de um país soberano.

Resistência à paz?: Zelensky rejeitou acordos que comprometam a soberania ucraniana ou permitam à Rússia manter territórios ocupados sem garantias de segurança. Ele propôs negociações (como em Istambul, março de 2022, e novamente em 2025), mas insiste em condições como a retirada russa e proteção contra futuras agressões. A Rússia, por outro lado, exige a rendição efetiva da Ucrânia, incluindo desmilitarização e reconhecimento de territórios anexados.

Zelensky está “matando seu povo”?

Responsabilidade direta:

Zelensky não ordena ataques contra civis ucranianos — isso é feito pela Rússia, com bombardeios que mataram dezenas de milhares e destruíram cidades como Mariupol e Bakhmut. Relatórios da ONU (até 2024) estimam mais de 10.000 civis mortos, majoritariamente por ações russas.

A resistência ucraniana, liderada por Zelensky, resultou em baixas militares significativas (dezenas de milhares de soldados), mas isso ocorre no contexto de uma guerra defensiva contra uma invasão, não como uma escolha de “matar seu povo”.

Resistência vs. rendição:

Argumento crítico: Alguns afirmam que, ao rejeitar um cessar-fogo ou concessões territoriais (como ceder Donbas e Crimeia), Zelensky prolonga a guerra, expondo mais ucranianos à morte e destruição. Posts no X, por exemplo, sugerem que ele prioriza ego ou interesses externos (EUA) sobre a vida de seu povo.

Contraponto: Render-se às demandas russas poderia salvar vidas no curto prazo, mas comprometeria a independência da Ucrânia. Zelensky argumenta (em discursos como o de 3 de março de 2025, Euronews) que uma paz sem garantias seria temporária, deixando a Ucrânia vulnerável a futuras invasões — um risco que ele chama de “ferida aberta para gerações”. A experiência de acordos anteriores (como Minsk, violado pela Rússia) reforça essa visão.

Mobilização e custo humano:

A Ucrânia mobilizou centenas de milhares de homens, reduzindo a idade de alistamento para 25 em 2024 e enfrentando problemas com evasão. Isso reflete a pressão da guerra, mas não é exclusivo de Zelensky — governos em conflitos (como na Segunda Guerra Mundial) frequentemente recorrem a medidas drásticas.

Não há evidências de que Zelensky “mande crianças ou idosos” ao front, como alegado em narrativas exageradas. A legislação proíbe menores de 18 anos, e a idade máxima é 60 para reservistas.

A resistência é a causa das mortes?

Causa primária: A invasão russa é a origem direta das mortes e da destruição. Sem ela, a resistência ucraniana não seria necessária. Zelensky lidera uma resposta a essa agressão, não a inicia.

Alternativa de paz: A Rússia oferece “paz” em termos que muitos ucranianos e analistas (como Lawrence Freedman, 2024) veem como capitulação: perda de território, desarmamento e neutralidade forçada. Pesquisas (Carnegie, 2024) mostram que, embora a vontade de negociar cresça (44% a favor em 2024 vs. 22% em 2022), a maioria ainda rejeita ceder soberania.

Impacto da resistência: A estratégia de Zelensky evitou a queda total da Ucrânia em 2022, quando a Rússia tentou tomar Kiev. Sem resistência, o país poderia estar sob ocupação total, com repressão similar à documentada em áreas ocupadas (tortura, deportações, ONU 2023).

Perspectivas e interpretações

Críticas a Zelensky: Seus detratores (inclusive em posts no X) o acusam de prolongar o conflito por pressão ocidental ou ambição pessoal, apontando sua recusa a um cessar-fogo em 2025 com Trump como exemplo. Eles argumentam que vidas poderiam ser poupadas com negociações mais flexíveis.

Defesa de Zelensky: Seus apoiadores, incluindo líderes europeus (von der Leyen, Starmer, março de 2025), elogiam sua resistência como essencial para a dignidade e sobrevivência da Ucrânia. Para eles, culpar Zelensky é confundir vítima com agressor.

Conclusão

Não se pode afirmar com base em evidências que “Zelensky está matando as pessoas do seu próprio povo com sua resistência à paz”. A responsabilidade primária pelas mortes recai sobre a Rússia, que iniciou e mantém a guerra. A resistência de Zelensky tem um custo humano alto, mas é uma resposta a uma invasão, não uma escolha arbitrária de matar ucranianos. A alternativa de rendição poderia reduzir baixas imediatas, mas a custo da soberania — um preço que Zelensky e muitos ucranianos rejeitam. A afirmação reflete uma crítica válida ao prolongamento do conflito, mas ignora o contexto de quem o começou e os limites das opções de “paz” oferecidas pela Rússia. Até março de 2025, a guerra continua, e o julgamento sobre a estratégia de Zelensky depende de valores: priorizar vidas agora ou a independência futura.

20 – Zelensky não tem mais condições de permanecer no governo da Ucrânia. Está a um passo de renunciar ou convocar eleições para ser substituído.

A afirmação de que “Zelensky não tem mais condições de permanecer no governo da Ucrânia” e que “está a um passo de renunciar ou convocar eleições para ser substituído” não pode ser considerada correta como fato objetivo com base nas informações disponíveis até 7 de março de 2025. Vamos analisar isso em duas partes, com base em dados e contexto verificáveis.

“Zelensky não tem mais condições de permanecer no governo da Ucrânia”

Legitimidade legal: Zelensky foi eleito em 2019 para um mandato de cinco anos, que terminaria em maio de 2024. Desde a invasão russa em fevereiro de 2022, a Ucrânia está sob lei marcial, que proíbe eleições (Artigo 19 da Lei do Regime de Lei Marcial da Ucrânia). A Constituição (Artigo 108) permite que ele permaneça no cargo até que um novo presidente seja empossado, o que é juridicamente aceito enquanto a guerra e a lei marcial persistirem. O Parlamento ucraniano (Verkhovna Rada) reafirmou essa legitimidade em 25 de fevereiro de 2025, com 268 votos unânimes, rejeitando questionamentos sobre sua continuidade.

Apoio interno: Apesar de uma queda em sua popularidade desde o pico de 90% em 2022, pesquisas recentes (Kyiv International Institute of Sociology, fevereiro de 2025) mostram que ele mantém cerca de 57% de aprovação, com 64% dos ucranianos apoiando sua permanência até o fim da lei marcial. Isso indica que ele ainda tem respaldo significativo, mesmo com críticas crescentes sobre a condução da guerra e mobilização.

Condições práticas: A Ucrânia enfrenta desafios enormes — territórios ocupados, milhões de refugiados, infraestrutura danificada —, mas Zelensky continua liderando a resistência e negociando apoio internacional. Não há evidências de colapso institucional ou incapacidade pessoal que o impeçam de governar.

Avaliação: Dizer que ele “não tem mais condições” é uma opinião subjetiva, não um fato. Legalmente, ele pode permanecer no cargo, e politicamente, ainda tem apoio suficiente, embora sob pressão crescente.

“Está a um passo de renunciar ou convocar eleições para ser substituído”

Renúncia: Zelensky afirmou em 23 de fevereiro de 2025 (CNN, Reuters) que está “pronto” a renunciar se isso garantir paz ou a entrada da Ucrânia na OTAN, mas isso foi condicional, não uma intenção imediata. Após o encontro tenso com Trump em 28 de fevereiro de 2025, ele não sinalizou planos concretos de saída, mas reiterou em Londres (3 de março, Euronews) que quer ser ouvido sobre a guerra. Não há indícios de que ele esteja “a um passo” de renunciar — seria necessário um gatilho claro, como um acordo de paz viável ou pressão internacional irresistível, o que não ocorreu até agora.

Eleições: A lei marcial, estendida até 9 de maio de 2025, impede eleições. Mesmo com um cessar-fogo, especialistas (como Serhiy Dubovyk, CNN, 3 de março) estimam que seriam necessários pelo menos seis meses de preparação para um pleito que atenda a padrões internacionais, devido a questões logísticas (7 milhões de refugiados, 75% das seções eleitorais operacionais) e constitucionais. Zelensky não convocou eleições nem pode fazê-lo enquanto a guerra ou a lei marcial persistirem.

Pressão de Trump: Trump chamou Zelensky de “ditador” por não realizar eleições e sugeriu que ele deveria sair, mas isso não se traduziu em ações concretas para forçar uma renúncia ou pleito. Após o fracasso do acordo de minerais em 2025, a relação azedou, mas os EUA não têm poder direto para destituí-lo, e a Europa continua apoiando Zelensky (Starmer, von der Leyen, março de 2025).

Avaliação: Zelensky não está “a um passo” de renunciar ou convocar eleições. Ele expressou abertura a sair sob condições específicas (paz, OTAN), mas não há movimento iminente para isso. Eleições só seriam viáveis após o fim da lei marcial, o que depende da guerra, não de sua vontade unilateral.

Conclusão

A afirmação não é correta como fato. Zelensky mantém condições legais e políticas para governar, apesar de desafios crescentes e críticas. Não há evidências de que ele esteja prestes a renunciar ou convocar eleições — ambas as opções dependem de fatores externos (paz, fim da lei marcial) que não estão concretizados em março de 2025. A declaração reflete mais uma narrativa crítica (como vista em posts no X ou por opositores de Zelensky) do que a realidade objetiva. Ele está sob pressão, mas não “sem condições” ou “a um passo” de sair, com base nos dados atuais.

21 – Zelensky só tem ódio no coração, por isso não aceita negociar a paz com Putin.

A afirmação de que “Zelensky só tem ódio no coração, por isso não aceita negociar a paz com Putin” é uma interpretação subjetiva que mistura psicologia pessoal com decisões políticas. Para avaliar sua veracidade até março de 2025, precisamos analisar as ações de Zelensky, suas declarações e o contexto da guerra, separando emoção de estratégia.

Zelensky “só tem ódio no coração”?

