Como previsto, há mais de um ano, o PT continua avançando na sua determinação de instalar uma guerra civil fria no país. Ontem (24/05/2017) tivemos mais um episódio dessa marcha insana para sabotar o Estado democrático de direito: a manifestação bolivariana, promovida, bancada e organizada pelo Partido dos Trabalhadores, seus aliados e suas correias de transmissão no sindicalismo e nos chamados movimentos sociais, que tomou a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Não é necessária muita investigação para saber de onde está partindo tudo isso. Mais de 500 ônibus trazendo militantes de aluguel de todo o país para a capital federal (quanto custa tal logística e quem a paga?). Incitamento a partir de carros de som para o confronto com a polícia militar do DF (esta também mal-orientada, com a conivência do governador de esquerda Rodrigo Rollemberg). Resultado: depredação de prédios e equipamentos públicos, incêndios, violência, guerra mesmo.
Mas nada disso aconteceu por acaso ou como consequência da repressão de uma polícia despreparada. Essa é a desculpa padrão. Tudo isso foi planejado. Não foi uma manifestação popular, como as que vimos em 15 de março, 12 de abril, 16 de agosto de 2015 ou em 13 de março de 2016, que contaram com milhões de pessoas comuns sem que uma janela sequer fosse quebrada. Foi um ato de guerra.
Basta comparar as imagens. São duas estéticas anunciando duas éticas ou dois ethos, o da confraternização social, amigável e o do confronto, adversarial.
A coisa foi tão descarada que até o senador Humberto Costa revelou num tweet os preparativos feitos na véspera:
Sabe-se exatamente, portanto, quem organizou e como foi organizada a manifestação bolivariana de 24 de maio de 2017. Querem os nomes? Lula, Dirceu e toda a direção do PT, Vagner Freitas da CUT, João Pedro Stedile do MST, Guilherme Boulos do MTST, Carina Vitral da UNE e seus comparsas. Esses indivíduos não são políticos que praticam crimes comuns, como Cunha, Renan ou Aécio. Eles são criminosos políticos. Igualá-los em periculosidade – como fazem os jacobinos e as pessoas bem-intencionadas, mas sem discernimento político, que acreditam neles – vai nos levar para o maior desastre político da história brasileira.
Vários deles são os mesmos que aparecem na histórica foto, feita em Cuba, por ocasião das exéquias do ditador Fidel Castro. São os criminosos políticos que atentam contra a democracia no Brasil e na América Latina.
Para os que acham que todos os políticos são iguais, porque todos roubam, é bom perguntar por que é tão difícil identificar, na foto acima, um Cunha, um Renan ou um Aécio… Ou mesmo um Temer, recentemente promovido – pela armação da PGR com Fachin, ao que tudo indica com o apoio da Rede Globo – à grande bandido da galáxia (ou, quem sabe, ele possa ser o cara que está escondido atrás da coluna à direita).
O fato é que o PT – com uma ajudinha dos jacobinos de O Antagonista e até de alguns analistas mais sérios, como o Marco Antonio Villa, além da Rede Globo, é claro – conseguiu convencer legiões de idiotas de que os seus crimes políticos contra a democracia são iguais ou até menos graves do que os crimes comuns praticados pelos velhos políticos ladrões que infestam o nosso sistema representativo que apodreceu. Enquanto eles ficam preocupados em exigir a renúncia de Temer (como se isso tivesse grande importância: tirar um pato manco em fim de mandato) a marcha autocrática do PT, que realmente coloca em risco nossa democracia, avança ao largo e velozmente.
Está criada a confusão providencial para a consecução da estratégia do PT de melar o jogo. É claro que o cenário de guerra civil criado pelo PT não é para tirar Temer e sim para colocar Lula. Em primeiro lugar para arrancar na marra um palanque para o caudilho que o proteja da condenação certa em Curitiba. Em seguida, para voltar ao poder mesmo e retomar o projeto de bolivarianização do nosso regime político.
Eles não estão para brincadeira. Para o PT é tudo ou nada. Caminhamos assim, infelizmente, para uma espécie de venezuelização do Brasil. E, o que é inusitado, com apoio de parte considerável das nossas verdadeiras elites políticas e econômicas, mais preocupadas agora em arrumar um novo gerente para o condomínio do velho oligopólio, alguém – seja Jobim, Barbosa ou algum manjado cacique que não saiu do século 20 – em condições de salvar Lula e Temer do naufrágio, para manter o establishment. Zero de preocupação com a democracia.
Se as pessoas que saíram às ruas em 2015 e 2016, exigindo o impeachment de Dilma, a prisão de Lula e o fim do PT, não voltarem a se constelar em grandes enxames nas próximas semanas, é quase certo que haverá uma brutal regressão no processo democrático do Estado e da sociedade no Brasil.