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Para começar a entender quem são os bolsonaristas e “o povo” de Bolsonaro

Para investigar quem são os bolsonaristas e “o povo” de Bolsonaro podem ser aventadas quatro categorias:

1 – Bolso-hubs = dirigentes, conectores das redes descentralizadas (mais centralizadas do que distribuídas) bolsonaristas, influenciadores de primeiro grau. | Perfazem, aproximadamente, 150 pessoas (das quais conhecemos os nomes e sobrenomes: veja o anexo ao final deste texto).

2 – Bolso-militantes = influenciadores de segundo e terceiro graus, bolsominions, milicianos (sobretudo virtuais, mas não só), parte das tiazinhas mais salientes do zap e dos aposentados do pavê que acham que a política é uma espécie de religião, alguns religiosos (em maioria neopentecostais), membros de forças de segurança, policiais militares, baixa oficialidade das forças armadas, ruralistas atrasados etc. | Dentre estes, os ativistas full time podem chegar a 50 mil pessoas.

3 – Bolso-afetivos = replicadores das diretivas dos influenciadores (de primeiro e segundo graus e, às vezes, conectores de terceiro ou quarto graus), pessoas-bot, simpatizantes, apoiadores (boa parte dos 19% que declaram sempre confiar no que Bolsonaro diz ou dos 14% que acham que ele sempre se comporta de forma adequada – veja pesquisa abaixo), fiéis arrebanhados (ou gado capturado) – estes (os bolso-afetivos) são os que compõem, junto com as duas categorias acima, a força política bolsonarista propriamente dita. | Ao que tudo indica ficam em torno de 5 a 7 milhões de pessoas.

4 – Bolso-eleitores-futuríveis = prováveis eleitores de Bolsonaro em 2022, segmentos de pesquisas de opinião que declaram que Bolsonaro (ou seu governo) são Ótimo e Bom e até, em menor parte, Regular. | Não se sabe exatamente quantos são, mas (avaliando em dezembro de 2019) partiriam, hoje, de um piso de 30% do eleitorado (entretanto, como a eleição não é hoje, nada se pode dizer).

As categorias descendentes englobam as anteriores.

Examinemos as hipóteses acima à luz dos dados da pesquisa Datafolha realizada entre 5 e 6 de dezembro de 2019.

Pesquisas de opinião dificilmente são capazes de detectar o número de dirigentes ou de militantes de uma força política. Com muita engenhosidade podem captar o número de apoiadores, simpatizantes, fiéis arrebanhados ou gado capturado dentro do número de potenciais eleitores.

Antes de qualquer coisa é necessário ter atenção para uma mentira dos bolsonaristas (e lavajatistas, como O Antagonista). Os 30% de Ótimo e Bom do Datafolha não significam o “engajamento de 30% do eleitorado”. Engajamento é outra coisa (e tem mais relação com os 19% que dizem sempre confiar no que ele diz e com os 14% que acham que ele sempre se comporta de forma adequada). Ademais, nas pesquisas Datafolha, o Ótimo e Bom e o Regular em relação a Bolsonaro vêm oscilando dentro da margem de erro desde abril. Somente o Ruim e Péssimo cresceu além dessa margem (a partir de julho).

Agora talvez uma das principais conclusões da pesquisa Datafolha de 5-6/12/2019. Os dados mostram que a maioria dos brasileiros não aceita seu comportamento. Quando ele fala que tem o apoio da maioria, portanto, está simplesmente mentindo.

Outra conclusão importante da pesquisa. Os dados mostram que apenas 19% dos brasileiros confiam sempre nas declarações de Bolsonaro. Novamente: quando ele fala que tem o apoio da maioria está simplesmente mentindo.

Sobre o crescimento do Ruim e Péssimo é importante considerar as faixas de renda:

1) Cerca de 44% têm renda até 2 mínimos.

2) Outros 40% recebem entre 2 e 5 mínimos.

3) Apenas 9% da população recebem de 5 a 10 mínimos.

4) E somam 3% os que recebem mais de 10 mínimos.

Conclusão possível do gráfico abaixo: Bolsonaro é mais forte nos grupos mais minoritários. Não tem maioria e não fala por ela.