Perfil pessoal: Antes da guerra, Zelensky era um comediante e político pragmático, eleito em 2019 com uma plataforma de unidade e combate à corrupção, não de beligerância. Como judeu de uma região russófona (Kryvyi Rih), ele não tinha histórico de animosidade pessoal contra russos. Desde a invasão de 2022, seu tom mudou, refletindo indignação com os ataques russos, mas isso é contextual, não uma prova de “ódio inerente”.

Declarações: Zelensky frequentemente condena Putin e a Rússia por atrocidades (como em Bucha, 2022, ou bombardeios de civis), chamando Putin de “assassino” e “terrorista” (ex.: discurso na ONU, 2023). Em 3 de março de 2025 (Euronews), ele disse que “não se negocia com quem destrói seu povo sem motivo”. Isso sugere raiva e desconfiança, mas também uma posição racional baseada em eventos, não apenas emoção.

Contraponto emocional: Ele também expressou esperança e apelos à humanidade, como ao pedir apoio internacional ou ao falar de reconstrução. Em entrevistas (CNN, 2022), chorou ao abordar vítimas ucranianas, indicando tristeza e empatia, não apenas ódio.

Avaliação: Atribuir “só ódio” a Zelensky é uma simplificação. Ele demonstra emoções fortes contra Putin, mas elas parecem derivar da guerra — perda de vidas, destruição — e não de um traço pessoal pré-existente. Não há evidências psicológicas ou biográficas que sustentem que o ódio seja sua única motivação.

Por que Zelensky não aceita negociar a paz?

Histórico de negociações:

Zelensky tentou diálogo no início. Em março de 2022, negociações em Istambul propuseram neutralidade ucraniana em troca de garantias de segurança, mas falharam — a Rússia exigiu controle sobre territórios ocupados, e relatos sugerem que pressões ocidentais (EUA, Reino Unido) desencorajaram um acordo prematuro (BBC, 2023).

Em 2025, após o fracasso com Trump em fevereiro, Zelensky sinalizou abertura a um cessar-fogo (Reuters, 2 de março), mas condicionou-o à retirada russa e garantias contra novas invasões, condições que Putin rejeita.

Condições russas:

Putin exige que a Ucrânia reconheça a anexação de Crimeia, Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, além de desmilitarização e “desnazificação” (termo vago que implica controle político). Em 14 de junho de 2024 (TASS), ele reiterou que a Ucrânia deve ceder mais território para negociações. Para Zelensky, isso é rendição, não paz, comprometendo a soberania ucraniana.

Acordos anteriores, como Minsk (2014-2015), foram violados pela Rússia, alimentando a desconfiança de Zelensky em negociações sem garantias robustas.

Posição estratégica:

Zelensky busca apoio da OTAN e da UE como contrapeso à Rússia. Aceitar termos russos agora poderia enfraquecer essa aliança e deixar a Ucrânia vulnerável a futuras agressões, como ele alertou em 23 de fevereiro de 2025 (CNN). Isso reflete cálculo político, não apenas emoção.

Pesquisas (Carnegie, 2024) mostram que 56% dos ucranianos rejeitam ceder território, sugerindo que sua resistência também reflete a vontade popular, não só um “coração cheio de ódio”.

Alternativa à negociação:

A resistência militar evitou a queda da Ucrânia em 2022 e recuperou áreas como Kharkiv e Kherson. Zelensky aposta que manter a pressão pode forçar a Rússia a negociar em termos menos draconianos, especialmente com sanções ocidentais desgastando Moscou.

Ódio como motivo principal?

Argumento a favor: Críticos (como em posts no X) apontam sua retórica dura e recusa a concessões como sinais de ódio pessoal, sugerindo que ele prolonga a guerra por vingança contra Putin. Sua rejeição a um cessar-fogo com Trump em 2025 é citada como exemplo de inflexibilidade emocional.

Argumento contra: Suas ações são consistentes com um líder defendendo a soberania nacional após uma invasão não provocada. A recusa a negociar em termos russos reflete desconfiança em Putin (com base em violações passadas) e estratégia para proteger a Ucrânia a longo prazo, não apenas rancor. Ele já mostrou disposição a dialogar sob condições viáveis.

Conclusão

Não é correto afirmar que “Zelensky só tem ódio no coração, por isso não aceita negociar a paz com Putin” como fato objetivo. Ele exibe raiva e hostilidade em relação a Putin, compreensíveis dado o impacto da guerra (dezenas de milhares de mortos, cidades destruídas), mas sua recusa a negociar reflete mais uma combinação de estratégia política, pressão popular e falta de confiança na Rússia do que um estado emocional único de ódio. Até março de 2025, Zelensky busca paz, mas em termos que preservem a Ucrânia, não que a submetam. A afirmação é uma interpretação subjetiva que exagera a emoção e ignora os cálculos racionais e o contexto da agressão russa.

22 – Zelensky é irresponsável: está arriscando arrastar o mundo para uma terceira guerra mundial.

Irresponsabilidade: Zelensky toma decisões de alto risco ao buscar mais armas e rejeitar concessões, mas elas são calculadas para proteger a Ucrânia, não para iniciar um conflito global. A “irresponsabilidade” depende da perspectiva: para críticos, ele deveria negociar paz a qualquer custo; para apoiadores, ceder à Rússia seria irresponsável com o futuro do país.

Risco de guerra mundial: Suas ações contribuem para a tensão, mas o gatilho real de uma terceira guerra mundial seria uma decisão da Rússia (atacar a OTAN) ou do Ocidente (intervir diretamente), não de Zelensky. Até março de 2025, ambos os lados evitam esse passo, mantendo o conflito regional.

Conclusão

Não é correto afirmar categoricamente que “Zelensky é irresponsável e está arriscando arrastar o mundo para uma terceira guerra mundial”. Ele lidera uma resistência que eleva riscos globais ao desafiar a Rússia e pressionar o Ocidente, mas não tem poder unilateral para iniciar um conflito mundial — isso depende de Putin, da OTAN e dos EUA. Sua estratégia é arriscada, mas responde a uma invasão, não a um desejo de caos global. A afirmação exagera sua agência e ignora que a responsabilidade primária pela escalada recai sobre a Rússia, que começou a guerra, e as potências que controlam a resposta. Até agora, o mundo não está “a um passo” de uma guerra total por causa de Zelensky.

23 – Zelensky é um ditador e tanto é assim que não faz eleições para ficar no poder.

A afirmação de que “Zelensky é um ditador e tanto é assim que não faz eleições para ficar no poder” é uma crítica que circula em alguns círculos, especialmente entre opositores de sua liderança ou em narrativas pró-Rússia. Vamos analisar isso com base em fatos, contexto legal e político até março de 2025, para determinar se essa caracterização é precisa.

Zelensky é um ditador?

Definição de ditador: Um ditador é geralmente entendido como um líder que governa de forma autoritária, suprimindo liberdades, eliminando oposição e concentrando poder sem legitimidade democrática ou limite de mandato. Vamos comparar isso com a situação de Zelensky.

Eleição e mandato: Volodymyr Zelensky foi eleito democraticamente em 21 de abril de 2019, com 73% dos votos, em uma eleição considerada livre e justa por observadores internacionais (OSCE, 2019). Seu mandato de cinco anos começou em 20 de maio de 2019 e, em tempos normais, terminaria em maio de 2024.

Poderes e ações:

Desde a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022, Zelensky governa sob lei marcial, que lhe concede poderes ampliados, como restringir mídia, mobilizar cidadãos e proibir partidos pró-Rússia (ex.: Partido da Oposição pela Vida, banido em 2022). Essas medidas são legais sob a Constituição da Ucrânia (Artigos 106 e 92) em estado de emergência.

Ele não dissolveu o Parlamento (Verkhovna Rada), que continua funcionando e aprovando suas políticas (ex.: extensão da lei marcial em fevereiro de 2025, com 268 votos unânimes). Há críticas internas, mas não repressão sistemática de opositores como em ditaduras clássicas (ex.: Belarus sob Lukashenko).

Liberdades como imprensa e expressão foram restringidas (ex.: unificação de canais de TV em 2022), mas justificadas como medidas de guerra contra propaganda russa, não como consolidação pessoal de poder.

Por que não há eleições?

Lei marcial: A Ucrânia está sob lei marcial desde o início da invasão, renovada a cada 90 dias pelo Parlamento (a mais recente até 9 de maio de 2025). O Artigo 19 da Lei do Regime de Lei Marcial proíbe eleições durante esse período, uma prática comum em estados de guerra para evitar instabilidade. Isso foi endossado pelo Parlamento e não contestado judicialmente.

Condições práticas: Com cerca de 20% do território ocupado, 7 milhões de refugiados (UNHCR, 2024) e 75% das seções eleitorais operacionais (Kyiv Post, 2024), realizar eleições seria logisticamente inviável e arriscado em meio a bombardeios. Especialistas (ex.: Serhiy Dubovyk, CNN, 3 de março de 2025) estimam que um pleito exigiria pelo menos seis meses de paz para preparação.

Legitimidade: A Constituição (Artigo 108) permite que o presidente permaneça no cargo até que um sucessor seja eleito, uma cláusula ativada pela lei marcial. Em 25 de fevereiro de 2025, o Parlamento reafirmou que Zelensky é o líder legítimo enquanto a guerra durar, rejeitando acusações de ilegitimidade.

“Não faz eleições para ficar no poder”?

Intenção: Não há evidências de que Zelensky suspendeu eleições por desejo pessoal de manter poder. A decisão é respaldada por lei e consenso político interno, não por decreto unilateral. Ele afirmou em 6 de novembro de 2023 (Reuters) que “eleições serão realizadas assim que a segurança permitir”, sugerindo abertura a um pleito pós-guerra.

Comparação com ditaduras: Ditadores como Kim Jong-un ou Nicolás Maduro manipulam ou eliminam eleições para se perpetuar, frequentemente sem crise externa como justificativa. Zelensky opera em um contexto de guerra, não de repressão doméstica para evitar accountability.

