Os antidemocratas pregam a liberdade de opinião para acabar com a liberdade de opinião e, no limite, com o próprio conceito de opinião.
Isso não é liberdade, mas o oposto da liberdade.
Enquanto, porém, se trata da defesa de uma tese teórica a democracia tolera.
Mas quando vira agitação e propaganda de uma facção visando incitar as pessoas para que destruam o único regime político fundado na liberdade de opinião (a democracia), esse comportamento não pode mais ser aceito.
Ou seja:
Liberdade de expressão não é direito de incitação à depredação das instituições democráticas que garantem a liberdade. Democracias não têm vocação para o suicídio. Não pode haver liberdade para acabar com a liberdade.
Quem prega o fechamento do judiciário e do parlamento para dar ao governo (ao executivo) um poder despótico, está defendendo o fim da democracia. A democracia coexiste com a defesa desse tese ilegítima. O que a democracia não pode admitir é a incitação golpista de pessoas para que façam isso.
Resumindo:
⭕️ Criticar o comportamento das instituições democráticas e até defender teses contra a democracia e em prol da ditadura = PODE.
? Uma facção fazer agitação e propaganda para incitar as pessoas a destruir as instituições da democracia = NÃO PODE.
Cerca de 70% dos retrocessos democráticos verificados a partir de 1990 começaram com uma suposta liberdade irrestrita de expressão individual de líderes que queriam restringir a liberdade pública. E tudo sempre começa com a retórica golpista contra as instituições da democracia.
Um caso concreto hoje em discussão no Brasil. O criminoso Roberto Jefferson:
√ Pregou a intervenção militar sob o comando de Bolsonaro.
√ Pregou a invasão do Senado.
√ Pregou a destituição dos ministros do Supremo.
Isso não é liberdade de expressão. É incitação ao golpe de Estado. É proibido na democracia.
Todos esses ataques à democracia que presenciamos hoje no Brasil têm uma única razão: o déficit de democratas. Se tivéssemos um número suficiente de agentes democráticos atuando nas instituições do Estado e da sociedade, o golpismo poderia até surgir, mas não prosperaria.
Por isso é um imperativo multiplicar os processos de aprendizagem democrática.