Só há um segmento que avalia o governo Bolsonaro como Ótimo e Bom por maioria: os empresários (ou os que se dizem empresários). Em todos os outros segmentos, a avaliação majoritária é Ruim ou Péssima ou Regular. Isso diz mais sobre o nosso empresariado do que sobre Bolsonaro. Se dependermos desse setor o Brasil tem um imenso passado pela frente.

Os que ganham mais de 10 salários (3% da população) são os únicos que estão na contramão das tendências de crescimento da má avaliação de Bolsonaro. Mas é daí que saem os que contratam, comandam polícias e forças armadas, legislam, acusam, defendem, julgam e falam na imprensa.

Bolsonaro é o governo de parte dos empresários, dos que ocupam posições intermediárias e superiores na hierarquia das polícias e forças armadas, dos parlamentares e executivos governamentais, dos procuradores, dos advogados atuantes, dos juízes e dos jornalistas – e, pode-se dizer, dos intelectuais em geral. Ou seja, é o governo dessa extrema-minoria (3% da população) que vai na contra-mão da imensa-maioria (de 97%) no que tange ao crescimento da avaliação negativa de Bolsonaro. Mas também pertencemos, em parte, a essa extrema-minoria, nós mesmos – que escrevemos, lemos e entendemos um artigo como este.

Do ponto de vista estritamente político, entretanto, o dado mais alarmante é que Bolsonaro continua batendo todos os recordes de Ruim e Péssimo em comparação com um ano de mandato dos governos anteriores eleitos pela primeira vez.

Continua…


Anexo

A LISTA ATUALIZADA DOS INFLUENCIADORES BOLSONARISTAS

A lista abaixo (ainda incompleta, porém mais completa do que as anteriores já surgidas) nomeia pessoas que comandam o bolsonarismo (como Bolsonaro, seus filhos e seus gurus Olavo e Bannon – não mencionado na lista – e sequazes como Filipe Martins) e pessoas que cumprem, subjetiva ou objetivamente (porque até, às vezes, sem querer professar a fé no olavismo), o papel de hubs da rede descentralizada (mais centralizada do que distribuída) bolsonarista (o que alguns chamam de “influencers”).

Inclui também alguns jornalistas que viraram objetivamente influenciadores bolsonaristas, em grande parte por antipetismo, em parte porque querem ser de direita e, na ausência de uma direita propriamente dita no Brasil, acabaram virando reacionários de extrema-direita.

A lista não inclui os lavajatistas militantes que, de um modo ou de outro, contribuíram para a vitória de Bolsonaro e continuam atuando na vertente bolsolavajatista (como, por exemplo, os praticantes do jornalismo cafajeste de O Antagonista e os militantes do movimento despolitizado Vem Pra Rua).

De qualquer modo, pode-se ver que os atores mais conhecidos não chegam a 200 pessoas (157), dentre as quais somente cerca de 100 são politicamente mais ativas, como já havia sido mapeado.

Abraham Weintraub

Allan Frutuozo

Alberto Silva (Giro de Notícias)

Alexandre Garcia (jornalista)

Alexandre Knoploch (deputado estadual PSL RJ)

Alexandre Pacheco

Allan dos Santos

Allienne da Costa Mendonça

Ana Caroline Campagnolo

Ana Paula

André Assis Barreto

André Petros Angelides Junior

Arthur Weintraub

Augusto Heleno

Augusto Nunes (jornalista)

Bárbara Te Atualizei

Belinha, a Poodle Opressora

Bene Barbosa

Bernardo Kuster

Bia Kicis

Bruna Luiza

Bruno Engler (deputado estadual PSL MG)

Bruno Garschagen

Caio Coppolla (que se diz comentarista)

Camila Abdo (uma das “divas da opressão”)

Carla Zambelli

Carlos Bolsonaro

Carlos de Freitas

Carlos Cezar

Carlos Jordy

Caroline de Toni

Célio Faria Júnior (membro do “gabinete do ódio”)

Chorote

Chris Tonietto

Claudia Wild (auxiliar de Allan dos Santos)

Claudio Humberto (jornalista)

Cleber Teixeira

Coronel Nishikawa (deputado estadual PSL SP)

Dama de Ferro

Damares Alves (trata-se de uma fundamentalista-evangélica levada ao bolsonarismo pelas circunstâncias)

Daniel Ferraz

Daniel Lopes

Daniel Silveira

Davy Albuquerque (editor do site Conexão Política)