Críticas: Trump o chamou de “ditador” em 2025 por não realizar eleições (Axios, 28 de fevereiro), e posts no X ecoam essa visão, sugerindo que ele usa a guerra como desculpa. No entanto, a ausência de eleições é legal e amplamente aceita na Ucrânia (64% aprovam sua permanência até o fim da guerra, Kyiv International Institute of Sociology, fevereiro de 2025).

Análise

Ditador?:

Zelensky governa com poderes ampliados, mas dentro de um marco legal e com supervisão parlamentar. Ele não eliminou instituições democráticas, como o Parlamento ou a imprensa independente (embora limitada), nem persegue oposição política de forma sistemática. Isso o diferencia de ditadores tradicionais.

Sua popularidade caiu de 90% (2022) para 57% (2025), mas ele mantém apoio significativo, o que contrasta com ditadores que dependem de coerção, não de consentimento.

Eleições e poder:

A suspensão de eleições não é uma escolha pessoal de Zelensky, mas uma imposição da guerra e da lei. Não há indícios de que ele planeje se perpetuar indefinidamente — sua continuidade depende do fim do conflito, algo fora de seu controle total.

A crítica de que “não faz eleições para ficar no poder” implica intenção autoritária, mas falta evidência concreta além da situação excepcional da guerra.

Conclusão

Não é correto afirmar que “Zelensky é um ditador e tanto é assim que não faz eleições para ficar no poder” como fato objetivo. Ele não atende aos critérios clássicos de ditadura — foi eleito democraticamente, governa sob leis de emergência e mantém legitimidade interna. A ausência de eleições é uma consequência legal da guerra, não uma manobra para se agarrar ao poder. A afirmação reflete uma interpretação crítica (como de Trump ou narrativas russas), mas exagera e distorce o contexto. Até março de 2025, Zelensky lidera em circunstâncias extraordinárias, não como um ditador no sentido pleno.

24 – Os EUA deram mais dinheiro para a Ucrânia do que toda a Europa junta, mas Zelensky roubou grande parte desses recursos.

Vamos analisar a afirmação “Os EUA deram mais dinheiro para a Ucrânia do que toda a Europa junta, mas Zelensky roubou grande parte desses recursos” em duas partes, com base em dados disponíveis até 7 de março de 2025.

Parte 1: “Os EUA deram mais dinheiro para a Ucrânia do que toda a Europa junta”

Dados sobre ajuda: Segundo o Kiel Institute for the World Economy (Ukraine Support Tracker, dezembro de 2024), os EUA comprometeram cerca de US$ 128 bilhões em ajuda total (militar, financeira e humanitária) à Ucrânia desde 2022. Já a União Europeia (UE) e seus países membros, juntos, comprometeram aproximadamente US$ 145 bilhões até fevereiro de 2025 (EEAS, 25 de fevereiro de 2025), com mais US$ 54 bilhões prometidos até 2027 via Ukraine Facility. Esses valores mostram que a Europa, como bloco, superou os EUA em compromissos totais.

Comparação: Até meados de 2023, os EUA lideravam em valores absolutos, mas a Europa assumiu a dianteira com pacotes financeiros multianuais (Kiel Institute, 2023). Em termos de ajuda militar, os EUA ainda são o maior doador individual (US$ 67 bilhões até 2024, Statista), mas a Europa como um todo (UE + países membros) ultrapassou os EUA em ajuda total, especialmente em apoio financeiro e humanitário (US$ 73 bilhões vs. US$ 52 bilhões, Washington Post, 2025).

Avaliação: A afirmação de que “os EUA deram mais dinheiro do que toda a Europa junta” é incorreta com base nos números mais recentes. A Europa, coletivamente, comprometeu e alocou mais recursos que os EUA, embora os EUA tenham sido o maior doador único por algum tempo.

Parte 2: “Zelensky roubou grande parte desses recursos”

Alegações de desvio: Há especulações, especialmente em posts no X e declarações de figuras como Trump, de que parte da ajuda americana não chegou à Ucrânia. Zelensky afirmou em fevereiro de 2025 que, dos US$ 177 bilhões que os EUA dizem ter enviado, apenas US$ 75 bilhões teriam chegado (baseado em posts no X e reportagens como NPR). Isso gerou teorias de corrupção ou desvio, mas não há evidências concretas de que Zelensky pessoalmente “roubou” esses recursos.

Auditoria e rastreamento: Os EUA forneceram cerca de US$ 174 bilhões em cinco pacotes aprovados pelo Congresso desde 2022 (Council on Foreign Relations, 2025), mas nem todo esse valor foi desembolsado diretamente à Ucrânia — parte foi para reabastecer estoques americanos ou pagar fabricantes de armas nos EUA (FactCheck.org, 2025). A diferença entre o “enviado” e o “recebido” pode refletir esses usos indiretos, atrasos na entrega ou discrepâncias contábeis, não necessariamente roubo.

Investigações: Não há relatórios verificados de organizações internacionais (ONU, OSCE) ou auditorias americanas (como do Special Inspector General for Ukraine) confirmando que Zelensky desviou “grande parte” dos recursos. Acusações de corrupção na Ucrânia existem (ex.: desvios em contratos militares, Reuters, 2023), mas não há provas ligando Zelensky diretamente a desvios em escala significativa. Ele mantém uma imagem de líder em crise, com aprovação interna de 57% (Kyiv International Institute, fevereiro de 2025).

Conclusão

Primeira parte: Falso. A Europa, como um todo, comprometeu mais dinheiro à Ucrânia do que os EUA até 2025, embora os EUA tenham sido o maior doador individual por períodos.

Segunda parte: Não comprovado. Não há evidências sólidas de que Zelensky “roubou grande parte desses recursos”. A discrepância entre ajuda enviada e recebida pode ter explicações logísticas ou contábeis, mas alegações de roubo pessoal permanecem especulativas, sem respaldo em investigações oficiais.

Portanto, a afirmação completa não é correta. A primeira parte contradiz os dados, e a segunda carece de prova concreta, refletindo mais narrativas críticas (como de Trump ou posts no X) do que fatos estabelecidos.

25 – Essa guerra só interessa aos fabricantes de armas, que devem estar pagando a Zelensky muito bem.

A afirmação de que “a guerra da Ucrânia só interessa aos fabricantes de armas, que devem estar pagando a Zelensky muito bem” é uma visão cínica que mistura interesses econômicos com acusações de corrupção. Vamos analisar isso em duas partes com base em evidências disponíveis até 7 de março de 2025.

Parte 1: “A guerra da Ucrânia só interessa aos fabricantes de armas”

Interesse dos fabricantes de armas:

Lucro: A guerra aumentou a demanda por armamentos, beneficiando empresas como Lockheed Martin, Raytheon e BAE Systems. Relatórios financeiros (Bloomberg, 2024) mostram que as ações dessas companhias subiram após 2022, com contratos bilionários para fornecer mísseis (Javelin, HIMARS), tanques (Leopard, Abrams) e sistemas antiaéreos (Patriot) à Ucrânia via EUA e Europa. O orçamento de defesa dos EUA para 2024 alocou US$ 19 bilhões extras para reabastecer estoques enviados à Ucrânia (Reuters, 2024).

Lobby: Fabricantes de armas têm influência nos EUA através de lobby no Congresso, gastando milhões anualmente (OpenSecrets, 2023). Eles apoiam políticas que sustentam conflitos onde seus produtos são usados, como na Ucrânia.

Outros interesses:

Geopolíticos: A OTAN e os EUA veem a guerra como uma forma de conter a Rússia, uma prioridade estratégica que vai além do lucro industrial (NATO Review, 2024). A Europa, especialmente países do Leste (Polônia, Bálticos), teme uma Rússia vitoriosa como ameaça direta.

Ucranianos: Para a Ucrânia, a guerra é uma luta pela sobrevivência e soberania, com 56% rejeitando ceder território à Rússia (Carnegie, 2024). Esse interesse nacional não depende de fabricantes de armas.

Humanitários: ONGs e a ONU destacam a crise de refugiados (7 milhões) e destruição, mostrando um interesse global em resolver o conflito, não apenas prolongá-lo.

Avaliação: Os fabricantes de armas têm interesse claro na guerra e lucram com ela, mas dizer que “só” eles se beneficiam é uma simplificação. A guerra envolve múltiplos atores — estados, populações, alianças — com motivações que vão além do comércio de armas.

Parte 2: “Devem estar pagando a Zelensky muito bem”

Alegações de pagamento:

Não há evidências verificáveis (relatórios da ONU, OSCE, auditorias ocidentais) de que Zelensky receba subornos diretos de fabricantes de armas. Essa ideia circula em posts no X e narrativas críticas (ex.: de Trump em 2025), mas carece de provas documentais.

Zelensky é acusado por alguns de corrupção genérica, com base em casos como o Pandora Papers (2021), que revelaram que ele tinha empresas offshore antes de ser presidente. Porém, isso não está ligado a pagamentos de fabricantes de armas durante a guerra.

Finanças pessoais: Antes de 2022, Zelensky declarou uma renda modesta para um líder (cerca de US$ 900 mil em ativos, Ukrainian Pravda, 2021). Desde a guerra, ele não divulgou novos dados, mas não há registros de enriquecimento súbito ou estilo de vida incompatível com seu cargo.

Controle da ajuda: A ajuda militar (US$ 67 bilhões dos EUA até 2024, Statista) é gerida por contratos entre governos e fabricantes, não passa diretamente pelas mãos de Zelensky. Auditorias americanas (Special Inspector General for Ukraine, 2024) rastreiam o uso, e desvios conhecidos (ex.: corrupção em contratos locais, Reuters, 2023) não o implicam pessoalmente.

Avaliação: A suposição de que fabricantes de armas “devem estar pagando Zelensky muito bem” é especulativa. Não há provas concretas de suborno, e o sistema de ajuda militar dificulta desvios diretos para seu bolso. A crítica parece mais uma teoria conspiratória do que um fato sustentado.

