É necessário desmontar as dez principais narrativas lulopetistas para reescrever a história. Vamos lá.
1 – O fato de sempre ter havido corrupção no Brasil não significa que a corrupção sistêmica coordenada pelo PT, com objetivos estratégicos de financiar um esquema de conquista de hegemonia sobre a sociedade a partir do Estado aparelhado pelo partido, tenha sido da mesma natureza do que a corrupção endêmica na política tradicionalmente praticada por representantes eleitos e mandatários nomeados de todos os matizes nos níveis nacional, regional e local.
2 – O fato do lavajatismo ter instrumentalizado politicamente a operação Lava Jato e que essa operação tenha cometido ileglidades ou erros jurídicos processuais, não significa que não houve corrupção nos governos do PT.
3 – O fato de Moro ter sido considerado suspeito em julgamento de Lula que presidiu não significa que todas as ações jurídicas que esse juiz comandou tenham sido ilegais ou ilegítimas (sobretudo aquelas em que houve confissão e devolução de dinheiro roubado por parte dos réus).
4 – O fato de terem sido condenados e presos os principais dirigentes do PT – como Dirceu, Genoíno, Delúbio, Vaccari, Ferreira, Palocci, João Paulo, Bernardo, Lacerda, Vaccarezza, Delcídio, Vargas e Silvinho Land Rover, entre tantos e tantos outros – não significa que houve uma conspiração da direita para destruir o Partido dos Trabalhadores inculpando pessoas inocentes e que o mensalão e o petrolão não tenham existido ou tenham sido uma farsa.
5 – O fato de o impeachment de Dilma poder ser avaliado como jogo duro constitucional não significa que foi golpe de Estado, que Dilma tenha sido absolvida pela justiça dos crimes de responsabilidade que cometeu e que tenha sido vítima de uma armação das elites com o apoio dos Estados Unidos para destruir a indústria nacional.
6 – O fato das condenações de Lula terem sido anuladas por tecnicalidades jurídicas, como erro de fórum ou que seus processos tenham prescrevido em razão da idade avançada do réu, não significa que ele não tenha cometido corrupção e outros crimes ou que tenha sido inocentado pela justiça e por um (imaginário) “tribunal da ONU” por ter sido vítima de um golpe das elites contra o povo com o apoio da CIA.
7 – O fato das provas contra Lula que levaram à sua condenação pelo triplex de Guarujá terem sido frágeis não significa que ele não tenha cometido outros crimes, como as acusações relativas à propinas pagas por empreiteiras amigas supostamente disfarçadas como (falsas) palestras, às reformas do sítio de Atibaia, ao uso gracioso do apartamento contiguo ao seu em São Bernardo, à “doação” do imóvel para a construção do Instituto Lula e tantos e tantos outros delitos (mesmo quando os bens eventualmente envolvidos nesses possíveis delitos não estivessem formalmente em seu nome).
8 – O fato de Bolsonaro ter sido um presidente populista (dito de extrema-direita) muito ruim para a democracia brasileira, não significa que Lula não seja também um populista (dito de esquerda) e que seja bom do ponto de vista da democracia liberal.
9 – O fato de que a remoção eleitoral de Bolsonaro era um imperativo democrático, independentemente de quem calhou de concorrer com ele no segundo turno, não é suficiente para avalizar seu sucessor como um democrata.
10 – O fato de haver uma oposição (bolsonarista) antidemocrática não significa que a situação (lulopetista) seja democrática, que qualquer oposição, inclusive uma oposição democrática, seja neofascista e que a existência de oposição não seja necessária para o bom funcionamento da democracia.