Diego Garcia

Diego Rox

Dona Regina

Douglas Garcia (deputado estadual do PSL SP)

Edson Salomão (Direita São Paulo)

Eduardo Bolsonaro

Eduardo Matos de Alencar

Eduardo Rivotripa

Emílio Carlos (TV Nossa Senhora de Fátima)

Emilio Dalçoquio (empresário que puxou o locaute dos caminhoneiros)

Enzuh

Ernesto Araújo

Evandro F. Pontes

Fábio ClickTime

Fabio Wajngarten

Fávio Gordon

Fernanda de Salles Andrade (do site Terça Livre, de Allan dos Santos)

Fernando Lisboa (o do Vlog)

Fernando Melo

Filipe Barros (deputado federal do PSL PR)

Filipe Eduardo

Filipe Martins (o Sorocabannon, o Robespirralho, que compõe o núcleo palaciano mais íntimo da família Bolsonaro e que, na prática, coordena o chamado “gabinete do ódio” homiziado no terceiro andar do palácio do Planalto)

Filipe Trielli

Filipe Valerim (e a galera do Brasil Paralelo, que se esforça para não aparecer)

Flávio Bolsonaro

Flavio Gordon

Flavio Morgenstern (Flávio Azambuja Martins)

Flavio Rocha

Gil Diniz (o Carteiro Reaça, deputado estadual em SP)

Guilherme Fiúza (jornalista)

Gustavo Schmidt (deputado estadual do PSL RJ)

Helio Lopes

Igor Guedes

Ipojuca Pontes (jornalista)

Isentões (Thomas Queiroz?)

Italo Lorenzon

Jair Bolsonaro

Jhonatan da Silva Valencio Costa (John Valencio)

João Vinicius Manssur (advogado de Fakhoury)

Joice Hasselmann

Joaquim Teixeira

José Carlos Sepúlveda

José Márcio Opinião

José Matheus Sales Gomes (membro do “gabinete do ódio”)

Josê Nêumane (jornalista)

José Roberto Guzzo (jornalista)

Josemi de Deus

Josias Teófilo

Jouberth Souza

Leandro Ruschel

Leda Nagle (jornalista)

Left Dex

Leonardo Barros (que se identifica como “Bolsonéas”)

Leonardo Oliveira (o tal L0en, publicitário)

Letícia Catelani

Lilo VLOG

Luciano Hang (dono das Lojas Havan)

Ludmilla Lins Grilo

Luiz Camargo

Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Marcelo Brigadeiro

Marcelo Frazão

Marcelo Reis

Marcio Labre

Marco Feliciano

Marcos Falcão

Mateus Matos Diniz (membro do “gabinete do ódio”)

Maurício Costa

Mauro Fagundes

MAVinha

Meyer Nigri

Mister Romanini

Nando Moura

Nandx

Ódio do Bem (Thomas Queiroz)

Olavo de Carvalho

Onyx Lorenzoni

Osmar Stábile

Otávio Oscar Fakhoury (empresário do ramo financeiro, financiador do site Crítica Nacional e que se identifica como “milícia jacobina”)

Oswaldo Eustáquio

Patriotas

Paulo Henrique Araújo

Paula Marisa (que se identifica como “diva da opressão”)

Paulo A. Briguet

Paulo Enéas (editor do Crítica Nacional)

Percival Puggina (jornalista, digamos)

Peruvian Bot

Pri & Ma

Rafael Nogueira

Raphael Panichi

Ricardo de Aquino Salles

Ricardo Ribeiro

Ricardo Roveran

Roberto Alvim

Roger Moreira

Rose Barros

Sara Winter

Sebastião Bomfim (empresário)

SecoMAV

Silvano Silva

Silvio Grimaldo

Sophie Pieretti

Steh Papaiano (Stefanny Aparecida Ribeiro, “diva da opressão”)

Tabando o Quebru

Taiguara F. de Sousa

Tarciso Morais (Renova Mídia)

Tatiana Alvarez

Tércio Arnaud Tomaz (membro do grupo palaciano “gabinete do ódio”)

Tom Martins

Tonho Drinks

Wellington Silva Santos

Winston Ling

Yuri Vieira

Democracia como modo-de-vida: a experiência da democracia em não-países

Olavo de Carvalho e seus críticos acadêmicos