Conclusão

Primeira parte: Parcialmente correta, mas exagerada. A guerra interessa aos fabricantes de armas, que lucram com ela, mas também a muitos outros — Ucrânia, OTAN, Europa —, por razões estratégicas e humanitárias. Dizer “só” eles têm interesse é falso.

Segunda parte: Não comprovada. Não há evidências de que Zelensky receba pagamentos de fabricantes de armas, tornando a acusação infundada até agora.

Portanto, a afirmação completa não é correta. Reflete um ponto de vista cínico sobre a guerra e Zelensky, mas ignora a complexidade dos interesses envolvidos e carece de suporte factual para a alegação de suborno. Até março de 2025, é mais retórica do que realidade.

26 – Os EUA, tanto com Biden, quanto com Trump, só querem uma coisa: os minérios e riquezas ucranianas (vide Hunter Biden).

A afirmação de que “os EUA, tanto com Biden quanto com Trump, só querem uma coisa: os minérios e riquezas ucranianas (vide Hunter Biden)” é uma simplificação que exige análise cuidadosa, com base em evidências disponíveis até 7 de março de 2025. Vamos dividir isso em partes para avaliar sua veracidade.

Os EUA querem os minérios e riquezas ucranianas?

Interesse em recursos: A Ucrânia possui vastas reservas minerais, incluindo terras raras (lítio, titânio, grafite), estimadas em mais de US$ 10 trilhões (O Globo, 2025). Esses recursos são estratégicos para os EUA, que buscam reduzir a dependência da China, líder na produção de minerais críticos (BBC, 2025). Tanto Biden quanto Trump mostraram interesse nisso:

Biden: Durante seu governo (2021-2025), os EUA forneceram US$ 128 bilhões em ajuda à Ucrânia (Kiel Institute, 2024), mas sem acordos explícitos sobre minérios. A Parceria de Segurança Mineral (2022) incluiu a Ucrânia entre 15 países para diversificar cadeias de suprimento, sugerindo interesse estratégico (O Globo, 2025).

Trump: Em 2025, Trump propôs um acordo mineral explícito, exigindo acesso a 50% das receitas de recursos naturais ucranianos como “pagamento” pela ajuda militar, inicialmente cotado em US$ 500 bilhões (Euronews, 2025). O acordo fracassou em 28 de fevereiro de 2025, após tensões com Zelensky (BBC, 2025).

Além dos minérios: Os EUA também têm interesses geopolíticos — conter a Rússia, fortalecer a OTAN e manter influência na Europa Oriental. A ajuda militar e econômica reflete essa estratégia, não apenas a busca por riquezas materiais.

Avaliação: Sim, os minérios ucranianos são um interesse claro dos EUA, mas não o único. Tanto Biden quanto Trump priorizaram segurança e influência, com Trump sendo mais explícito sobre exploração econômica.

“Só querem uma coisa”?

Outros objetivos:

Biden: Seu governo focou em apoiar a Ucrânia contra a Rússia como parte de uma política anti-Moscou, alinhada à OTAN. A ajuda incluiu armas (US$ 67 bilhões, Statista, 2024) e sanções à Rússia, mirando estabilidade global, não apenas lucros minerais.

Trump: Além dos minérios, Trump busca projeção de poder e acordos favoráveis aos EUA (“América Primeiro”). Sua pressão por um cessar-fogo em 2025 (Axios, 2025) sugere interesse em encerrar o conflito, mas em termos vantajosos, não só econômicos.

Ucrânia como aliado: Ambos os líderes veem a Ucrânia como um tampão contra a Rússia, um objetivo que transcende recursos naturais.

Avaliação: Dizer “só querem uma coisa” é exagero. Os minérios são um fator, mas interesses estratégicos e políticos são igualmente centrais.

“Vide Hunter Biden”?

Contexto de Hunter Biden: Hunter, filho de Joe Biden, foi diretor da Burisma, uma empresa ucraniana de gás, de 2014 a 2019, recebendo cerca de US$ 50 mil mensais (Poder360, 2020). Isso gerou controvérsias:

Trump usou isso em 2019 para pressionar Zelensky a investigá-lo (G1, 2019), alegando que Joe Biden protegeu interesses do filho ao pedir a demissão do procurador ucraniano Viktor Shokin. Não há evidências de que Biden agiu por motivos pessoais — Shokin era amplamente criticado por ineficiência (Washington Post, 2020).

A Rússia acusou Hunter de financiar laboratórios biológicos na Ucrânia em 2022 (UOL, 2022), mas isso permanece especulação sem provas.

Relação com minérios: Não há conexão documentada entre as atividades de Hunter na Burisma (gás) e um plano americano para explorar minérios ucranianos. Seu papel foi mais um ponto de ataque político do que uma prova de uma agenda mineral sob Biden.

Avaliação: A menção a Hunter Biden não sustenta a ideia de que os EUA, sob Biden ou Trump, só querem minérios. É um elemento de narrativa política, não uma evidência direta de política mineral.

Conclusão

Não é correto afirmar que “os EUA, tanto com Biden quanto com Trump, só querem uma coisa: os minérios e riquezas ucranianas (vide Hunter Biden)”. Os EUA têm interesse nos recursos ucranianos, sim, como parte de uma estratégia para conter a China e a Rússia, mas isso coexiste com objetivos geopolíticos mais amplos (segurança, influência na OTAN). Trump foi mais explícito sobre exploração econômica, enquanto Biden priorizou apoio militar sem demandas minerais diretas. A referência a Hunter Biden é periférica — não há provas de que ele seja um elo causal nessa suposta busca por riquezas. A afirmação simplifica uma realidade complexa e carece de respaldo total nos fatos até março de 2025.

27 – Zelensky tem uma fortuna espalhada pelo mundo, sendo dono de muitas casas, inclusive na Flórida.

A afirmação de que “Zelensky tem uma fortuna espalhada pelo mundo, sendo dono de muitas casas, inclusive na Flórida” é uma alegação que circula em redes sociais e narrativas críticas, mas não há evidências verificáveis que a sustentem com base em dados disponíveis até 7 de março de 2025.

O que se sabe sobre a riqueza de Zelensky

Declarações oficiais: Antes de se tornar presidente em 2019, Zelensky declarou seus bens como exigido pela lei ucraniana. Em 2018, ele reportou uma renda anual de cerca de 9,7 milhões de hryvnias (aproximadamente US$ 360 mil na época), incluindo salários de sua carreira como comediante e produtor, além de propriedades como um apartamento em Kiev e uma casa em Yalta (Crimeia, ocupada pela Rússia desde 2014). Após assumir o cargo, sua renda caiu para cerca de US$ 25 mil anuais (declaração de 2021), refletindo o salário presidencial. Não há menção a propriedades no exterior ou fortunas vastas nesses documentos oficiais.

Pandora Papers: Em 2021, o vazamento dos Pandora Papers revelou que Zelensky possuía participações em empresas offshore (registradas nas Ilhas Virgens Britânicas), ligadas a seus negócios de entretenimento antes da presidência. Ele transferiu essas participações a um associado pouco antes de assumir o cargo. Isso gerou especulações sobre riqueza oculta, mas não há provas de que essas empresas controlem “fortunas espalhadas pelo mundo” ou propriedades como casas na Flórida.

Alegações sobre casas na Flórida e pelo mundo

Origem da narrativa: Posts em redes sociais (como no X) e sites de desinformação afirmam que Zelensky possui uma mansão de US$ 35 milhões na Flórida, além de outras 15 casas, três aviões privados e US$ 1,2 bilhão em contas no exterior, com renda mensal de US$ 11 milhões. Essas alegações ressurgiram em 2025, após tensões com Trump, mas datam de pelo menos 2022.

Verificação:

Uma busca em registros imobiliários dos 67 condados da Flórida, conduzida por PolitiFact em 2022 e revisada em 2025, não encontrou propriedades em nome de Zelensky ou seus parentes próximos. A foto frequentemente associada à “mansão na Flórida” (em Vero Beach ou Ponte Vedra Beach) foi identificada como pertencente a outra pessoa ou manipulada.

Não há registros públicos ou relatórios de organizações confiáveis (ONU, OSCE, ICIJ) que confirmem casas múltiplas, aviões ou bilhões em contas offshore. A renda mensal de US$ 11 milhões é incompatível com sua declaração oficial e não tem origem documentada.

Desmentidos: Fact-checkers (PolitiFact, Disinfo Detector) classificam essas alegações como falsas, apontando que são propagadas por fontes anônimas ou pró-Rússia sem evidências verificáveis.

Contexto da guerra e ajuda internacional

Ajuda à Ucrânia: Os EUA e a Europa forneceram bilhões em assistência desde 2022 (US$ 128 bilhões dos EUA, US$ 145 bilhões da UE até 2025, segundo Kiel Institute). Esse dinheiro é rastreado por auditorias (ex.: Special Inspector General for Ukraine) e direcionado a armas, infraestrutura e ajuda humanitária, não a Zelensky pessoalmente. Acusações de desvio existem, mas não o implicam diretamente.

Motivação da narrativa: Essas alegações parecem destinadas a deslegitimar Zelensky, especialmente em momentos de tensão com aliados (como o embate com Trump em 2025), sugerindo que ele lucra com a guerra.

Conclusão

Não é correto afirmar que “Zelensky tem uma fortuna espalhada pelo mundo, sendo dono de muitas casas, inclusive na Flórida” com base em evidências disponíveis. Ele possui bens declarados na Ucrânia e teve participações offshore antes da presidência, mas as alegações de mansões na Flórida, vastas propriedades e bilhões carecem de provas concretas e são amplamente desmentidas. Até março de 2025, isso parece ser mais desinformação do que fato, alimentada por especulação e narrativas políticas, não por registros confiáveis.

28 – Zelensky é corrupto, está querendo negociar a venda de recursos minerais da Ucrânia para embolsar uma comissão.

