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Um pequeno teste

Faça um pequeno teste que será capaz de revelar muita coisa. Divulgue o texto abaixo na USP ou na Unicamp ou em alguma universidade federal, sem revelar quem é o autor do discurso (não vamos revelar nem aqui). Depois colha as impressões de alunos e professores das áreas de humanas.

“Nos mundos inglês e francês existe a chamada democracia. Como se sabe, esta se define como o domínio do povo. Isso significa que o povo deve ter a possibilidade de expressar seus pensamentos e desejos. Se alguém observa esse assunto com atenção se dá conta de que o povo não tem, desde sempre, nenhuma convicção, senão, como acontece em toda parte, quando essa convicção lhe é apresentada por alguém. O decisivo é: quem fixa a convicção de um povo? Quem esclarece o povo? Quem educa um povo?

Nesses países [da chamada democracia] quem governa realmente é o capital. Isso significa que um grupo de algumas centenas de homens, que possuem imensas fortunas, são mais ou menos totalmente independentes. Mas isso depende das condições peculiares daqueles Estados. O que significa que ali temos liberdade, porém com isso estão se referindo a uma economia livre. Eles entendem por economia livre não somente a liberdade de adquirir capital, mas também a reutilização do capital livremente. Querem ser livres do controle do Estado ou do povo na aquisição e uso do capital. Esta é, na verdade, a sua definição de liberdade.

E estes capitalistas criam em primeiro lugar sua própria imprensa. Falam de liberdade de imprensa. Na verdade todos os periódicos têm um dono e este, em todos os casos, é [o detentor do capital] financeiro. É este senhor que determina o conteúdo do periódico, não o redator. Se o redator quiser escrever alguma coisa diferente, que não se encaixe na opinião do dono, será despedido no dia seguinte. Essa imprensa, manipulando a opinião pública, é absolutamente sem caráter e é escrava de seus donos. E essa opinião pública criada será dividida em partidos. Esses partidos não se distinguem entre si. Vocês já conhecem os velhos partidos. É sempre a mesma coisa. São esses partidos com essa imprensa que formam a opinião pública.

Deve-se pensar que, sobretudo nesses países de liberdade e riqueza, o povo tem uma vida folgada. Porém é o contrário. Nesses países a miséria das massas é maior do que em qualquer lugar. A Inglaterra com sua riqueza controla 40 milhões de quilômetros quadrados e centenas de milhões de trabalhadores, vivendo na miséria (por exemplo, na Índia) têm que trabalhar para [sustentar tudo] isso. Deve-se pensar que se a Inglaterra cresce, então pelo menos cada um deve ser participante da riqueza. Mas, pelo contrário, nesses países a diferença entre as classes é imensa. Pobreza inimaginável de um lado e riqueza inimaginável de outro. Eles não resolveram nenhum problema. Esses países possuem a sexta parte do mundo e seus trabalhadores vivem em habitações miseráveis. Países que detêm os recursos minerais do mundo e as massas se vestem miseravelmente. Países que têm abundância de pão e todos os tipos de frutas e milhões das classes baixas não têm o suficiente para matar sua fome. Aqueles que poderiam realmente dar trabalho ao mundo estão vendo que não podem acabar com o desemprego em seus próprios países. Essa Inglaterra rica teve, por várias décadas, dois milhões e meio de desempregados. Estados Unidos, com toda sua riqueza, têm 10 a 13 milhões de desempregados a cada ano. França, oitocentos mil desempregados. Sim, meus companheiros do povo, que dizer então de nós?

Porém é compreensível que nos países com sua chamada democracia o povo nem sequer tenha atenção. O que conta é exclusivamente a existência do grupo de homens que criam a democracia. O que significa a existência de algumas centenas de grandes capitalistas que têm a posse de todas as fábricas e ações e com isso dirigem os povos. As grandes massas não lhes interessa para nada. Interessa a eles somente – e a seus partidos burgueses – quando há eleições, porque precisam dos votos. Em todo o resto são totalmente indiferentes à vida das massas. Além disso há uma diferença de educação.

Não é curioso ouvirmos agora de um deputado inglês do partido trabalhista na oposição, que por certo está financiado oficialmente pelo governo, que pretende fazer várias mudanças sociais quando a… [crise] terminar? Sobretudo que seja possível, ao trabalhador inglês, também viajar. Que fantástico que ele tenha tido a ideia que viagens não existem somente para milionários, senão também para o povo. Nós já resolvemos esse problema há muito tempo. Nesses estados em que a estrutura de sua economia domina atrás da cortina da democracia, quem domina é o egoísmo de uma camada relativamente pequena. Ninguém controla essa camada nem corrige seu curso. Por isso é compreensível se um inglês diz: “Não queremos que nosso mundo acabe”. Tem razão. Eles sabem exatamente que seu núcleo rico está ameaçado por nós. Por isso dizem com toda razão: “Se essas ideias que estão ficando populares… não forem exterminadas e eliminadas, então se consolidarão em nosso povo”.”

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