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Avançando para o nada ou nada

Depois de perder seu suposto monopólio sobre as manifestações de rua, deixar de ter o predomínio que tinha nas  mídias sociais, ter quase todos os seus principais dirigentes presos ou processados, sofrer o impeachment de Dilma e ser fragorosamente derrotado nas eleições de 2016, exilado para o passado (de volta para os anos 1980) pelos eleitores, o PT entrou em desespero. Não é que o partido esteja apelando para o tudo ou nada. Não! Ele está avançando neste momento para o nada ou nada.

Não é uma tática de sobrevivência. Os militantes do PT enlouqueceram mesmo. Incapazes de lidar com a realidade, eles estão construindo uma outra realidade, na qual o Brasil já seria uma ditadura, os presos pela operação Lava Jato estariam sendo torturados pelo tucano e pré-candidato Sergio Moro para incriminar Lula e impedir sua vitória eleitoral em 2018, tudo que de ruim lhes acontece não passaria de um golpe do imperialismo ianque para se apoderar do pré-sal, haveria uma aliança do mal entre interesses inconfessáveis do capitalismo internacional com as elites conservadoras e proto-fascistas que tomaram o controle do poder judiciário, estabeleceram a dominação dos verdadeiros corruptos sobre o Congresso e empossaram um presidente ilegítimo a partir de um golpe de Estado parlamentar.

De onde saem essas construções mirabolantes? Elas não surgem do nada. É quase certo que elas saiam de alguns centros dirigentes, com a participação de intelectuais (professores universitários), que se formaram paralelamente e foram financiados com dinheiro público e com dinheiro do crime durante a década em que o PT controlou o governo. Por exemplo, a chamada rede suja de sites e blogs a serviço do partido, formada por veículos como Brasil 247, Opera Mundi, Correio do Brasil, Revista Fórum, Carta Capital, Pragmatismo Político, O Cafezinho, Plantão Brasil, Conversa Afiada, GGN, Rede Brasil Atual, Diário do Centro do Mundo, Viomundo, Brasil de Fato, Caros Amigos, Carta Maior, Tijolaço, Outras Palavras, Mídia Ninja e tantos outros. Elas saem, por incrível que pareça, de grandes escritórios de advocacia que defendem os dirigentes petistas que estão sendo levados às barras dos tribunais e trabalham na linha Thomaz Bastos. Mas elas saem também da direção de corporações e movimentos sociais, como CUT, MST, MTST, UNE. Há ainda muita gente – com experiência política anterior – fabricando narrativas nesses lugares, assim como as há em numerosas organizações não-governamentais que perderam seu financiamento estatal, a começar da falsa ONG chamada Instituto Lula.

O problema, porém, não é só de onde saem as narrativas piradas que todo esse pessoal replica. O problema é que, uma vez inventadas, os petistas passam a acreditar nelas. Aqui estamos diante de uma questão que não é só política. Trata-se de um caso psiquiátrico, de possessão coletiva. A maioria das pessoas, que repete essas falsas versões, nem desconfia que elas são construídas para alimentar uma resistência antidemocrática ao governo constitucional vigente com vistas à volta do PT ao poder em 2018. E isso é o mais espantoso: essas versões, objetivamente, servem como uma resposta à desesperança dos militantes e simpatizantes do PT e da esquerda em geral. O mecanismo psico-social é semelhante ao que gerou, por volta do último século antes da Era Comum, a hipótese de recompensa em outro mundo, post-mortem, como uma resposta à desesperança dos judeus diante da evidência incontestável de que os maus viviam bem e os justos viviam mal. Não havia como resolver de outro modo esse excruciante dilema moral que assolava os fiéis. Se quem respeita a lei divina vive miseravelmente e, ainda por cima, sob o jugo de quem viola essa lei e não tem o menor respeito pelos mandamentos divinos, levando a vida numa boa, por que continuar fiel?

No fundo esse é o mesmo mecanismo que gera todas as saídas apocalípticas, inclusive as do Estado Islâmico. A possessão apocalíptica nasce sempre de uma aposta no tudo ou nada. Como o futuro previsto não se realizará a não ser no imaginário de seus militantes, isso equivale a uma aposta no nada ou nada.

É o nada ou nada que permite que a senadora-ré Gleisi Hoffmann acuse o governo de prejudicar os aposentados no Facebook, enquanto seu marido e comparsa, Paulo Bernardo, roubava esses mesmos aposentados. Mas aqui temos um agravante. O que leva alguém como Gleisi a ter esse tipo de comportamento não é apenas uma alienação cognitiva e sim uma degeneração moral. Ela sabe o que fez, o que seu companheiro fez e o que seu partido fez no verão passado. Mas como é uma pessoa que assassinou sua consciência moral, não está nem aí. Como ela temos dezenas, centenas, milhares de militantes que se desconstruíram como pessoas.

O transtorno cognitivo que permite que uma pessoa acredite que vivemos numa ditadura implantada pela CIA para saquear nossa empresa-modelo, verdadeiro orgulho nacional, a Petrobrás, logo depois de ela ter sido saqueada pelos seus correligionários, leva inexoravelmente a uma afecção moral. Tudo junto pode levar ao enlouquecimento. Mas não aquele do maluco beleza do Raul e sim à psicopatia perigosíssima do jihadista.

Há motivos para preocupação. Reduzidos a poucos milhares, homiziados em alguns guetos, os jihadistas culturais do PT podem se transformar em jihadistas físicos mesmo, capazes de ousar dar um passo da guerra civil fria que hoje travam para uma guerra de confronto violento. Sim, é possível, pois eles enlouqueceram. Perderam tudo, mas não a razão. E é por isso que enquanto não acumulam forças para tanto, revelam-se ainda mais perigosos. Estão agora, na falta de amplas massas que os ouçam e sigam, a colonizar a consciência de adolescentes e até de crianças (como já faz há décadas o MST em suas escolas de guerrilha, imitando o que fez o chavismo com suas milícias e colectivos). Os exemplos estão aí para quem quiser ver: essas ocupações de escolas pelo PT e seus aliados, configuram uma prática de molestamento ideológico.

Ou a sociedade dá um basta nesse processo, pressionando democraticamente as instituições para que tomem providências, ou vamos ter uma nova geração de jihadistas florescendo em pouco tempo no Brasil. E seu filho pode ser um deles.

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