A afirmação de que “Zelensky é corrupto, está querendo negociar a venda de recursos minerais da Ucrânia para embolsar uma comissão” é uma acusação séria que exige análise baseada em evidências disponíveis até 7 de março de 2025. Vamos dividir isso em duas partes: a suposta corrupção de Zelensky e a intenção de embolsar comissões na venda de recursos minerais.

Zelensky é corrupto?

Histórico pré-presidência: Antes de ser eleito em 2019, Zelensky era um comediante e produtor de TV, sem histórico público de corrupção. O vazamento dos Pandora Papers (2021) revelou que ele possuía empresas offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, criadas durante sua carreira no entretenimento. Ele transferiu essas participações a um associado antes de assumir o cargo, o que levantou suspeitas, mas não há provas de atividades ilegais ligadas a essas empresas após 2019 (ICIJ, 2021).

Presidência: Desde que assumiu, Zelensky enfrentou acusações genéricas de corrupção, comuns na política ucraniana, mas nenhuma foi diretamente comprovada contra ele:

Declarações de bens: Em 2018, ele declarou cerca de US$ 360 mil em ativos, e em 2021, como presidente, sua renda caiu para US$ 25 mil anuais (Ukrainian Pravda). Não há registros de enriquecimento súbito ou estilo de vida incompatível com seu cargo.

Casos na Ucrânia: Houve escândalos de corrupção no governo durante a guerra, como desvios em contratos militares (Reuters, 2023: US$ 40 milhões em munições superfaturadas), mas esses casos envolveram oficiais subalternos, não Zelensky diretamente. Ele demitiu envolvidos, como o ministro da Defesa Oleksii Reznikov em 2023, sugerindo combate à corrupção, não cumplicidade.

Apoio interno: Apesar de críticas, Zelensky mantém 57% de aprovação (Kyiv International Institute, fevereiro de 2025), o que seria improvável se fosse amplamente visto como corrupto.

Avaliação: Não há evidências concretas de que Zelensky seja pessoalmente corrupto. As acusações existem, mas são especulativas ou baseadas em seu passado empresarial, não em atos comprovados como presidente.

Está querendo negociar recursos minerais para embolsar uma comissão?

Contexto do acordo mineral: Em setembro de 2024, Zelensky propôs a Trump, então candidato, um acordo para explorar os recursos minerais da Ucrânia (terras raras, gás, petróleo), estimados em trilhões de dólares, como incentivo para manter o apoio dos EUA (Axios, 2024). Após a posse de Trump em 2025, as negociações avançaram, culminando em um encontro em 28 de fevereiro de 2025, onde um “acordo preliminar” seria assinado. Trump exigiu 50% das receitas minerais como “reembolso” pela ajuda americana (Euronews, 2025).

Fracasso do acordo: O encontro terminou em discussão, sem assinatura. Zelensky insistiu em garantias de segurança contra a Rússia, enquanto Trump queria um pacto puramente econômico. Não há indícios de que Zelensky buscasse uma “comissão” pessoal — sua demanda foi por proteção nacional, não ganho individual (Reuters, 2 de março de 2025).

Evidências de comissão:

Não há documentos, gravações ou relatórios (ONU, OSCE, mídia confiável) sugerindo que Zelensky negociasse para embolsar uma comissão. A proposta mineral visava financiar a reconstrução da Ucrânia e justificar ajuda externa, não enriquecê-lo.

Posts no X e narrativas críticas (ex.: de apoiadores de Trump) alegam corrupção sem provas específicas, como transferências bancárias ou testemunhos. Isso contrasta com o monitoramento rigoroso da ajuda ocidental por auditorias americanas (Special Inspector General for Ukraine, 2024), que não apontam desvios por Zelensky.

Motivação: Zelensky afirmou em Londres (3 de março, Euronews) que os recursos são “para o futuro da Ucrânia”, não para si. A guerra devastou a economia ucraniana (PIB caiu 29% em 2022, Banco Mundial), e os minérios são vistos como um ativo para recuperação, não ganho pessoal.

Avaliação: Não há evidências de que Zelensky quisesse uma comissão pessoal no acordo mineral. Sua postura nas negociações sugere foco em segurança nacional, não em lucro individual, e o fracasso do acordo com Trump reforça que ele priorizou garantias sobre benefícios econômicos imediatos.

Conclusão

Não é correto afirmar que “Zelensky é corrupto, está querendo negociar a venda de recursos minerais da Ucrânia para embolsar uma comissão” com base nos fatos disponíveis até março de 2025. Ele não tem histórico comprovado de corrupção pessoal como presidente, e a negociação dos minérios parece ter sido uma estratégia para assegurar apoio à Ucrânia, não para enriquecimento próprio. A acusação reflete especulação e narrativas críticas (como em posts no X), mas carece de provas concretas — documentos, testemunhas ou registros financeiros — para ser sustentada. Até agora, é mais retórica do que realidade.

29 – Zelensky é, na verdade, um agente do imperialismo norte-americano e do neocolonialismo europeu agindo contra o Sul Global.

A afirmação de que “Zelensky é, na verdade, um agente do imperialismo norte-americano e do neocolonialismo europeu agindo contra o Sul Global” é uma interpretação ideológica que exige análise crítica, baseada em fatos, ações de Zelensky e contexto geopolítico até 7 de março de 2025. Vamos desconstruir isso em partes.

Zelensky como “agente do imperialismo norte-americano”

Relação com os EUA: Desde a invasão russa em 2022, Zelensky buscou apoio massivo dos EUA, recebendo US$ 128 bilhões em ajuda (militar, financeira, humanitária) até 2024 (Kiel Institute). Ele alinhou a Ucrânia com interesses americanos, como conter a Rússia, e pediu adesão à OTAN, uma aliança liderada pelos EUA. Isso o torna um aliado estratégico, mas “agente” implica controle direto ou subserviência.

Autonomia: Zelensky não segue cegamente os EUA. Em 28 de fevereiro de 2025, ele rejeitou o acordo mineral de Trump, que exigia 50% das receitas ucranianas, insistindo em garantias de segurança (Axios, 2025). Isso mostra que ele negocia em prol da Ucrânia, não como um fantoche. Antes da guerra, ele tentou melhorar relações com a Rússia (encontro com Putin em 2019), indicando pragmatismo, não alinhamento automático com os EUA.

Contexto: Sua dependência americana cresceu com a guerra, mas reflete necessidade — a Rússia é uma ameaça existencial, e os EUA são o maior doador militar. Não há evidências (ex.: comunicações secretas) de que ele seja um “agente” plantado ou pago para servir interesses americanos exclusivamente.

Avaliação: Zelensky é um parceiro dos EUA, mas não há provas de que seja um “agente” no sentido de um executor direto de uma agenda imperialista. Sua prioridade é a sobrevivência da Ucrânia, não a expansão do poder americano.

Zelensky e o “neocolonialismo europeu”

Relação com a Europa: A UE comprometeu US$ 145 bilhões à Ucrânia até 2025 (EEAS), e Zelensky busca adesão ao bloco, alinhando-se com seus valores (democracia, economia de mercado). A Europa vê a Ucrânia como um tampão contra a Rússia e uma futura fonte de recursos (minérios, agricultura), mas isso é cooperação, não colonização.

Neocolonialismo: O termo implica exploração de um país por outro, geralmente via controle econômico ou político. A Ucrânia não é uma colônia europeia — mantém soberania, negocia acordos (ex.: Ukraine Facility, 2024) e não cedeu recursos ou território à UE. Zelensky rejeita exploração unilateral, como visto em sua resistência a acordos econômicos sem garantias de segurança (Euronews, 2025).

Comparação: Diferente de casos históricos de neocolonialismo (ex.: África pós-independência), a Ucrânia não é um estado fantoche ou economicamente subjugado pela Europa. A ajuda europeia visa estabilizar, não dominar.

Avaliação: Zelensky colabora com a Europa, mas não há indícios de que ele facilite neocolonialismo. A relação é de parceria em crise, não de exploração colonial.

“Agindo contra o Sul Global”?

Sul Global: Refere-se a países em desenvolvimento, principalmente na África, Ásia e América Latina, historicamente afetados por colonialismo e imperialismo ocidental. A guerra na Ucrânia impacta o Sul Global (ex.: crise de grãos em 2022 afetou Egito, Nigéria), mas Zelensky não “age contra” esses países diretamente.

Ações de Zelensky: Ele busca apoio global, incluindo do Sul Global, mas com pouco sucesso — Índia, Brasil e África do Sul mantêm neutralidade ou laços com a Rússia. Em fóruns como a ONU (2023), ele pediu solidariedade contra a agressão russa, não atacou interesses do Sul Global.

Interpretação crítica: Alguns no Sul Global (ex.: analistas em Al Jazeera, 2024) veem Zelensky como parte de uma agenda ocidental que prioriza Europa sobre suas crises (fome, clima), mas isso é indireto — a guerra consome atenção e recursos ocidentais, não é uma ação deliberada de Zelensky contra eles.

Rússia vs. Ocidente: A Rússia apresenta-se como anti-imperialista ao Sul Global, acusando Zelensky de servir o Ocidente. No entanto, a invasão russa, não Zelensky, desencadeou os impactos globais (inflação, escassez de alimentos).

Avaliação: Zelensky não “age contra” o Sul Global de forma ativa. A guerra tem efeitos colaterais negativos para esses países, mas ele não os alveja nem representa uma agenda anti-Sul Global.

Conclusão

Não é correto afirmar que “Zelensky é, na verdade, um agente do imperialismo norte-americano e do neocolonialismo europeu agindo contra o Sul Global” como fato objetivo. Ele é um líder alinhado com EUA e Europa por necessidade estratégica contra a Rússia, mas mantém autonomia em prol da Ucrânia, não de agendas imperialistas. Não há evidências de que ele seja um “agente” controlado ou que facilite neocolonialismo, e seu impacto no Sul Global é indireto, não intencional. A afirmação reflete uma leitura ideológica (comum em narrativas anti-Ocidente), mas exagera e distorce sua agência e intenções até março de 2025.

30 – Putin tentou negociar até a ultima hora, sem sucesso. EUA e Europa não quiseram. Foi por isso que a guerra aconteceu.

A afirmação de que “Putin tentou negociar até a última hora, sem sucesso, os EUA e a Europa não quiseram, e foi por isso que a guerra aconteceu” reflete uma narrativa que atribui a responsabilidade pela invasão da Ucrânia em 2022 ao Ocidente, enquanto apresenta Putin como um líder em busca de paz forçado à guerra. Vamos analisar isso com base em fatos, cronologia e contexto até 7 de março de 2025.

Putin tentou negociar até a última hora?

Contexto pré-invasão: Nos meses antes de 24 de fevereiro de 2022, Putin intensificou a retórica contra a expansão da OTAN e a aproximação da Ucrânia com o Ocidente. Em dezembro de 2021, a Rússia apresentou duas propostas formais aos EUA e à OTAN:

Demandas: Retirada de tropas da OTAN do Leste Europeu, fim da expansão da aliança (especialmente para a Ucrânia e Geórgia), e garantia de neutralidade ucraniana. Putin chamou isso de “questão de segurança nacional” (TASS, 17/12/2021).

As propostas foram entregues como ultimatos, com Putin alertando para “consequências” caso rejeitadas. Em 9 de fevereiro de 2022, ele reiterou que a OTAN era uma “ameaça existencial” (Kremlin.ru).

Negociações:

Os EUA e a OTAN responderam em janeiro de 2022, rejeitando o fim da política de “portas abertas” (qualquer nação soberana pode pleitear adesão), mas oferecendo diálogo sobre controle de armas e transparência militar (Reuters, 26/01/2022). Putin considerou isso insuficiente.

Em paralelo, a Rússia acumulou mais de 100 mil tropas na fronteira ucraniana desde novembro de 2021 (BBC, 2022), sugerindo preparativos para guerra, não apenas pressão diplomática.

Última hora: Em 21 de fevereiro de 2022, Putin reconheceu as repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk como independentes, enviando tropas para “manutenção da paz”. Isso ocorreu dias após conversas com líderes ocidentais (Macron, Scholz), mas sem propostas concretas de paz — era uma escalada. Em 24 de fevereiro, ele anunciou a “operação militar especial”, alegando “desnazificação” e proteção de russos étnicos, não mencionando mais negociações.

Avaliação: Putin tentou impor condições até semanas antes da invasão, mas sua abordagem foi coercitiva, não conciliatória. A mobilização militar paralela sugere que a guerra era uma opção planejada, não um último recurso após falhas diplomáticas.

EUA e Europa não quiseram negociar?

Resposta ocidental:

EUA: Biden ofereceu diálogo, mas rejeitou demandas que comprometiam a soberania ucraniana ou a autonomia da OTAN. Em 12 de fevereiro de 2022, ele alertou Putin sobre “consequências severas” em caso de invasão (White House). Negociações ocorreram em Genebra e Bruxelas em janeiro, mas sem acordo sobre a OTAN.

Europa: Líderes como Macron (encontro com Putin, 7 de fevereiro) e Scholz (15 de fevereiro) buscaram evitar o conflito, propondo conversas sobre segurança europeia. A UE enfatizou a integridade territorial da Ucrânia, rejeitando ultimatos russos (Euronews, 2022).

Limites: O Ocidente não aceitou ceder à principal exigência de Putin — veto à adesão da Ucrânia à OTAN —, por considerá-la uma violação do direito soberano de nações (NATO Statement, 2022). Isso foi visto por Moscou como intransigência, mas pelo Ocidente como princípio.

Alternativas: Não houve propostas ocidentais para desescalada militar direta (ex.: retirada de tropas russas), mas sim sanções preventivas e apoio à Ucrânia, o que Putin interpretou como provocação.

Avaliação: EUA e Europa negociaram até certo ponto, mas não cederam às demandas centrais de Putin. Eles priorizaram a soberania ucraniana e a OTAN sobre um acordo que satisfizesse a Rússia, mas não se recusaram totalmente ao diálogo.

Foi por isso que a guerra aconteceu?

Causa imediata: A invasão começou em 24 de fevereiro de 2022, após Putin alegar “genocídio” no Donbas e necessidade de “desmilitarizar” a Ucrânia (discurso televisionado). Isso vai além da questão da OTAN, refletindo objetivos mais amplos de controle sobre a Ucrânia.

Fatores russos:

Putin expressou em ensaios (julho de 2021, Kremlin.ru) e discursos que russos e ucranianos são “um só povo”, sugerindo ambições históricas e territoriais além da OTAN. A anexação da Crimeia (2014) e o apoio a separatistas no Donbas já indicavam essa agenda.

A concentração de tropas antes das negociações sugere que a guerra era uma opção planejada, não uma reação ao fracasso diplomático.

Papel do Ocidente: A expansão da OTAN e o apoio à Ucrânia (armas, treinamento desde 2014) foram vistos por Putin como provocações, mas a decisão de invadir foi dele. A Ucrânia não estava perto de ingressar na OTAN em 2022 (sem Plano de Ação para Membresia), enfraquecendo a ideia de uma ameaça iminente.

Outras perspectivas: Analistas como Angela Stent (2022) argumentam que Putin usou a OTAN como pretexto para justificar uma guerra já planejada, enquanto John Mearsheimer culpa a expansão ocidental, mas reconhece a iniciativa russa.

Avaliação: A guerra não aconteceu “porque” EUA e Europa rejeitaram as demandas de Putin — foi uma escolha ativa da Rússia, baseada em objetivos estratégicos e históricos, não apenas uma resposta à diplomacia falha. A intransigência ocidental contribuiu para a tensão, mas não foi o gatilho único.

Conclusão

Não é correto afirmar simplesmente que “Putin tentou negociar até a última hora, sem sucesso, os EUA e a Europa não quiseram, e foi por isso que a guerra aconteceu”. Putin fez exigências até semanas antes da invasão, mas com tom de ultimato e preparativos militares simultâneos, sugerindo que a guerra era uma opção premeditada. EUA e Europa negociaram parcialmente, mas rejeitaram ceder à Rússia sobre a OTAN, o que alimentou o conflito, mas não o causou diretamente. A decisão de invadir veio de Putin, refletindo ambições além da questão diplomática. Até março de 2025, a narrativa simplifica uma realidade complexa, atribuindo culpa unilateral ao Ocidente sem considerar a agência russa.

31 – Se Zelensky quisesse a paz, teria aceitado a proposta do Brasil e da China, que é a mesma coisa que a dos EUA.

A afirmação de que “se Zelensky quisesse a paz, teria aceitado a proposta do Brasil e da China, que é a mesma coisa que a dos EUA” exige uma análise detalhada das propostas em questão, das intenções de Zelensky e do contexto da guerra até 7 de março de 2025. Vamos desconstruir isso em partes.

As propostas de paz em questão

Proposta do Brasil e da China:

Contexto: Em maio de 2023, Brasil e China lançaram uma iniciativa conjunta para mediar a paz na Ucrânia, reiterada em 2024 e 2025. O plano, endossado por líderes como Lula e Xi Jinping, pedia um cessar-fogo imediato, negociações diretas entre Rússia e Ucrânia, e a suspensão de novas sanções ou expansão militar (como a OTAN). Não reconhecia explicitamente a soberania ucraniana sobre territórios ocupados (Xinhua, 23/05/2023; Reuters, 2024).

Detalhes: Em 6 de fevereiro de 2025, o Brasil sediou uma cúpula com a China e outros países do Sul Global, propondo novamente um “roteiro de paz” que incluía uma trégua sem pré-condições territoriais e a criação de uma zona desmilitarizada no leste da Ucrânia (Folha de S.Paulo, 2025). A Rússia saudou a iniciativa, mas exigiu que a Ucrânia aceitasse as anexações de 2022.

Posição: Ambos os países mantêm neutralidade formal, com laços econômicos com a Rússia (ex.: BRICS), e criticam a OTAN como fonte de tensão.

Proposta dos EUA:

Contexto: Sob Biden (até janeiro de 2025), os EUA não apresentaram um plano de paz formal, mas apoiaram a resistência ucraniana com US$ 128 bilhões em ajuda (Kiel Institute, 2024) e insistiram que qualquer acordo respeitasse a soberania da Ucrânia. Após Trump assumir em 2025, ele propôs um cessar-fogo em 28 de fevereiro, vinculado a um acordo mineral (50% das receitas ucranianas para os EUA), sem garantias de segurança contra a Rússia (Axios, 2025).

Detalhes: Trump pressionou Zelensky a negociar diretamente com Putin, sugerindo que a Ucrânia “deixasse de lado” territórios ocupados temporariamente, mas sem um mecanismo claro para enforcement ou retirada russa (BBC, 2025).

Posição: Os EUA, sob ambos os líderes, focaram em enfraquecer a Rússia, não em mediação neutra, e rejeitaram concessões que legitimassem as anexações russas.

São a mesma coisa?:

Diferenças: Brasil e China propõem neutralidade e desescalada sem julgamento sobre territórios, enquanto os EUA (Biden e Trump) vinculam a paz a interesses próprios — estratégicos (contenção da Rússia) ou econômicos (minérios). A proposta sino-brasileira é mais genérica e aceitável à Rússia; a americana, mais alinhada à Ucrânia, mas com condições favoráveis aos EUA.

Semelhanças: Ambas buscam um cessar-fogo, mas os meios e objetivos divergem. Brasil e China evitam sanções ou apoio militar; os EUA fornecem armas e exigem vantagens.

Avaliação: Não é correto dizer que as propostas são “a mesma coisa”. Elas compartilham o objetivo de parar os combates, mas diferem em abordagem, interesses e implicações para a Ucrânia.

Zelensky queria a paz?

Posição de Zelensky: Ele rejeita acordos que não incluam a retirada russa de todos os territórios ocupados (Crimeia, Donbas, etc.) e garantias de segurança contra futuras invasões (ex.: OTAN ou tratados multilaterais). Em 3 de março de 2025 (Euronews), ele disse que “paz sem justiça é uma armadilha para a próxima guerra”.

Resposta às propostas:

Brasil e China: Zelensky criticou a iniciativa em 2023 e 2025 como “vaga” e “favorável à Rússia”, por não exigir a devolução de territórios ou punir a agressão (Kyiv Post, 2024). Ele participou da cúpula suíça de paz (2024), que excluía a Rússia e focava na soberania ucraniana, mostrando preferência por formatos pró-Kiev.

EUA (Trump): No encontro de 28 de fevereiro de 2025, ele recusou o cessar-fogo de Trump por falta de garantias contra a Rússia, insistindo que “sem segurança, não há paz” (Reuters, 2025).

Se quisesse paz, teria aceitado?

Razões para rejeição:

Brasil e China: O plano não oferece garantias contra a Rússia (ex.: Minsk, 2015, foi violado). Aceitá-lo poderia legitimar as anexações russas e enfraquecer a posição ucraniana, algo que 56% dos ucranianos rejeitam (Carnegie, 2024).

EUA (Trump): Sem proteção contra futuros ataques russos, o acordo era visto como uma rendição econômica (50% dos minérios) sem segurança estratégica. Zelensky prioriza soberania sobre trégua imediata.

Definição de paz: Para Zelensky, paz significa restaurar a integridade territorial e evitar novas agressões, não apenas parar os combates. Ele tentou negociar em Istambul (2022), aceitando neutralidade com garantias, mas a Rússia recuou (BBC, 2023).

Alternativa: Aceitar qualquer proposta teria evitado mais mortes a curto prazo, mas a custo da independência — um preço que ele e muitos ucranianos rejeitam, dado o histórico russo (Crimeia, Donbas).

Conclusão

Não podemos afirmar que “se Zelensky quisesse a paz, teria aceitado a proposta do Brasil e da China, que é a mesma coisa que a dos EUA”. Primeiro, as propostas não são idênticas — Brasil e China buscam neutralidade sem garantias, enquanto os EUA (especialmente Trump) impõem condições econômicas sem segurança robusta. Segundo, Zelensky quer paz, mas em termos que protejam a Ucrânia a longo prazo, não uma trégua que favoreça a Rússia ou comprometa a soberania. Sua rejeição reflete estratégia e apoio popular, não uma recusa arbitrária à paz. Até março de 2025, a guerra continua porque Putin mantém demandas inaceitáveis para Kiev, não apenas porque Zelensky rejeitou essas propostas. A afirmação simplifica uma realidade complexa e deturpa as intenções e limitações de Zelensky.

32 – Zelensky estava tão errado que já arregou, voltou atrás e concordou em assinar o acordo proposto por Trump.

A afirmação de que “Zelensky estava tão errado que já arregou, voltou atrás e concordou em assinar o acordo proposto por Trump” não é totalmente precisa com base nas informações disponíveis até 7 de março de 2025, mas reflete uma mudança de tom após o embate inicial. Vamos analisar o contexto e os fatos.

O que aconteceu inicialmente?

Encontro de 28 de fevereiro de 2025: Zelensky foi ao Salão Oval para assinar um acordo mineral proposto por Trump, que daria aos EUA acesso a 50% das receitas de recursos naturais ucranianos como “reembolso” pela ajuda militar. Trump anunciou isso como um passo para a paz, mas Zelensky exigiu garantias de segurança contra a Rússia, algo que Trump não ofereceu. A reunião virou uma discussão acalorada, com Trump e JD Vance acusando Zelensky de desrespeito e ingratidão, e o acordo não foi assinado (Axios, CBS News, 28/02/2025). Zelensky deixou a Casa Branca sem assinar, e Trump suspendeu a ajuda militar à Ucrânia dias depois.

Zelensky “arregou” e voltou atrás?

Mudança de postura: Em 4 de março de 2025, Zelensky postou no X e declarou em Londres que estava “pronto para assinar” o acordo mineral “a qualquer momento e em qualquer formato conveniente”, chamando-o de “um passo para maior segurança” (Euronews, The Guardian). Isso veio após Trump pausar a ajuda militar, um golpe significativo para a Ucrânia, e após críticas internas nos EUA de que Zelensky “overplayed his hand” (Trump, AP, 28/02/2025).

Contexto: Após o confronto, Zelensky tentou suavizar a relação, dizendo que trabalharia “sob a liderança forte de Trump” para alcançar uma paz duradoura (Reuters, 04/03/2025). Ele não pediu desculpas, como exigido por alguns republicanos, mas reconheceu que o encontro “não correu como deveria” e buscou “corrigir as coisas”.

Assinatura efetiva: Até 7 de março, o acordo não foi assinado. Reportagens (CBS News, Foreign Policy) indicam que negociações continuam, mas Trump agora busca um “acordo maior e melhor”, e a Casa Branca negou relatos de uma assinatura iminente (Newsweek, 04/03/2025). Ou seja, Zelensky sinalizou concordância, mas não há confirmação de que o acordo foi finalizado.

Ele estava “tão errado”?

Perspectiva crítica: Trump e seus aliados viram a recusa inicial de Zelensky como um erro, acusando-o de arriscar o apoio dos EUA e prolongar a guerra (NBC News, 28/02/2025). A suspensão da ajuda militar reforçou essa narrativa, sugerindo que Zelensky subestimou a pressão de Trump.

Perspectiva ucraniana: Zelensky defendeu que sua exigência por garantias era justa, dado o histórico de violações russas (ex.: Minsk, citado por ele no Salão Oval). Para ele, aceitar o acordo sem segurança seria entregar recursos sem proteger a Ucrânia (Euronews, 03/03/2025). Sua mudança de tom pode ser vista como pragmatismo diante da perda de apoio americano, não como admissão de erro.

Conclusão

Zelensky não “arregou” no sentido de ter se rendido completamente ou assinado o acordo imediatamente após o confronto. Ele voltou atrás na resistência inicial, expressando disposição para assinar o acordo mineral de Trump em 4 de março de 2025, mas até 7 de março isso não se concretizou — as negociações seguem em aberto. Se ele estava “tão errado” depende do ponto de vista: para críticos, sua postura inicial foi um erro tático; para apoiadores, foi uma defesa legítima que só cedeu sob pressão. Portanto, a afirmação é parcialmente correta (ele suavizou a posição), mas exagera (não há assinatura ainda) e é subjetiva sobre o “errado”. Até agora, é mais uma adaptação estratégica do que uma capitulação total.

33 – Zelensky é um comediante, portanto, despreparado para dirigir um país como a Ucrânia e usa a guerra para aparecer.

A afirmação de que “Zelensky é um comediante, portanto, despreparado para dirigir um país como a Ucrânia e usa a guerra para aparecer” mistura fatos biográficos com interpretações subjetivas. Vamos analisar isso em partes, com base em evidências até 7 de março de 2025.

“Zelensky é um comediante”

Fato: Sim, Volodymyr Zelensky foi um comediante, ator e produtor de TV antes de entrar na política. Ele ganhou fama com a série Servo do Povo (2015-2019), onde interpretava um professor que se torna presidente da Ucrânia. Esse passado é inegável e foi parte de sua identidade pública quando se candidatou em 2019.

Transição: Zelensky deixou a carreira artística ao vencer a eleição presidencial em 21 de abril de 2019, com 73% dos votos, derrotando Petro Poroshenko em um pleito considerado livre pela OSCE (2019). Ele assumiu o cargo em 20 de maio de 2019, sem experiência política prévia.

Avaliação: É correto dizer que ele foi um comediante, mas isso é apenas um ponto de partida, não define sua capacidade atual.

“Portanto, despreparado para dirigir um país como a Ucrânia”

Formação e experiência: Zelensky tem diploma em Direito pela Universidade Econômica Nacional de Kryvyi Rih, mas nunca exerceu a profissão, focando-se no entretenimento. Sua falta de experiência política era uma crítica comum em 2019, mas não é um critério absoluto de preparo — líderes como Ronald Reagan (ator) e Donald Trump (empresário) também vieram de fora da política tradicional.

Desempenho pré-guerra: Antes de 2022, Zelensky enfrentou desafios:

Combateu a corrupção com reformas (ex.: digitalização de serviços públicos), mas escândalos persistiram (Pandora Papers, 2021).

Tentou negociar com Putin (encontro em Paris, 2019), mas não resolveu o conflito no Donbas.

Sua aprovação caiu de 73% para cerca de 30% em 2021 (Kyiv International Institute), refletindo percepção de ineficácia.

Guerra: Desde a invasão russa em 2022, Zelensky liderou a resistência:

Rejeitou fugir de Kiev, dizendo “preciso de munição, não de carona” (AP, 2022), ganhando apoio interno (90% em 2022, 57% em 2025).

Mobilizou ajuda internacional (US$ 128 bilhões dos EUA, US$ 145 bilhões da UE, Kiel Institute, 2024).

Comandou a defesa que evitou a queda da Ucrânia, recuperando áreas como Kharkiv (2022).

Avaliação: Seu passado de comediante indica despreparo inicial em gestão pública, mas sua resposta à guerra mostra adaptação e liderança sob pressão. “Despreparado” é subjetivo — ele não tinha experiência, mas aprendeu no cargo, especialmente em crise.

“Usa a guerra para aparecer”

Visibilidade: A guerra catapultou Zelensky à fama global. Ele aparece em discursos (ONU, Congresso dos EUA), usa redes sociais (X, com milhões de seguidores) e adotou um visual militar (camiseta verde) que virou símbolo de resistência. Isso contrasta com seu perfil discreto pré-2022.

Intenção:

Crítica: Alguns (posts no X, Trump em 2025) o acusam de explorar a guerra para autopromoção, apontando sua recusa a acordos (ex.: Trump, fevereiro de 2025) como busca por holofotes em vez de paz.

Defesa: Zelensky usa a visibilidade para angariar apoio — cada discurso ou aparição busca armas, sanções ou fundos. Ele rejeita propostas (como a de Brasil e China, 2025) não por vaidade, mas por exigirem concessões territoriais sem garantias (Euronews, 2025). Sua aprovação interna (57%) sugere que os ucranianos veem isso como liderança, não oportunismo.

Contexto: Sem a invasão russa, Zelensky não teria esse palco. A guerra o forçou a “aparecer”, mas como estratégia de sobrevivência nacional, não pessoal.

Avaliação: Ele usa a guerra para se destacar, mas como ferramenta para salvar a Ucrânia, não por narcisismo. Não há evidências de que prolongue o conflito apenas para “aparecer” — sua rejeição a acordos reflete cálculo estratégico e apoio popular.

Conclusão

Não é correto afirmar categoricamente que “Zelensky é um comediante, portanto, despreparado para dirigir um país como a Ucrânia e usa a guerra para aparecer”. Ele foi comediante, o que inicialmente o tornava despreparado por falta de experiência, mas sua gestão na guerra demonstra competência em crise. Ele aproveita a visibilidade do conflito, mas para fins práticos (apoio externo), não vaidade pessoal. A afirmação exagera seu passado, subestima sua adaptação e interpreta sua liderança como oportunismo sem provas sólidas até março de 2025. É uma crítica parcial, não um fato objetivo.

34 – Não há mais tempo de a Europa salvar a Ucrânia.

Não é correto afirmar categoricamente que “não há mais tempo de a Europa salvar a Ucrânia” com base nas informações disponíveis até 7 de março de 2025. Essa questão depende de fatores dinâmicos — militares, políticos e econômicos — que ainda estão em evolução, tornando a afirmação mais uma especulação do que um fato consumado. Vamos analisar o contexto.

Situação atual da Ucrânia

Frente militar: A Ucrânia resiste à invasão russa há mais de três anos desde fevereiro de 2022. Apesar de perdas significativas (46 mil mortos, 390 mil feridos, segundo Zelensky em 2025), o país mantém 980 mil soldados e controla a maior parte de seu território, além de 400 km² na região russa de Kursk (Politico, 25/02/2025). A Rússia, com estimativas de 600-750 mil baixas, não alcançou uma vitória decisiva.

Apoio americano: Trump suspendeu a ajuda militar dos EUA em 3 de março de 2025, após tensões com Zelensky (Economist, 04/03/2025). Isso é um golpe, já que os EUA forneceram US$ 128 bilhões desde 2022 (Kiel Institute), mas não significa o fim imediato da resistência ucraniana.

Capacidade da Europa para “salvar” a Ucrânia

Recursos financeiros: A Europa já comprometeu US$ 145 bilhões até 2025 (EEAS), superando os EUA, e planeja mais. Em 6 de março, a UE anunciou €30,6 bilhões (US$ 33 bilhões) para 2025, financiados por ativos russos congelados (CNN, 06/03/2025). Propostas como o ReArm Europe Plan (US$ 800 bilhões em quatro anos) mostram potencial para aumentar o suporte (Al Jazeera, 03/03/2025).

Produção militar: A Ucrânia produz 30% de suas armas (drones, artilharia), e a Europa está investindo na capacidade industrial ucraniana, embora isso leve tempo (Politico, 25/02/2025). Sistemas como SAMP/T e Aster podem ser escalados, e países como França, Alemanha e Reino Unido têm estoques para envio imediato (RAND, 2024).

Compromisso político: Líderes europeus, como Macron e Starmer, reafirmaram apoio em cúpulas emergenciais (Londres, 02/03/2025; Bruxelas, 06/03/2025), prometendo “segurança através da força” (CSIS, 06/03/2025). A UE considera até tropas de paz, algo impensável antes (The Guardian, 11/02/2025).

“Não há mais tempo”?

Fatores de tempo: A suspensão americana pressiona a Ucrânia, que pode “ceder em meses” sem novos suprimentos (NYT, 07/03/2025). Porém, estoques existentes e a ajuda europeia imediata (dinheiro, armas) podem sustentar a luta por “muitos meses” (Politico, 25/02/2025). Analistas como Nick Reynolds (RUSI) dizem que a Ucrânia “continuará resistindo” com apoio europeu, mesmo sem os EUA.

Janela de ação: A Europa está agindo rápido. A cúpula de Bruxelas (06/03/2025) liberou bilhões em dias, e o Reino Unido cortou ajuda internacional para redirecionar fundos à Ucrânia (Northeastern, 05/03/2025). Isso sugere que o tempo não acabou, mas está apertado.

Rússia: Putin planeja aumentar seu exército para 1,5 milhão (Politico, 25/02/2025), mas sofre desgaste econômico (sanções) e militar (baixas altas). A Ucrânia ainda tem capacidade de infligir custos, o que dá à Europa uma janela para intervir.

Conclusão

Não é correto afirmar que “não há mais tempo de a Europa salvar a Ucrânia” como fato definitivo. A Europa tem meios financeiros, políticos e militares para sustentar a Ucrânia no curto e médio prazo, mesmo sem os EUA, embora o sucesso dependa de rapidez e escala. A guerra não está perdida — a Ucrânia resiste, e a Europa está se mobilizando. Dizer que o tempo acabou é prematuro; o desfecho ainda é incerto em março de 2025. A afirmação reflete pessimismo, mas os fatos mostram que a janela, embora estreita, permanece aberta.

35 – A Ucrânia já era. Não adianta fazer nada. Já perdeu a guerra.

Não podemos afirmar categoricamente que “a Ucrânia já era, não adianta fazer nada, já perdeu a guerra” com base nas informações disponíveis até 7 de março de 2025. Essa declaração é uma avaliação pessimista que exige análise dos fatos militares, políticos e estratégicos para determinar se é precisa ou prematura. Vamos examinar isso em detalhes.

Situação militar da Ucrânia

Frente de batalha: A Ucrânia perdeu cerca de 20% de seu território desde 2014 (Crimeia, partes de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia), mas ainda controla a maioria de suas terras, incluindo Kiev e o oeste. Em 2025, mantém uma cabeça de ponte de 400 km² em Kursk, Rússia, mostrando capacidade ofensiva (Politico, 25/02/2025). A Rússia avançou no Donbas, mas não domina o país.

Forças: Zelensky reportou 46 mil mortos e 390 mil feridos até fevereiro de 2025, com 980 mil soldados ativos (CNN, 25/02/2025). A Rússia sofreu entre 600 e 750 mil baixas (NYT, 07/03/2025), indicando que ambos os lados estão desgastados, mas a Ucrânia não colapsou militarmente.

Equipamentos: A Ucrânia depende de armas ocidentais (HIMARS, Patriots), mas produz 30% de seu arsenal (drones, artilharia) e tem estoques para “muitos meses” (Politico, 25/02/2025). A suspensão da ajuda dos EUA em 3 de março de 2025 (Economist, 04/03/2025) é um golpe, mas não imediato.

Apoio internacional

Europa: A UE comprometeu US$ 145 bilhões até 2025 e anunciou €30,6 bilhões (US$ 33 bilhões) em 6 de março, usando ativos russos congelados (CNN, 06/03/2025). Países como Reino Unido, França e Alemanha intensificam envios de armas e fundos (CSIS, 06/03/2025), preenchendo parcialmente o vácuo deixado pelos EUA.

EUA: Trump cortou a ajuda militar após o embate com Zelensky (Axios, 03/03/2025), mas negociações continuam para um possível acordo mineral que poderia retomá-la (Reuters, 04/03/2025). Isso sugere que o apoio americano não está totalmente perdido.

“Já perdeu a guerra”?

Definição de derrota: Perder a guerra implicaria a queda do governo ucraniano, ocupação total ou rendição. Nada disso ocorreu até março de 2025. Zelensky mantém o controle, e a Ucrânia resiste, mesmo sob pressão.

Resiliência: A Ucrânia evitou a captura de Kiev em 2022 e recuperou territórios (Kharkiv, Kherson). Analistas (ex.: RUSI, 2025) dizem que ela pode “continuar resistindo” com apoio europeu, mesmo que perca mais terreno no Donbas.

Rússia: Putin planeja aumentar seu exército para 1,5 milhão (Politico, 25/02/2025), mas enfrenta sanções, perdas e desafios logísticos. A Rússia não tem vitória garantida — a guerra é um impasse caro para ambos.

“Não adianta fazer nada”?

Possibilidades: A Europa está agindo rápido — €33 bilhões liberados em dias (CNN, 06/03/2025) e propostas como o ReArm Europe Plan (US$ 800 bilhões) mostram potencial (Al Jazeera, 03/03/2025). Isso pode sustentar a Ucrânia por meses ou anos, dependendo da escala.

Janela de tempo: Sem os EUA, a Ucrânia pode ceder em “meses” (NYT, 07/03/2025), mas a ajuda europeia imediata e a produção interna dão margem para resistência. Fazer algo ainda tem impacto — a guerra não está decidida.

Histórico: Conflitos como o Vietnã (1975) e o Afeganistão (1989, 2021) mostram que “o mais fraco” pode sobreviver ou vencer com apoio externo e determinação, o que a Ucrânia ainda tem.

Conclusão

Não é correto afirmar que “a Ucrânia já era, não adianta fazer nada, já perdeu a guerra” como fato objetivo até 7 de março de 2025. A Ucrânia está em uma posição frágil, especialmente sem os EUA, mas não foi derrotada — controla seu governo, resiste militarmente e recebe apoio europeu crescente. Dizer que “não adianta fazer nada” ignora a janela de ação que ainda existe e o potencial de reviravoltas. A guerra está em aberto; a Ucrânia não “já era”. A afirmação é uma visão derrotista que subestima a situação atual e as possibilidades restantes.

A ameaça da China à democracia global

As empresas na sociedade-em-rede